Carvalho; Lino e Pedro Gomes; Peridis, Alfredo e Fernando Mendes; Figueiredo, Ferreira Pinto, Mascarenhas (cap.), Augusto e Louro
Era a primeira mão dos oitavos-de-final da Taça das Taças. Mas foram precisas três mãos cheias e mais um dedo esticado para mostrar o número de golos marcados pelo Sporting. A ficha de jogo assinala a marcha do marcador a um ritmo alucinante. Golos marcados com intervalo de um escasso minuto são o espelho da humilhação cipriota. De resto, para quem acredita nestas coisas, pode dizer-se que o destino do Apoel estava marcado desde a chegada a Alvalade: foi-lhes destinada a cabina número... 16.
Mascarenhas marcou seis, a meia-dúzia que até hoje é recorde absoluto de um só jogador, em toda a história das competições europeias. Vale a pena reter um nome: Mavroudes. O guarda-redes cipriota defendeu, mas pouco, a baliza do Apoel e limitou-se a sublinhar o óbvio no final do jogo: "Não viram ? Nós estamos fora da categoria do Sporting."
A história pode ficar mais bem contada se lhe acrescentarmos um pormenor delicioso e decisivo. A verdade é que o Apoel não tinha sequer dinheiro para se deslocar a Lisboa. A verdade é que manifestaram à UEFA a intenção de abdicarem da competição quando perceberam que a viagem era longa e dispendiosa. O Sporting, de uma forma desportiva, rejeitou a qualificação por «decreto» e ofereceu-se para suportar a deslocação dos cipriotas desde o Mediterrâneo até à capital portuguesa. Fechou-se assim o acordo: o Sporting pagava e os dois jogos seriam realizados em Alvalade com um intervalo de uma semana.
O primeiro jogo deu uma receita de 100 contos. Como as despesas do Apoel rondaram os 370 contos o prejuízo ainda foi pesadote. Na segunda mão, a diferença entre as duas equipas não foi tão acentuada. O Sporting ganhou, 2-0, e seguiu em frente. Pudera !
Do livro Estórias d'Alvalade por Luís Miguel Pereira.