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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
António Varela, editor/chefe do "Record", escreveu recentemente um artigo de opinião que me parece ser todo abrangente da novela Bruma. Transcrevo os últimos dois parágrafos que servem como um explícito resumo do que verdadeiramente consta o caso:
«(...) Mas o problema não está apenas do lado da ganância da tutoria que saliva por 10 por cento de comissão. Há em todo este processo um traço inconfundível de amadorismo e inexperiência dos novos dirigentes do Sporting. É compreensível que se imputem as responsabilidades devidas a Godinho Lopes, por ter descurado a renovação do contrato, mas não basta.
A necessidade de afirmação de Bruno de Carvalho, que teve uma entrada musculada no mercado, com promessas de domesticação dos empresários, foi um erro que se tornou evidente demasiado cedo. E se era difícil inverter uma situação herdada da anterior administração leonina tornou-se praticamente impossível consumar a empreitada com uma estratégia que o saber popular denominaria de "apanhar moscas com vinagre". Feitas as contas o equilíbrio está onde sempre esteve: no bom senso de todos. Que não houve.»
«O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, convocou uma conferência de imprensa sem que tivesse muito para dizer aos jornalistas e acabou por ser aclamado por sócios, accionistas e adeptos numa espécie de comício pós-campanha eleitoral. Feito o balanço, deu a ideia que o líder leoninpo saiu vencedor do primeiro desafio da sua gestão: as negociações com a banca, que jornalistas sem o privilégio milagreiro de serem brindados com doses adequadas de inteligência não souberam acompanhar, muito menos interpretar...
Na circunstância, Bruno de Carvalho obsequiou a audiência com duas informações que marcarão as próximas semanas: a auditoria às contas avançará e os investidores externos estão a postos para aparecer, consumada a reestruturação da dívida. Depois de umas doses bem administradas de populismo ("os sportinguistas estão a perder a paciência"), o presidente do Sportong obteve um acordo com os bancos e o fôlego de tesouraria que lhe permitirá manter o barco em andamento. Mas...
Aquilo que parece o triunfo de Bruno de Carvalho é comprometimento das aspirações desportivas do Sporting nas próximas épocas. Porque é extremamente difícil (para não dizer impossível) a um clube que quer ser competitivo viver no constrangimento de um orçamento inferior a 20 milhões de euros. e é aí que surge a oportunidade para o investidor que Bruno de Carvalho anunciou existir e que ainda ninguém viu. Está na hora de o mostrar, para aquilo que pareceu ser uma grande jornada não passar de um balão que pode estoirar.»
António Varela - Editor-chefe Record
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