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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A Assembleia da Liga Portugal foi interrompida esta sexta-feira, entre insultos e ameaças de ajuste de contas fora da sede do organismo, após Bruno Mascarenhas, representante do Sporting, ter criticado a participação de Paulo Gonçalves, arguido no processo E-toupeira, como representante do Benfica:
"É lamentável que depois dos vouchers e e-mails e toupeiras o Benfica tivesse mandado este representante à AG da Liga".
O visado terá começado por se remeter ao silêncio, tendo saído em sua defesa António Salvador. O clima aqueceu, quando o presidente do Sporting de Braga respondeu ao enviado leonino. “Este senhor é igual ao seu presidente, uma vergonha”, terá dito, numa alusão ao ausente Bruno de Carvalho.
Entre muita tensão e vários insultos mútuos, Paulo Gonçalves resolveu agir e terá mesmo ameaçado Mascarenhas com promessas de ajuste de contas fora da sede da Liga.
Foi o ponto final na reunião que voltou a deixar de fora da agenda a prometida e sempre adiada subida do Gil Vicente à 1ª Liga.
A decisão do Benfica - ou seja, de Luís Filipe Vieira - de se fazer representar pelo acima referido personagem, foi deliberada, sem margem para dúvidas. Além da óbvia insensatez, uma clara demonstração do desrespeito "encarnado" pelo futebol português.
Somos críticos do Conselho Directivo de Bruno de Carvalho, e em particular de Bruno Mascarenhas, mas neste caso concreto a razão está do seu lado e fez bem em dar destaque à situação na Assembleia Geral da Liga.
Já António Salvador, perdeu uma boa oportunidade para não evidenciar, mais uma vez, as duas caras que o figuram na resolução dos problemas que afectam o futebol nacional. Mas mais não é de esperar, lamentavelmente!
Na Assembleia Geral extraordinária da Liga que se realiza esta quarta-feira, é esperado que Sporting e Benfica votem contra a extinção da Comissão de Instrução e Inquéritos (CII), questão há muito tempo colocada na agenda pelo FC Porto, assim como contra o afastamento da actual presidente da CII, Cláudia Santos.
A CII - um dos poucos órgãos considerados verdadeiramente independentes da vontade dos clubes - só poderá ser extinta no decorrer da época se reunir a unanimidade dos votos dos sócios, o que não será permitido, espera-se, pelos dois rivais de Lisboa.
Qual é o objectivo do FC Porto ?... Tão simples como transparente: com a extinção do CII, os seus poderes passam para o novo Conselho Jurisdicional da Liga, liderado por Américo Esteves, próximo do FC Porto, ou para o Conselho de Disciplina da FPF, presidido por Herculano Lima, que também é próximo do clube do Norte, tal como Santos Guerra, líder do Conselho de Justiça.
A motivação do FC Porto é assente no número de decisões da CII em que o clube foi condenado com penas que depois foram atenuadas pelo Conselho de Disciplina ou pelo Conselho de Justiça. Um desses casos foi o atraso na Taça da Liga, em 2013/14 (jogo contra o Marítimo). A CII determinou que os portistas agiram "dolosamente e com intenção de causar prejuízos a terceiros" - Sporting, que jogava à mesma hora - e aplicou a pena de derrota, pelo que o Sporting continuaria na competição. O FC Porto recorreu para o CD, que alterou a pena de derrota para multa de 383 euros. O Sporting recorreu para o CJ, que manteve a sanção do CD frisou que tinha havido "dolo" no atraso da partida, mas sem intencionalidade.
Dois outros exemplos:
- Na época de 2012/13, a CII condenou o FC Porto com derrota e subtracção de pontos por ter utilizado três jogadores numa partida da Taça da Liga menos de 72 horas depois de terem jogado na equipa B. O CD da Federação absolveu o clube.
- Em 2013/14, o FC Porto foi condenado pela CII com a interdição do Dragão (1 a 3 jogos) por desrespeito a uma ordem da PSP. O Conselho de Disciplina da FPF revogou a pena e apenas multou um director portista em 170 euros.
Assim funcionam os corredores do poder do futebol português e não é a gritar às quatro paredes nem a dar entrevistas 24/7 que esta situação maligna vai ser rectificada. Neste caso concreto da Assembleia Geral de hoje, a união de votos do Sporting e Benfica é decisiva.
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