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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Há uma cena num dos filmes de Harry Potter em que, depois de mais uma ocasião em que o azar lhe bateu à porta, em que se viu envolvido numa situação algo caricata sem ser especialmente responsável por aquele momento, em que ficou na fotografia sem ter feito por isso, Neville Longbottom questiona, com profundo lamento: “Porque é que sou sempre eu?”.
Ricardo Esgaio poderia fazer a exacta mesma pergunta. Há uma certa anti-aura a rodear o experiente jogador, uma espécie de estrelinha ao contrário. É sempre ele, mesmo quando não é ele.
O RB Leipzig-Sporting estava nos 78'. Os leões haviam empatado três minutos antes, pareciam investidos numa possível reviravolta que garantiria o play-off e permitiria então sonhar com a passagem directa aos oitavos de final da prova. Mas uma série de ressaltos, de pequenos momentos em que os visitantes ficaram sempre no lado frágil da ação, levou o lance para perto de Ricardo Esgaio.
Esgaio não foi o culpado único daquele lance. Vários colegas poderiam ter terminado com a jogada, poderiam ter vencido duelos, Poulsen poderia não ter conseguido um remate já em queda, um universo de coisas poderiam ter sido diferentes. Mas não foram.
E lá ficou Ricardo, qual Longbottom da bola, na fotografia de uma jogada decisiva, infeliz, da primeira jogada em que participou, de uma jogada em que não foi particularmente réu. “Porque é que sou sempre eu?”.
Excerto da crónica de Pedro Barata, em Tribuna Expresso
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