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Religião, futebol, e política

Naçao Valente, em 08.06.22

O futebol é para os adeptos como uma religião. Não se discute na sua essência, não se contesta na sua utilidade. Aceita-se e segue-se. Como a religião, serve de refúgio a medos e frustrações. E tem, nesse aspecto, a sua função salvadora das agruras do dia-a-dia. Daí que exerça a sua influência no mundo da irracionalidade.

Como a religião tem os seus dogmas, os seus ritos, os seus cânticos, os seus santos e os seus demónios, os seus mártires. Para o adepto mais radical ,o clube que apoia é sagrado. As religiões, historicamente, têm estado na origem de grandes conflitos. O futebol dos tempos contemporâneos, e numa sociedade mais ateísta, assume esse papel.

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Num campo de futebol, o histerismo atinge o seu zénite. O espectáculo vive-se no “altar” do jogo, e nas bancadas, nas hossanas, expressas na comunhão do golo. Mas por detrás das aparências, e como a religião, é hoje um negócio muito grande. O “clero” que o domina movimenta milhões, os fiéis, directa e indirectamente, pagam.

O poder político, supostamente anti-clerical, venera o futebol. Reconhece-lhe o poder que exerce sobre as mentalidades e os comportamentos, e concede-lhe um lugar especial na estrutura do poder. Nesse sentido reconhece-lhe a sua própria hierarquia, os seus órgãos independentes, as suas leis “privadas”, a sua autonomia, que apresenta semelhanças com o feudalismo.

Teoricamente o poder político tem competências para intervir no mundo do futebol, mas na realidade não as exerce. Conhece o poder dos clubes, escudado em milhões de fiéis, que são, ao mesmo tempo eleitores. Nos regimes democráticos, os políticos sabem que o seu poder está dependente do voto, e que este pode ser influenciado por interesses clubísticos. Daí que procurem gerir com pinças, tudo o que se relaciona com futebol. Deste modo, esconde-se atrás da autonomia do desporto –rei, para não agir, ou pior, quando age, é para apoiar o sistema, como se viu na atitude do Secretário de Estado do Desporto, que merece ser designado como “persona non grata”.

Se vivêssemos num mundo perfeito, até poderia ser positiva a autonomia no desporto. A verdade é que vivemos num “mundo cão” onde impera o chico-espertismo. Assim sendo, é este que domina os órgãos do mundo da bola, estabelecendo as regras que lhes permitem governar a seu bel-prazer. 

Podem novos profetas pregar contra a situação. De imediato são acusados de hereges, e ficam a pregar no deserto. Os fiéis, mesmo quando prejudicados, acomodam-se à situação. Vomitam impropérios inconsequentes, ou aceitam-na resignados e passivos. Por isso não admira que apitos de todas as cores, tenham acontecido, e continuem a acontecer. Por isso não admira nada que os “papas” continuem a pavonear-se, alegremente, nas suas vestes douradas.

Para quando uma indignação a sério?  Para quando o fim da apatia?  O mundo feudal do futebol, necessita de uma revolução.

À margem

Sem prejuízo do que aqui debatemos e da sua importância, é preciso não esquecer que  há vida para além do desporto. A falta de leitura é um défice da nossa sociedade. Por isso aqui deixo uma modesta sugestão: INQUIETAÇÕES,  vendido pela Poesiafaclube, ou através do email, jmateus7@gmail.com.

publicado às 03:03

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8 comentários

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De Leão do Norte a 08.06.2022 às 23:51

"Pergunto-me porque razão continuo a insistir no tema."
Acomodar ou desistir nunca é a solução.

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