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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O Sporting e a época de 1964-65: uma dura lição!
A época de 1964-65 foi uma das piores da história do Sporting. Começou mal com a demissão do arquitecto Anselmo Fernández, o treinador vencedor da Taça das Taças, por causa de uma divergência com a Direcção do Clube. A Direcção procurou os serviços do chileno Fernando Riera, mas acabou por contratar o francês Jean Luciano. Este esteve pouco tempo em Alvalade, pois em Dezembro a equipa leonina foi derrotada em casa do Torreense por 3-0 e caiu para o 11º lugar em catorze competidores. Luciano foi convidado a fazer as malas.
O desaire em Torres Vedras teve um grande impacto no balneário sportinguista, com jogadores em lágrimas e desesperados. E nesse jogo participou gente experimentada e temperada em grandes “batalhas”, como Fernando Mendes, Carvalho, Hilário, Mário Lino, José Carlos, Figueiredo e João Morais. A Direcção apelou a Anselmo Fernández, mas este recusou ressentido pelo despedimento.
A solução recaiu em Juca, que como treinador foi Campeão Nacional pelo Sporting com apenas 33 anos, em 1962. Mas, mesmo para o campeão Juca a temporada foi breve, o Sporting foi surpreendentemente eliminado pelo Cardiff da 2ª divisão galesa, na 2ª ronda da Taça das Taças. Treinou os leões durante duas semanas.
Em desespero, os olhares viraram-se mais uma vez para Anselmo Fernández. O arquitecto assumiu o cargo de Coordenador Técnico, tendo Joseph Szabo como treinador de campo. Fernández aceitou na condição de não ser remunerado pelo Sporting, como já se verificara antes como treinador e com o projecto de arquitectura do Estádio de Alvalade. Ficou decidido que sairia do cargo logo que estivesse ultrapassado o perigo de descida de divisão.
Por isso, em Março foi substituído por Armando Ferreira, antigo seleccionador nacional e jogador do Clube na década de 40, que conduziu a equipa até ao final da época. O Sporting obteve a pior classificação de sempre no Campeonato Nacional até essa altura: 5º lugar com trinta e dois pontos, a onze do Benfica, que foi campeão em igualdade pontual com o Vitória de Setúbal.
Nota: A fotografia mostra Anselmo Fernández com os jogadores que conquistaram a Taça das Taças, em Antuérpia. Praticamente a mesma equipa que, poucos meses depois, seria derrotada em Torres Vedras.
Osvaldo Silva e o ‘hat-trick’ ao Manchester United
Osvaldo Silva teve muitos jogos de glória com a camisola verde e branca. Ele foi um excelente jogador de futebol, um médio de ataque explosivo, a faísca da equipa, e que teve um papel fundamental na caminhada épica pela Taça das Taças em 1963-64. Mas, entre outros jogos, houve um que ficou para a história e que é frequentemente recordado pelos sportinguistas: o Sporting 5 - Manchester United 0.
Anselmo Fernández substituiu Gentil Cardoso na orientação técnica dos leões entre os dois jogos da eliminatória com os ‘red devils’. Profundo conhecedor da equipa de Bobby Charlton e Denis Law, o novo treinador procedeu apenas a duas alterações naquela partida decisiva: colocou Mascarenhas no lugar do extremo Alfredo e concedeu liberdade de acção a Osvaldo Silva.
O plano foi perfeito, pois Mascarenhas dinamitou a defesa inglesa e ‘Osvaldão’ fez um jogo de sonho coroado com um ‘hat-trick’ que obrigou o guarda-redes Gaskell a ir buscar a bola ao fundo da baliza aos 2, 11 e 54 minutos. Naquela noite o jogador brasileiro foi a principal figura em campo, pelo que jogou, pelo que fez jogar e pelos golos que marcou. Um gigante, um leão inesquecível!
Anselmo Fernández
A fotografia refere-se à forma vibrante como o treinador Anselmo Fernández viveu no banco leonino a noite épica dos 5-0 ao Manchester United, em 18 de Março de 1964. O arquitecto do Estádio de Alvalade (1956) substituíra uma semana antes Gentil Cardoso na orientação técnica da equipa do Sporting, já se tinha sentado no banco num empate com o Benfica na Luz (2-2), e este era o seu primeiro jogo internacional.
Anselmo Fernández, que desempenhava as funções de observador das equipas que os leões defrontavam nas competições europeias, era um estudioso do futebol e possuía uma grande versatilidade táctica. Com ironia, costumava dizer que “julgo nunca ter actuado mais de 20 minutos seguidos com a mesma táctica”. Foi um dos primeiros treinadores no mundo a recorrer a imagens gravadas de televisão para que os seus jogadores analisassem com rigor a equipa adversária.
Profundo conhecedor dos ‘red devils’ de Bobby Charlton e Denis Law, Fernández procedeu apenas a duas alterações naquela partida decisiva: substituiu o extremo Alfredo por Mascarenhas e concedeu liberdade de acção a Osvaldo Silva. O plano foi perfeito, pois Mascarenhas dinamitou a defesa inglesa e Osvaldo fez um jogo de sonho coroado com um hat-trick. A finalíssima de Antuérpia ficou ao alcance da mão!
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