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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Instado a comentar o comunicado do Sporting CP sobre o jogo e subsequentes incidentes no Dragão, o treinador do clube do Norte - o arruaceiro-mor do futebol português - rejeitou a acusação de tentativa de agressão a Frederico Varandas que lhe foi dirigida na missiva.
Limitou-se a admitir que lhe "mandou uma boca" mas que "nem sequer se chegou perto do presidente e de outros elementos do Sporting", acrescentando que as acusações que lhe foram dirigidas são um "claro caso de aproveitamento da imagem aguerrida" que tem.
Muito além da credibilidade do treinador azul e branco valer exactamente zero, não era de esperar que ele viesse a público confessar que tentou agredir o presidente do Sporting.
Recorde-se que as divergências entre Sérgio Conceição e Frederico Varandas são antigas, como se verificou na final da edição de 2019 da Taça de Portugal, quando ele deixou o presidente sportinguista de mão estendida, na hora de receber as medalhas.
A reacção de José Maria Ricciardi - em telefonema à SIC Notícias - às acusações de Bruno de Carvalho na conferência de imprensa que teve lugar esta tarde, em Alvalade:
"São muito lamentáveis estas declarações de Bruno de Carvalho, que além de acusar os jornalistas de terem um comportamento vil, até chega ao baixo nível de dizer que os tristes acontecimentos em Alcochete foram provocados pelos próprios jogadores.
As declarações sobre mim são um verdadeiro elogio para mim.
Só vejo dois destinos: um deles é ser arrastado nas investigações criminais graves que envolvem o Sporting; o segundo é ser internado numa instituição psiquiátrica, que penso que também tem de ser considerado.
Não falo com Sobrinho há alguns anos e limitei-me apenas a falar dos riscos que o clube atravessa. Não estou por detrás de nenhuma cabala."
É de prever que a conversa não vai ficar por aqui.
Deplorável enquadramento para começar a época, uma autêntica novela carnavalesca em que só o Sporting pode sair prejudicado. Tudo começou com uma entrevista de Octávio Machado à CMTV, dirigindo determinadas acusações a Bruno de Carvalho, claramente denotando a sua animosidade pela forma como saiu ou foi obrigado a sair da estrutura de futebol do Sporting.
Ficou por explicar o que levou o ex-dirigente a abordar a situação nesta altura, mas, de qualquer modo, Bruno de Carvalho em vez de lidar com o caso com maturidade e sensatez, deixou o ego controlar o seu cérebro - como quase sempre, aliás - e acabou por incendiar o que era perfeitamente evitável e muito indesejável.
Octávio Machado, como era de esperar, reagiu com violência verbal às declarações do presidente na Sporting TV:
"Bruno de Carvalho é um passarinho, tem que aprender"
"O Dr. Varandas que encontre alguém especialista em áreas mentais e que trate dele"
"Bruno de Carvalho não é um leão, é um gatinho, miau miau"
"Caiu no futebol de paraquedas e nunca teve sucesso na vida"
"Bruno de Carvalho tem ciúmes de Jorge Jesus e inveja do que os jogadores ganham"
"Hoje em dia presidentes representam os clubes em discotecas e depois até houve escaramuça"
"Bruno de Carvalho até chegou à conclusão que é fácil roubar clubes"
"Jogam à bola nos corredores antes da equipa entrar em campo"
"Evolução é estar no banco a ver hóquei e andebol no telemóvel e a mandar mensagens"
Há razões para crer que isto não vai ficar por aqui. Uma situação deplorável em que mais uma vez o Sporting é completamente desrespeitado por pessoas que deviam ter uma postura digna e exercer o bom senso.
Sem nunca se referir ao Sporting ou a Bruno de Carvalho, Luís Filipe Vieira lamentou o panorama de "conflito" que se está a instalar no seio do futebol nacional, e promete ir até às últimas instâncias na defesa das acusações que têm vindo do outro lado da Segunda Circular, exortando, até, o presidente da Liga de Clubes a intervir no assunto:
«O presidente da Liga deve saber que o exercício do poder tem de ser efectivo, que tem de exercer com determinação o poder que lhe foi conferido. E isso implica a necessidade de responsabilizar e punir aqueles que diariamente insistem em manipular factos, insinuar e desvalorizar a Liga portuguesa. Se alguém tem razões de queixa do Benfica ou de outro clube qualquer que as apresente às instâncias competentes e espere. Deixem de deslumbrar-se com os microfones, respeitem o futebol português e quem nele investe. As palavras têm consequências, e essas consequências vão chegar. Não vamos andar a gritar a nossa razão, vamos apenas reclamá-la onde o devemos fazer", atirou, esta quinta-feira, no Estádio da Luz.»
«Num tempo em que, cada vez mais, os clubes nacionais vão ter de ir à procura de patrocinadores internacionais, em que é preciso credibilizar a Liga portuguesa, em que é preciso valorizá-la, não contem com o Benfica ou com o seu presidente para fazer exactamente o contrário. Uma postura permanente de suspeição, de guerrilha, de conflito não prejudica o Benfica, prejudica todo o futebol português. A conjuntura hoje não é a mesma de há 10 anos. O nosso futebol precisa, cada vez mais, de se credibilizar, de atrair investimento estrangeiro. Mas não se atrai esse investimento desvalorizando diariamente o 'produto'. Não esperem atrair patrocinadores para a Liga portuguesa ou para os nossos clubes acenando diariamente com insinuações e calúnias que lançam um manto de suspeição injustificado e altamente penalizador.»
«A credibilidade do clube e a sua defesa não se fazem aos gritos. Porque a razão não está naqueles que mais gritam, a razão não se ganha na praça pública. Ou temos ou não temos razão. E, se precisamos de estar permanentemente aos gritos, é porque não existe razão naquilo que gritamos.»
Entrámos no novo ano mas, pelos vistos, nada mudou, face à ordinarice de José Eduardo em insistir em alimentar a polémica e a fomentar a destabilização do Sporting. Pior ainda, com a cumplicidade do presidente do Clube. Embora se desconheça os pareceres de cada um dos elementos do Conselho Directivo, a sua cumplicidade assenta-se no seu silêncio e na óbvia permissão que concedem a Bruno de Carvalho para agir e falar em nome de todos. Mais não são do que criados de libré ao serviço do presidente, sem voz activa sobre os destinos do Clube, contrário ao mandato que lhes foi confiado pelos sócios do Sporting.
Em nova entrevista à RTP Informação, no primeiro dia de 2015, José Eduardo surgiu a reafirmar as acusações que já tinha dirigido a Marco Silva:
«Continuo a achar que Marco Silva é um bom treinador, no campo, a nível desportivo. Há uma outra parte que faz parte do projecto do Sporting que Marco Silva não segue. O projecto do clube é claro que passa pela estabilidade financeira, fazendo o aproveitamento da Academia, apostando em jogadores sem serem de grande cartel. É esse o projecto. O que tem acontecido, é que sucessivamente, durante todas as semanas, têm surgido notícias sobre a necessidade de contratar novos jogadores. O Marco é bom treinador. Adorei o trabalho dele no Estoril. Fui um dos mais entusiastas aquando da vinda dele. Não gosto do projecto pessoal do Marco Silva, da agenda dele, que não tem nada a ver com o projecto do Sporting. O Marco Silva não pode ter um projecto antagónico ao do Sporting. Sei que tem pelas notícias que vão surgindo e pelas conferências de imprensa que dá.
Tive uma conversa com o presidente porque não podia fazer uma acusação destas sem falar com o presidente. E mais, até tentei falar com o Marco Silva. Sou independente. Não sou pau mandado de ninguém. Sou a favor de Bruno de Carvalho que tem feito um bom trabalho. No dia em que não estiver a fazê-lo, não serei. Há uma agenda própria de um treinador, seja com quem for, seja com o empresário, com apoio de outras entidades, para arranjar forma para demitir este presidente.»
Em tudo isto há uma questão que me fascina, pelo negativo, e que até não compreendo: mas, ao fim e ao cabo, quem é este insignificante personagem, no real contexto das coisas, para que a Direcção e o presidente do Sporting lhe concedam o palco, e o respectivo apoio, para fomentar a destabilização do Clube que passam por representar e defender ?
A insistir por este caminho, acho que se aproxima o momento de os sócios convocarem uma assembleia geral - e não aquela que o presidente disse que iria convocar - para exigir explicações satisfatórias. Há aqui algo que ultrapassa os melhores interesses do Sporting Clube de Portugal.
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