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Revolução tranquila

Naçao Valente, em 28.05.19

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Ponto prévio: não fui apoiante do candidato Varandas aquando das eleições. Mas foi eleito pela maioria dos votos expressos e é o presidente dos Sportinguistas. Depois da sua posse, critiquei pontualmente, algumas decisões como a contratação de um treinador sem grande currículo. Estou portanto completamente à vontade para fazer, com alguma equidistância, a análise dos primeiros meses do seu mandato.

Varandas e a sua equipa encontraram o Clube numa situação muito difícil. Tiveram de resolver, em tempo recorde, um pagamento obrigacionista, sem apoio de personalidades com influência na área bancária e com alguma hostilidade dos meios financeiros. Ousou e conseguiu com o apoio de alguns grandes investidores e de muitos adeptos, que  colocam o Sporting acima de qualquer personalidade, concretizar essa operação.

De forma discreta e em certo sentido sigilosa, como convém, resolveu os graves problemas de tesouraria e começou a saldar dívidas cujo pagamento já estava atrasado. No aspecto financeiro foi arrumando o todo da casa sem alardes e sem "foguetório". Melhor, nunca fez nenhum alarde, nem pretendeu colher louros, do relativo êxito da operação.

No plano desportivo encontrou uma equipa de futebol profissional que estava destruída. Depois de um período em que o novo treinador parecia perdido e sem soluções, começou a notar-se o seu cunho pessoal, e com um plantel com poucos "craques" deu uma nova alma a um grupo que se uniu, e com humildade e trabalho recuperou terreno, e conseguiu a proeza de conquistar dois títulos.

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No mesmo estilo sereno, Frederico Varandas e a sua equipa,  reformaram toda a estrutura, com ênfase na aposta da Academia, entregue ao desmazelo e à incompetência, durante anos. Nos oito meses de mandato, tempo demasiado curto para uma avaliação profunda e segura, podemos concluir, contudo, que o presidente está a fazer uma revolução muito tranquila, longe do "show off" inútil a que estávamos expostos.

Até  este momento parece-me certo e adequado o caminho seguido, mas muito falta fazer. O Sporting não pode querer, como os seus homólogos dos chamados grandes, dominar o "sistema", através de procedimentos ilícitos e condenáveis. 

Ao Sporting Clube de Portugal, como clube histórico e, sim, diferente, compete-lhe lutar pela libertação do "sistema", para que a justiça e a verdade possam voltar a imperar. De uma forma tranquila, mas com passos bem firmes, é o único Clube que, com mãos limpas, pode moralizar o futebol português.

A impunidade pode parecer natural e até eterna, mas um dia terá o seu fim, como outras iniquidades. Compete agora aos Sportinguistas unirem-se à volta da sua Direcção e sem divisionismos, remarem todos no mesmo sentido.

P.S.: Ontem, no seu discurso na Câmara , o dr. Varandas, deixou uma ideia que transcrevo, sem total rigor, de memória: "nós somos diferentes e mostrámos que se pode vencer sem abandonar os valores". Comprova o que escrevi e penso. Que não fique na nossa história nenhuma conquista que não seja legítima.

___________________________________________________

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Para quem gosta da minha escrita venho informar, que numa vertente ficcional, estarei a autografar, no próximo domingo, na Feira do Livro de Lisboa, entre as 16h00 e as 17h30, o meu livro "Os bons Velhacos", no pavilhão dos pequenos editores (Mosaico de Palavras), sem pseudónimo e com o nome José Mateus Gonçalves. Estão convidados. Obrigado ao Rui por me permitir a inclusão deste convite.

publicado às 02:49

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57 comentários

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De Rui (RF Hunter) a 28.05.2019 às 17:53

Qualquer que seja a direcção do SPORTING CLUBE DE PORTUGAL, entendo que não deve entrar pelo caminho da ilegalidade e da batota para atingir a glória no entanto, tem de estar nos lugares chave de tutela e de decisão e aí deve jogar o jogo que tiver de ser. Ou seja, terá de dançar ao tom da música que for, nem que não goste dessa mesma música.

Caso contrário, continuará no romantismo que tem andado há décadas e por isso, nos últimos 37 anos venceu apenas 2 campeonatos.
É inegável que o SCP perdeu nas últimas décadas força institucional e influência na esfera do futebol. Há por isso, que ter a consciência de que, para se vencer e atingir os objectivos é necessário ir à luta e não ter medo das palavras nem dos discursos, mesmo que pareçam belicistas. Afinal o futebol é uma selva e na selva ou se come logo, ou se é engolido vivo, não há segunda via.

O futebol em Portugal actualmente está demasiado doente e a sua doença maior dá pelo nome de Estado Lampiânico.
Qualquer que seja a Direcção do SPORTING C. P. não pode achar que se chega lá tendo um discurso de “beijinhos e parabéns” e pretendendo ser amiguinho e cordial com todos, o Estado Lampiânico é um problema real que, deve em meu entender, estar na ordem do dia, não pode ser descurado e é imperioso ser atacado diariamente por todos os meios.
Não sei, pois nunca vi dados nenhuns que me garantam que o Centro de Estágio e de formação do SCP esteve entregue ao desmazelo e à incompetência, durante anos.
Também não tenho dados seguros que me mostrem e garantam que a actual administração encontrou o Clube numa situação difícil ou fácil, nem sei se o SCP ao nível de tesouraria estaria assim numa situação tão difícil. Pois é, não embarco no que a jornaleiragem maioritariamente pro lampiânica praí debita…

Com o SPORTING entendo e concordo que todo o SPORTINGUISTA deve incondicionalmente estar mas, quanto à personagem que ocupa o cargo de presidente do presidente do SCP eu, já mais em vez alguma estarei ao seu lado. Não gosto de cortesãos que batem no rei depois de ele já estar morto.

Agora é desejar boas férias a todos e depois esperar que comece a próxima época e então aí, depois sim, uma avaliação séria será feita.
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De Naçao Valente a 28.05.2019 às 18:22

Rui,
O seu raciocínio parte de dois pressupostos que se resumem a um e dos quais discordo. Diz que o futebol é uma selva onde temos de comer ou ser comido.
Este pensamento é o oposto do princípio da função do desporto desde que existe. Se o futebol é uma selva está errado e o que devemos fazer é lutar para que deixe de ser. Se é uma música de que não gostamos não devemos dança-la mas mudá-la.

Na selva corremos sempre o risco de haver feras maiores que nós, e na dança quem dance melhor a música que não dançamos. Se queremos um futebol melhor não pudemos tentar ser como os vigaristas, mas trabalhar para a sua mudança.
Sobre as dificuldades que esta Direcção encontrou são reais e evidentes. Não vê quem não quer.
Não gostar deste ou de outro presidente é um direito. Nunca haverá alguém que agrade a todos. A minha avaliação é apenas pelo trabalho feito.
Retribuo as boas férias





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De Rui (RF Hunter) a 28.05.2019 às 19:37

Senhor Nação Valente

Percebo que o caro senhor entendeu bem o que eu pretendi dizer e chegar.

Se o senhor acredita de facto que o futebol não é uma selva e que, é mesmo por esse caminho que descreve que, há que seguir, então não tenho dúvidas - é mesmo um romântico em vias de extinção!

Seria um paraíso ser assim, ser tudo sério e imaculado e vencerem sempre os melhores, aqueles que o provassem apenas dentro do recinto de jogo serem os melhores mas, infelizmente, bem sabemos não é assim. Também não acredito que algum dia o seja. Sou mais realista e nada romântico. E reitero - não só mas, também em virtude desse romantismo, em 37 anos, venceu o SCP apenas duas vezes.

Cervantes, também no seu romance colocou Dom Quixote de la Mancha a lutar contra moinhos de vento e o que ganhou com isso?... Raspas!

Saudações Leoninas
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De Naçao Valente a 28.05.2019 às 20:24

Caro Rui,

Não disse que o futebol não é uma selva. O que digo é que é preciso mudar esse paradigma. Diz que não acredita e acusa-me de "romantismo" .Aceito com realismo. Se na humanidade não houvesse quem sonhasse e ousasse mudar, ainda estávamos no tempo dos moinhos de vento para não ir mais longe.
Temos perspectivas diferentes. É normal. Todos os males do mundo fossem esses.

Retribuo as saudações
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De Rui (RF Hunter) a 01.06.2019 às 17:49

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