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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A opinião de Carlos Coelho, Presidente da Ivity Brand Corp e da Associação Portugal Genial.
Goste-se ou não, o futebol é uma marca estruturante do nosso tecido identitário. As marcas dos clubes representam, para além de golos, formas de estar, exemplos, valores, espaços de extroversão e paixão, como poucas marcas comerciais conseguem ser.
O Sporting é um destes redutos. É contudo uma marca ferida nas últimas décadas pela óbvia ausência de resultados consistentes no futebol, mas orgulhosa dos seus valores fundacionais – Esforço, Dedicação, Devoção e Glória – de José Alvalade e do seu Leão rompante. São mais de 20 000 títulos em diversas modalidades. O quinto clube do mundo com mais sócios, 150 mil membros. É a marca desportiva portuguesa com mais medalhas olímpicas, a primeira a fornecedor um jogador de futebol à selecção da Europa – Peyroteo, e o único clube do mundo a formar dois dos melhores jogadores de futebol de sempre: Luís Figo e Cristiano Ronaldo.
O Sporting Clube de Portugal é uma marca centenária, por seu lado Bruno de Carvalho é uma marca recente, inflamável, mais adepta que presidencial. Capaz de organizar as contas e de unir claques, mas de desorganizar os princípios. Uma marca que alimenta o fogo de vencer com gasolina de instigação. Uma marca que se tem organizado em torno da promessa de resultados e não de valores. Uma marca facebookiana. Que ama o Sporting, mas que gere como se fora ele que o estivesse a inventar, empossando-se de agir com o leão de si próprio e não com o espírito Leonino que deveria representar.
O que se coloca nesta análise não é de natureza desportiva. A questão surge quando a marca de um gestor se sobrepõe à marca da instituição que gere. Quando assim acontece, ou existe uma plena harmonia entre marcas, instituição e pessoa, ou o desalinhamento acabará por resultar num fracturante conflito, que acabará por enfraquecer ambas as partes.
Pela evidência à vista, Sporting e Bruno de Carvalho são hoje duas marcas desalinhadas que se incompatibilizaram, ou que talvez nunca tenham sido compatíveis. Pontapear uma marca alegando amor é o último reduto de quem está perdido no sentir profundo de um clube, que naturalmente quer ganhar, mas que acima de tudo não quer perder a sua dignidade, o seu respeito, a sua educação, a sua marca. Deixo uma nota final a todos os dirigentes de clubes de Portugal que tantas vezes insistem em dar tão maus exemplos ao país. Que marca querem deixar para as gerações futuras. Ser só bola?
***Agradecemos a gentileza da referência ao leitor LEÃO DA GUIA
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