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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A Liga de clubes agendou, para 15 de Junho, a Assembleia Geral extraordinária que vai decidir como será feita a integração do Gil Vicente no campeonato principal, na sequência da decisão judicial sobre o "Caso Mateus".
Em comunicado, a Liga convocou uma Assembleia Geral extraordinária que terá na ordem de trabalhos a "apreciação, discussão e votação dos critérios para a integração da Gil Vicente Futebol Clube na Liga, em cumprimento da decisão proferida pelo Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa no âmbito do processo comummente designado Caso Mateus, bem como de composição dos quadros competitivos e regime de subidas e descidas das competições profissionais".
Com a inclusão do Gil Vicente, a Liga deverá incluir 20 equipas na próxima época. Está em aberto, ainda, qual o critério para definir que outra equipa vai subir administrativamente, assim como o modo como se fará, posteriormente, o reajuste para retomar o actual formato da I Liga, que prevê apenas 18 equipas.
Parece-me que a opção mais justa e adequada é a recuperação do União da Madeira, que se classificou em 17.º lugar, com 29 pontos, mais 4 do que a despromovida Académica. No entanto, a Associação de Futebol do Algarve está a promover a realização de um "play-off" especial para determinar o clube que acompanhará o Gil Vicente na integração na I Liga. Isto, compreende-se, porque o Portimonense foi o 4.º classificado da II Liga, depois do Chaves e Feirense, já promovidos.
Por muito agradável que fosse ter um clube algarvio no campeonato - e não há garantia alguma que venceriam o "play-off", caso se realizasse - acho que não faz grande sentido. Contudo, estamos a falar do futebol português onde tudo é possível e se a questão for a votos na Assembleia Geral da Liga, não surpreenderá verificar que outros interesses virão à superfície quanto à tomada de decisão e, até, haverão aqueles que olham com agrado a redução de viagens para a Madeira, já para não evocar aqueles dias de nevoeiro que perturbam o agendamento de jogos.
Muito mais complexo será a determinação do processo que facultará o regresso da I Liga a 18 clubes, na época de 2017/18, partindo do princípio que este é um objectivo prioritário tanto da Liga como da Federação. Qualquer que seja o processo, terá impacte óbvio e imediato nas duas principais Ligas portuguesas.
Já escrevi vários textos sobre o "Caso Mateus" e afins, e ainda não consigo ultrapassar a incredibilidade de ter levado dez anos a chegar a este ponto. E, não querendo lançar ideias, tudo isto poderia ainda ficar sem efeito imediato, caso o Belenenses - a outra parte do "Caso" - decidisse recorrer da decisão do Tribunal Administrativo de Lisboa.
Dizer que é um caso "Made only in Portugal" é dizer muito pouco.
Não é invulgar o presidente da UEFA surgir com ideias inovadoras; o mais difícil é separar o joio do trigo, ou seja, determinar se a sua visão sobre o futebol visa genuinamente o melhoramento do mesmo, se pretende somente aprazer os interesses múltiplos associados à indústria, ou se, no final do dia, trata-se apenas de mais uma estratégia para marcar pontos, atendendo à sua conhecida ambição em vir ocupar o trono soberano do organismo que superintende o futebol mundial.
Ainda não há muito tempo discursou sobre a possibilidade de selecções sul-americanas viram a participar no Campeonato da Europa, a convite da UEFA. Mais recente, divulgou que está sob estudo a possibilidade da criação de uma competição tipo "Champions" para selecções e, esta segunda-feira, sugeriu o aumento do número de selecções na fase final Campeonato do Mundo, de 32 para 40, constituindo, para o efeito, oito grupos de cinco selecções cada. Esta disposição, segundo Platini, apenas adicionaria três dias à competição e permitiria uma maior distribuição entre selecções de África, Ásia, Oceânia e América do Norte, cujas confederações têm actualmente o número mais reduzido de vagas relativamente à Europa.
Será mera coincidência, decerto, que esta sua sugestão surge dois dias depois de Joseph Blatter - actual presidente da FIFA - ter abordado precisamente a mesma temática, no exacto mesmo sentido.
É difícil, à distância e sem dispor das relevantes estatísticas, avaliar uma proposição desta natureza. Os três dias adicionais de competição não apresentam um obstáculo de maior dificuldade, já a qualidade das equipas (selecções) que se irão apresentar na fase final, é uma contenda que exige cuidadosa ponderação. Se a Europa domina o leque de candidaturas ao título Mundial é apenas e tão só porque salvo casos excepcionais - a exemplo do Brasil - é na Europa que se encontra o maior número de selecções de alta qualidade por confederação e é precisamente no velho continente que a maior dificuldade é sentida para assegurar a qualificação para a fase final da competição. Qualquer sugestão que visa um alargamento para as acima referidas confederações não deve ocorrer em detrimento das selecções da UEFA e, a bem dizer, duvido que seja isso que Michel Platini terá em mente.
Como muito do que ocorre na sociedade portuguesa, em geral, verifica-se, de igual modo ou pior ainda, no futebol português. Num lado da balança temos «Lei» - «Justiça» - «Democracia» - «Senso Comum» e «Opinião Pública», do outro, «Corrupção» - «Caios» - «Política» e «Leis para fins lucrativos». Como a Justiça não funciona, há que premiar os pecadores, por todos os meios ao alcance:
A Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional aprovou ontem o alargamento da I Liga para 18 clubes - já a partir da próxima época - de modo a permitir a inclusão do Boavista. Para o efeito, vai recorrer à velha e notória «liguilha» - entre os dois últimos classificados da I Liga e o terceiro e quarto da II Liga - para apurar o clube que irá preencher a 18.ª vaga - o Boavista ocupará, automaticamente, a 17.ª.
A proposta do Executivo da LPFP foi aprovada com 29 votos a favor, 13 contra e quatro abstenções. Para o processo, os clubes da I Liga têm direito a dois votos cada, e os da II Liga a um voto.
Preza-me verificar que o Sporting Clube de Portugal votou contra a proposta, tanto no Conselho de Presidentes como na Assembleia Geral extraordinária. Além de não abordar a temática pertinente ao clube do Bessa, a «liguilha» parece-me ridícula, já que seria suficiente promover o terceiro classificado da II Liga, em vez de premiar os dois últimos da I Liga que estão, pelas regras da competição, condenados à despromoção. Mas isto é a lógica e o bom senso, pelo menos na minha óptica, elementos totalmente não relacionados com um processo em que interesses vários são a preeminente consideração.
O documento será agora submetido à Federação Portuguesa de Portugal para ratificação e em linha com a mesma ordem de ideias, não se prevê quaisquer impedimentos.
Entretanto, já este domingo, o Marítimo solicitou esclarecimentos ao Conselho de Justiça da FPF sobre as consequências do acórdão de 17 de Junho de 2009, que confirma a aplicação da sanção de descida de divisão da Boavista SAD, considerando que essa é final e definitiva e que constitui um julgado desportivo.
Na Assembleia Geral extraordinária a ser realizada este sábado, Mário Figueiredo, presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, vai apresentar uma proposta no sentido de alargar a competição a 18 clubes, para acolher o Boavista (nem me vou dar ao incómodo de abordar a decisão da recuperação do clube do Bessa) e uma equipa a apurar numa prova do género «liguilha». Será a primeira vez que concordo com algo adiantado por Rui Alves, presidente do Nacional, quando afirma diz que «não faz sentido propor uma «liguilha» a quatro, pois só temos de fazer entrar mais um. O mais indicado a nível desportivo e de meriticracia seria subir o terceiro da II Liga.»
Estou plenamente de acordo porque não entendo que seja justo beneficiar um clube que foi despromovido, por demérito desportivo. Mas como Rui Alves ainda afirmou, e bem, Mário Figueiredo tem sido muito «criativo» desde que assimiu a presidência da Liga e esta artimanha visará satisfazer interesses. A proposta da LPFP prevê um mini-torneio entre os dois últimos classificados da I Liga e o terceiro e quarto da II Liga. De vez em quando questiono-me quanto ao porquê do futebol português sempre atrair «artistas» deste género. Ainda bem que não é o Marítimo que está em posição para ser despromovido!
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