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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Há algo de surpreendente na actuação de Bruno de Carvalho como presidente do Sporting. Todos nos recordamos da sua auto-suficiência no momento da candidatura. Era a capacidade decisória, os conhecimentos, a experiência empresarial, os investidores… quando alguma coisa parecia falhar, falava grosso aos transeuntes e metia os opositores num saco. Tudo estava previsto, até o 3º elemento que não podia ser identificado porque sofreria sanções.
Bruno de Carvalho foi eleito e o tempo correu célere, o “execrável Ricciardi” foi promovido a “amigo Ricciardi”, idem aspas para Álvaro Sobrinho, fez-se a reestruturação financeira que estava na gaveta de Godinho Lopes, lançou-se a celebrada Auditoria no meio de gritos de prisão e outras coisas do género, enviaram-se receitas de Viagra para quem se dizia necessitar, bombardeou-se por aqui e por acolá…
Agora, no começo do terceiro ano que está sentado na sua cadeira de sonho, até parece que Bruno de Carvalho perdeu o sentido daquilo que é táctico do que é estratégico. Procura patrocinador mas proclama que o futebol é um “subsistema de ilegalidade”, critica a gestão de Godinho Lopes mas, igualmente, investe no limite para multiplicar os dividendos, a equipa preparava-se para uma eliminatória crucial mas afirmou que se não se passar à fase de grupos da Champions que o plantel será revisto, desanca na UEFA via facebook mas não recorre à diplomacia adequada e efectiva, lamenta o insucesso no play-off mas assistiu sem mexer uma palha aos assobios ao hino da Champions, a Liga Europa pode prestigiar o Sporting na esfera internacional mas a mesma competição é desvalorizada, é assalariado do Sporting mas acusa o futebol de ser um “paraíso do delito”. Mais uma vez recorreu ao facebook e foi buscar a conversa sobre a trampa.
Muitos sportinguistas elogiam a forma como o Presidente vive e gosta de defender o Clube, mas não aceitam as atitudes desprestigiantes que assume. Há quem elogie a paixão com que se refere ao Sporting, mas muitos consideram que obsessões retiram o discernimento. Acredito que um dia os sportinguistas voltarão a ter uma relação normal com aquele que presidir aos destinos do Clube, mas para isso será necessário deixar passar, pelo menos, uma geração. Receio que esta lógica primária dos “bons" e dos "maus" de um e do outro lado, com pouco ou nada pelo meio, terá consequências devastadoras. No entanto, um dia, os sportinguistas redescobrirão na matriz leonina uma forma de inter-relacionamento sem recurso a cartilhas de ocasião sobre verdades absolutas nem trarão na algibeira um livrinho com as citações do Mestre, pois recordarão que o dogmatismo inquestionável, em todas as ocasiões e lugares, impediu a adopção de boas práticas e de decisões acertadas.
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