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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
"Posso arriscar o meu trabalho, a eliminatória (…) será assim até deixar de ser treinador" (Rúben Amorim)
Palavras leva-os o vento... é hábito dizer-se na sabedoria popular. Nesse sentido, o que aqui escrevemos tem apenas a duração do momento. Sabemos que mais ou menos lidas ou comentadas, as palavras são efémeras na sua volatilidade. O tema que hoje abordamos já tem sido objecto de análise e discussão. Mas voltamos ao assunto porque, normalmente, a memória é curta.
Rúben Amorim foi contratado pelo SCP há cerca de dois anos. Era então um treinador ainda sem curso adequado, e com uma breve experiência na primeira Liga. Foi uma aposta de risco assumida pelo presidente Varandas. As críticas e a contestações foram gerais. Na altura, Rúben Amorim comentou: dizem que pode correr mal… e se correr bem?
Dois anos passados, os resultados globais são muito positivos. Cinco títulos conquistados, incluindo um campeonato nacional, quase vinte anos depois. Uma entrada directa na liga europeia milionária, a constituição de uma equipa aguerrida e competitiva com a “prata da casa” e algumas aquisições cirúrgicas de sucesso. A valorização do plantel já pagou o investimento inicial feito no treinador, e tão criticado na opinião pública.
A consolidação da equipa está a ser feita com passos bem seguros. O caminho traçado a ser percorrido com destacada segurança. No entanto, não há nenhum processo que não sofra contrariedades, com mais acuidade no mundo bem pantanoso do futebol, sujeito a muitas interferências internas e externas. Todas as equipas têm altos e baixos, e as do Sporting CP não fogem a regra. Uma época longa em todas as frentes está a deixar marcas num plantel, que não é o melhor do mundo, e nem sequer de Portugal.
O adepto de uma forma geral descarrega no futebol as frustrações do seu dia a dia. Passa rapidamente da euforia à depressão. Em momentos menos bons da sua equipa, arvora-se no técnico do que não é e arrasa tudo como um terramoto incontrolável, esquecendo-se que destruir é fácil e que construir é muito mais difícil.
Após dois desaires com equipas superiores em termos de plantel, é curioso verificar que tudo se põe em causa, como se antes desta equipa técnica o Clube tivesse um rasto regular de sucessos. E chega-se ao ponto de pôr em causa a própria equipa técnica, o que significa a de um projecto abundante de potencialidades. Os nossos adversários directos ganharam avanço durante largos anos. Precisamos de encurtar distâncias, sem descurar o imediato, mas com a consciência que não se pode passar de oito para oitenta.
Amorim comentou “garanto que não voltará o ambiente que encontrei quando cheguei”. Aqueles que ao primeiro desaire põem todo o trabalho de dois anos em causa, ou estão de má-fé, ou como aqui no blogue escreveu um leitor (omito a sua expressão para não ferir susceptibilidades) não aprendem nada.Amorim não é infalível, comete erros pontuais, (quem não os comete na sua vida que atire a primeira pedra), mas o seu projecto merece continuar a ser apoiado. Mostra que está de alma e coração com ele e que quer concretizá-lo. Os que põem em causa o projecto e o seu mentor, não percebem que o Sporting precisa mais de Amorim, que este precisa do Sporting.
P.S.: Slimani respondeu a Amorim nas redes sociais. Parece-me um assunto a precisar de resolução imediata, para não minar a unidade do grupo.
(1) Expressão do título, "roubada" ao Leão do Norte.
(...) Quando se apaixona um apaixonam-se (quase) todos”... escreveu o Leão do Norte, a propósito da relação dos adeptos com o treinador Rúben Amorim. Concordando com a sua análise, quero, um pouco por antítese, sublinhar o quase.
Mas antes de dar mais corpo a esse sublinhado, quero fazer um pouco de história, porque a memória é muito curta. Quando o presidente Varandas foi buscar Amorim, o Sporting estava a bater no fundo, no que diz respeito ao estado do futebol profissional, De treinador em treinador, de plantel em plantel, de contestação em contestação, e afins, não se via uma luzinha sequer, mesmo ténue, ao fundo do túnel. O espaço de manobra da Direcção estava a encurtar, mesmo entre os mais pacientes.
A contratação de Amorim teve de imediato a crítica acrítica dos contestatários habituais. Nada que não fosse esperado. Mas mesmo os mais moderados, criticavam o elevado preço pago para o trazer para o Sporting. E alegavam que era muito dinheiro por um técnico pouco experiente e sem as devidas qualificações. Tive oportunidade de escrever, na altura, que a contratação de Amorim era arriscada, mas de risco calculado. Tinha mostrado, no pouco tempo que treinou o Braga, que estava ali em potência um grande técnico. E ou se contratava pelo valor exigido ou se perdia, como aconteceu com outros.
Hoje, comprova-se, que depois de um leque de erros, Varandas estava certo. Amorim está a fazer uma revolução no Sporting, ousando promover jovens quase desconhecidos, e que já se valorizaram. Além disso, estou certo que teve “dedo” nas contratações cirúrgicas que reforçaram o actual plantel. Estou até convicto que aquando da sua contratação, Amorim aceitou-a, perante condições previamente acordadas. Por outro lado, aplicou a receita que sempre defendi como fundamental. E independentemente do resultado final, é uma aposta ganha, embora esteja um pouco preocupado com o excesso de euforia que por aí campeia. Temos de ter a consciência, que neste momento, somos a melhor equipa, mas não temos o melhor plantel.
Ainda bem que Amorim conseguiu dar início ao processo de unir a nação sportinguista com excepção dos tais “quase”. Os “quase”, para além das bases brunistas em negação para a eternidade, é composta por gentalha que tem abertas as portas da Comunicação Social. Aproveitando a base de cultores da personalidade, continuam com um objectivo: tomar conta do Sporting. Esses “quase” não apreciam Amorim. Está a estragar-lhes os planos.
Quero falar de um “quase” em particular, mas que simboliza todos os outros. Refiro-me ao treinador Augusto Inácio. Numa recém-entrevista, onde se assumiu como candidato à presidência do Sporting CP, aproveitou por criticar Varandas, a propósito deste ter dito, durante a campanha eleitoral, que revelaria informações sobre um jogo com o Benfica que contribuiu para a perda de campeonato. Esta crítica não é nova, é uma espécie de cartilha que circula por aí, à falta de outro argumento contestatário.
Ora a minha questão é: que poderia saber Frederico Varandas, um simples médico, que não soubessem membros da Direcção demitida, incluindo o próprio Augusto Inácio. E se assim era, porque nunca apresentaram a suposta “bomba” durante três anos? Porque vão repescar agora essa afirmação, que foi dita em contexto eleitoral, e que não me lembro de ser utilizada antes? A minha primeira conclusão é simples. Estão a sentir fugir-lhes o chão debaixo dos pés. A outra conclusão é que se estão lixando para o Sporting CP.
Termino com um muito simples conselho: se gostam do Sporting, deixem de ser “quase” apaixonados, e juntem-se de corpo e alma ao Clube, porque todos somos necessários. É esse o lugar dos amantes. Quando houver eleições apareçam com as suas propostas, e até com as habituais lavandarias de “roupa suja”. Faz parte. Mas até lá, não levem os adeptos a duvidar que sejam sportinguistas. É pouco inteligente.
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