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502x.jpg"Eterno Domingo - o Futebol em Oito Jornadas”, Editora Lápis de Memórias, de Ricardo Namora, faz recordar o celebérrimo slogan publicitário pela caneta distinta e muito criativa de Fernando Pessoa: "primeiro estranha-se, depois entranha-se”.

É que a paixão experimentada pelo antigo futebolista e a linguagem poética do actual professor de Literatura levam-nos a uma leitura contínua, quase sempre com um afável sorriso nos lábios e a emoção no olhar. Trata-se de um livro de leitura verdadeiramente agradável e até realmente surpreendente sobre o futebol, um tema ainda pouco usual na literatura portuguesa.

Memória e sentimento. Como quando o autor recorda quase no final do livro “a criança que fui, enterrada no sofá a ouvir os relatos de futebol nessas tardes maravilhosas, desejando baixinho, e entre dentes, que o domingo fosse mesmo eterno e nunca mais acabasse”. A magia das ondas hertzianas possibilitava a ligação para aquilo que realmente importava. Então, tudo se aquietava à volta da telefonia.

Imagina-se que Ricardo Namora começou a construir a sedução das palavras no sonho de um pontapé de fora da grande área ou no malabarismo de um toque de calcanhar. Ou na imaginação do treino da sua equipa. Afinal, é o praticante do futebol como jogador e como treinador que escreve sobre o desporto-rei e as suas estruturas competitivas na Europa e na América Latina, as “pequenas histórias” que vivenciou, o grande espectáculo de massas e a atracção que ele exerce sobre os seus adeptos.

A literatura portuguesa é ainda pobre na sua relação com o futebol, ao contrário do Brasil onde muitos os escritores utilizam-no como tema. Carlos Drummond de Andrade e Nelson Rodrigues foram os primeiros, e depois muitos se seguiram. “Eterno Domingo”, como outras obras que foram publicadas nos últimos anos, constitui uma pedrada no charco e abre caminhos. É que há imensa poesia, emoção, drama e epopeia no futebol que o tornam um assunto relevante e atraente no contexto da nossa literatura.

publicado às 11:00

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5 comentários

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De ChakraIndigo a 30.04.2020 às 20:23

O Afonso Melo escreve autenticas obras primas sobre futebol.
As suas crónicas merecem um lugar de destaque como escritor.

O seus livros são uma epopeia!

Recomendo vivamente, embora possa provocar urticaria o seu benfiquismo.

Portugal em Calções
A Lenda de Jorge Bum!, com Ponto de Exclamação
Doping – A Triste Vida do Super-Homem
Cinco Escudos Azuis – A história da selecção nacional de futebol; Factos, Números e Nomes da Selecção Nacional de Futebol
Viagem em Redor do Planeta Eusébio
Não Morrerei em Buenos Aires;
Benfica-Sporting/Sporting-Benfica – 100 anos
Sonata Para 5 Violinos
Apito Dourado – As Entranhas do Polvo
O Cão ao Contrário
A Terra é um Planeta onde Existe a Inglaterra
Se Mais Mundo Houvera
As Extraordinárias Aventuras de Áfrico Barthélémy d’Souza Três Minutos Depois de Ter Morrido
Os Alegres dias do País Triste
Uma Sombra Laranja-Tigre
1966 - Homens com pressa.

Para um sportinguista, o "Sonata para Cinco Violinos", é uma obra a não perder.
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De ChakraIndigo a 30.04.2020 às 20:27

Sinopse da obra

"A linha avançada do Sporting do final dos anos 40 recitava-se como um poema: Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos e Albano. Jogaram juntos durante três anos - entre 1946 e 1949 - e ficaram conhecidos pelo nome que Tavares da Silva lhes chamou um dia na revista Stadium: "Cinco Violinos".
Nasceram da concepção de Cândido de Oliveira para tirar partido do sistema de jogo que estudou em Inglaterra e desenvolveu em Portugal, na Selecção Nacional e no Sporting: o WM.
Disputaram apenas 56 partidas (incluindo duas pela Selecção Nacional e uma pelo misto Benfica-Sporting-Belenenses) e só conheceram a derrota por nove vezes.
Mas o mais extraordinário foram os 215 golos marcados, a uma média de 3,83 por jogo! De longe a mais realizadora linha avançada da história do futebol português. Uma verdadeira máquina de fazer golos.
Golos, golos e mais golos! Assim se construiu uma lenda.
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De Leão Zargo a 30.04.2020 às 21:50

ChakraIndigo

Agradeço a sugestão de “Sonata para Cinco Violinos”. Vou procurar. Para a troca proponho “José Águas, o Meu Pai Herói”, escrito por Helena Águas, com prefácio de António Lobo Antunes.

Trata-se de uma biografia sui generis de Águas, pois é da autoria da sua filha Helena, que escreve um retrato emocionante e inspirado. Do futebolista, mas também do homem, do cidadão e do pai, para além de traçar um quadro do mundo do futebol naquela época, numa altura em que ainda não possuía a dimensão mediática e global da actualidade.
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De T. Cascais a 01.05.2020 às 03:53

LZ, só alguém com a sua estatura moral e educacional para dar uma chapada de luva branca a esse senhor benfiquista!
Aplaudo-lhe ruidosamente!

Já agora, li todos os livros aqui referenciados, não fiquei com qualquer urticária, porque o meu fairplay e a minha educação desportiva não o permitem!

Sou sportinguista de alma cheia, mas sei reconhecer méritos alheios, desde que merecidos!

Bem haja LZ

O meu abraço leonino para si e um desportivo ao senhor benfiquista!
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De Leão Zargo a 01.05.2020 às 09:01

T. Cascais

Com o ChakraIndigo houve apenas uma sugestão de troca de leituras, sem outra intenção.

Um grande abraço sportinguista para si.

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