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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
No decurso do mês de Abril sócios do Sporting foram ouvidos no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP), no Campus de Justiça em Lisboa, com a finalidade serem interrogados e constituídos como arguidos. Todos eles foram notificados através de carta do Ministério Público (MP).
A queixa foi apresentada no MP por Bruno Miguel Azevedo Gaspar de Carvalho em virtude do que terá sido escrito nas redes sociais pelas pessoas em causa.
O que é possível saber decorre de escassa informação na imprensa ou nas redes sociais. Parece que um manto de silêncio e omissão se abateu sobre esta invulgar situação em que estão envolvidos sócios do nosso clube.
Defendo o direito ao bom nome de qualquer pessoa. É um direito inquestionável e inalienável. No entanto, identifico algumas “zonas cinzentas” que não consigo ver esclarecidas:
- Não consegui perceber se Bruno de Carvalho apresentou a queixa na condição de cidadão ou de presidente do Sporting. Não é irrelevante saber quem recorreu ao MP, o cidadão ou o presidente.
- Consta que a queixa foi redigida pelo dr. Pedro Solano de Almeida, advogado que integra o gabinete jurídico do Sporting. Sendo assim, coloca-se a questão de quem o remunera neste acto processual, se o cidadão Bruno de Carvalho ou se o Sporting Clube de Portugal.
- Os respondentes foram contactados por correio. Aparentemente pode-se concluir que foram utilizadas as fichas de sócio do clube para consulta da identificação completa e das respectivas moradas com fins judiciais. Se, de facto, foram utilizadas as fichas de sócio parece haver exorbitação de competências, considerando os termos da proposta para inscrição como sócio onde se estabelece a finalidade dos dados pessoais que são fornecidos pelos candidatos.
- Os respondentes foram confrontados com a leitura feita por funcionários do DIAP de "print screens" de redes sociais, nomeadamente blogues e facebook. Quero acreditar que este trabalho não foi realizado por funcionários do Sporting Clube de Portugal no seu horário de trabalho, pois poderia configurar abuso de serviço prestado por pessoas remuneradas pelo clube. E, por ironia, em consequência remuneradas pelos próprios sócios convocados pelo MP, o que também se poderá verificar com o dr. Pedro Solano de Almeida.
Quando Bruno de Carvalho se candidatou à presidência do Sporting Clube de Portugal referiu-se à necessidade de transparência nos actos do clube. Neste caso dos sócios do Sporting que foram processados e convocados pelo MP impera um nevoeiro bastante cerrado. Nem se sabe quantos serão, primeiro falou-se em trinta e um, alguns nomes constaram nas redes sociais, depois que, afinal, seriam menos. Impera a mais absoluta falta de transparência.
Numa sociedade democrática, tal como num clube desportivo democrático, a possibilidade de opinar de forma livre e com espírito crítico constitui uma salvaguarda relativamente ao presente, mas também ao futuro. Unanimismos e caudilhismos de qualquer espécie não permitem que, permanentemente, se descortinem as melhores soluções para o Sporting num caminho já enxameado de pedras.
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