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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Em Dortmund, quem perdeu foi o Benfica. Pareceu que sim, mas FC Porto e Sporting não jogaram.
O jornalista Carlos Daniel perguntava ontem, na RTP, se o Benfica que jogara com o Dortmund não era o mesmo do guarda-redes Ederson e do lateral Nélson Semedo, perseguidos na maré cheia por todos os tubarões da Europa. Para completar a ideia, Jorge Costa recordou a época em que o FC Porto de António Oliveira vergou o omnipotente Milan e reentrou no radar internacional.
O futebol está mais caro e, sim, haverá quatro ou cinco equipas virtualmente inatingíveis. As meias-finais e finais da Liga dos Campeões dos últimos dez anos sugerem-nos que passou a ser um clube privado, interdito a rústicos e "underdogs" (oprimidos, na tradução literal), como chamam os americanos aos Leicesters e Moreirenses. Ser goleado nesta Champions é facílimo; já aconteceu a todos, até Barcelona, Bayern e Real Madrid. Mas o Dortmund não é um tubarão; quando muito, será uma barracuda ou outro peixe qualquer com muitos dentes que fique um degrau abaixo na escala alimentar.
É nestes momentos que o clubismo se torna realmente perigoso (tirando o risco de apoplexias ao vivo nos programas de segunda à noite), porque o esforço nacional para sossegar o Benfica vende o fatalismo: não foi o Benfica que perdeu, foi o futebol português, coitado. Era o que faltava que o Benfica perdesse sozinho e tivesse de aguentar as consequências sem as partilhar com os coperdedores FC Porto e Sporting, também derrotados na Alemanha, como todos vimos. Há 20 anos, o FC Porto fez descarrilar o Milan, que era o Barcelona de então, com um plantel sem nenhum Ederson ou Nélson Semedo a caminho do Real Madrid, do Bayern ou do Manchester United (sugeri-lo, mesmo a respeito de Jardel, seria uma piada).
Foquemo-nos nesse exemplo e façamos ao Benfica a pergunta que fazemos aos outros: que raio de brincadeira foi aquela?
Texto da autoria de José Manuel Ribeiro - jornal O Jogo
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