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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Num texto publicado ontem aqui no Camarote Leonino, Rui Gomes questionou os leitores se Rúben Amorim poderá ser o nosso Alex Ferguson e se é possível estabelecer alguma comparação entre ambos. Esta pergunta suscitou-me uma recordação que me acompanha desde a juventude na década de 1960: treinadores que provocaram grande entusiasmo ou consenso entre os sportinguistas, e que foram campeões nacionais, passado pouco tempo saíram do Clube perante a quase indiferença dos adeptos sportinguistas. Trata-se de um problema antigo e que tem origem nos anos 50 do século passado.
Na verdade, treinadores que foram campeões nacionais permaneceram pouco mais tempo no Sporting, por vontade deles ou por decisão dos dirigentes. Haverá razões para isso, algumas conhecidas, outras não, mas foi o que se passou com Tavares da Silva e Joseph Szabó campeões em 1954, Enrique Fernandez em 1958, Juca em 1962 (completou a época seguinte e voltou a treinar mais tarde o Sporting), Otto Glória e Juca em 1966, Fernando Vaz em 1970 (completou a época seguinte), Mário Lino em 1974, Fernando Mendes em 1980, Malcolm Allison em 1982, Augusto Inácio em 2000 e Ladislau Bölöni em 2002 (completou a época seguinte). Em 70 anos, apenas três treinadores, que foram campeões nacionais, permaneceram em toda a época que se seguiu ao título e só Rúben Amorim teve o “privilégio” de permanecer mais duas épocas completas.
É caso para pensar que tanta “chicotada psicológica” teve efeitos perversos no Clube. Com Rúben Amorim há uma oportunidade excepcional de estabelecer finalmente estabilidade na orientação técnica da equipa principal e aguardar com alguma paciência e confiança que surjam os resultados que se exigem a um treinador sportinguista. Ele é ainda jovem, conhecedor, ambicioso, vencedor, com invulgar capacidade de liderança e de comunicação e com provas dadas. Tem a confiança dos dirigentes e da maioria dos adeptos e deseja permanecer com um projecto a médio prazo para o Sporting. O futuro ninguém conhece, no futebol os imponderáveis são mais do que muitos, a racionalidade é pouca e a emoção anda à solta. Mas, talvez com Rúben Amorim o Sporting tenha alguém que construa uma equipa e um modelo de jogo, e que marque um período temporal como Joseph Szabó e Cândido Oliveira fizeram na década de 1940.
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