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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O seu a seu dono. A frase do título foi proferida por um membro do júri de avaliação de uma tese de mestrado, em defesa da mesma tese. A frase completa foi: “só Deus é perfeito, mas não escreve teses”.
Aplicando este pensamento ao futebol, com a devida vénia, seria: "só Deus é perfeito, mas não joga à bola".
Não há nenhum clube de futebol, tanto aqui ou na Cochinchina, que jogue sempre bem, e até que ganhe sempre. O futebol é, pode ser, um espectáculo. Mas é esse o seu principal objectivo? Não me parece. O principal objectivo é só ganhar. O que fica de um jogo, de um campeonato, depois de assentar toda a poeira, é o resultado. O êxito no futebol mede-se por perder e ganhar.
Qualquer adepto que não esteja de má-fé sabe bem isso. Claro que os adeptos preferem ver bons espectáculos dentro do campo e com nota artística. Mas jogar bem e acabar a perder, não entusiasma nada o adepto do clube que perde. Faz parte do ADN da natureza humana, festejar vitórias e não derrotas.
Por outro lado, os executantes do jogo chamado futebol, são pessoas como todos nós, com virtudes e defeitos. É verdade que têm uma apetência especial para essa tarefa, e são pagos acima da média, mas naturalmente não deixam de cometer erros. Têm dias em que tudo corre bem, e outros nem por isso. Na disputa de um jogo há sempre imponderáveis.
O Sporting partiu para esta temporada com uma equipa constituída por jovens vindos da formação, e por algumas aquisições, com potencial, mas sem o rótulo de craques. A equipa técnica afina pela mesma diapasão. Em comparação com os adversários mais directos, não está no mesmo patamar, em função do dinheiro investido no plantel.
E no entanto, está no primeiro lugar. Quem se atreveria a dizê-lo no início da campanha? Creio que nem o adepto mais optimista! E de tal modo surpreendeu tudo e todos, que a opinião especializada inventa justificações à dúzia, para aquilo que consideram uma quase impossibilidade.
O que não se deve é pedir a esta equipa a perfeição que não se exige a outras, que possuem condições para serem mais competentes. O que não se pode é exigir o céu, quando vivemos na terra. O que é totalmente inadmissível é arrasar estes jovens por, apesar de ganharem, fazerem um jogo menos conseguido. O que me parece ainda mais suicida é serem “ditos” sportinguistas a fazê-lo. O que se pode exigir é trabalho, empenho, determinação. O que se deve dar, é apoio, serenidade, compreensão.
Esta equipa, surpreendentemente, está no primeiro lugar. Não podemos saber como estará no fim de uma prova longa, e que ainda está no início. O que sabemos é que esta equipa deve bater-se para ganhar cada jogo que disputa. Por sua vontade, com humildade, creio que o tentará fazer. Se o vai conseguir ou não, o tempo dirá.
Aconteça o que acontecer, estou convicto que estes jovens darão tudo o que podem e sabem para honrar a camisola de leão ao peito que envergam. Mas são humanos, não são deuses. Estes, dado que não jogam à bola, o que podem fazer é protegê-los, porque, como se costuma dizer... protegem os audazes.
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