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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O Sporting, contra ventos e marés, e contra as previsões mais optimistas, está em primeiro lugar no campeonato nacional, com algum avanço, e já tem no seu vasto currículo mais um troféu. É tempo de viver o momento com humildade e com a esperança que se prolongue. Mas este não é o tempo de manifestações de superioridade, de euforia e de arrogância. No futebol tudo muda muito rapidamente, e grandes euforias que se vão manifestando aqui e além, deixam-me preocupado, e leva-me a fazer esta reflexão.
Louvável e inteligente tem sido a estratégia comunicacional do nosso treinador, mantendo o seu objectivo exclusivo no jogo a jogo. Muito bem tem estado o presidente, mantendo-se basicamente em silêncio e não fazendo ruído. Tem falado pouco e deixado a mensagem aos protagonistas. Mas anteontem falou e borrou um pouco a pintura. Indo contra a corrente, considero que não esteve bem. Compreendo que pretendesse alertar, enquanto presidente, os adeptos, para não caírem em excessos de euforia, mas não resistiu a dar uma “bicada” nos adversários, com alguma, na minha interpretação, arrogância, mesmo disfarçada de ironia. E que fique claro que apoio e sempre apoiei o presidente, que foi a escolha livre dos associados.
Ainda me lembro do presidente anterior dizer, em 2015, que os adversários precisavam de jogar muito mais para ombrear connosco, quando íamos à frente da tabela. Todos sabem como acabou. Não gostei nada de ouvir o este presidente dizer que somos um “gigante”. De outra forma, está a cair na esparrela do anterior. Esta comunicação do líder, não me pareceu oportuna no timing, no local e no modo. O Sporting CP tinha acabado de ganhar um jogo difícil, com muito querer e muito empenho. Ganhou, mas poderia não ter ganho. Fiquei com a sensação que quis pôr-se nos bicos dos pés, de algum modo inebriado com os elogios justos que tem recebido. Humildade era comemorar a vitória. Ponto.
O lema do Sporting tem sido, até agora, e espero que continue: trabalho, vontade, entrega e humildade. A comunicação, exceptuando casos pontuais, como o caso Palhinha, deve ser para dentro e não para fora, para manter as hostes unidas. Começar a desviar o foco para os adversários pode permitir que estes se galvanizem.
Eu percebo que Frederico Varandas queira acentuar, que estamos a ganhar com mérito, contra adversários poderosos “dentro e fora do campo”. Eu, um simples adepto, já o tenho dito e continuo a dizê-lo, mas só me represento a mim mesmo. O presidente representa milhões de adeptos. Todos sabemos que existe o “sistema” mas não é esta a hora, a forma, nem o modo de o combater. Tocar a fera com vara curta pode dar mais resultado. Cada coisa no seu tempo e no seu lugar. A guerra contra o sistema é longa e não se faz com 'sound bites', faz-se com perseverança, paciência e inteligência.
O Sporting não deve seguir esse caminho. Deve continuar unido e competente a vencer dentro do campo. Para mais, para ser diferente, não pode entrar pelo comportamento dos adversários , porque corre o risco de abrir a porta para se unirem, criticarem e ganharem motivação, e perder credibilidade. Até agora a comunicação, feita por quem sabe, está a ser eficaz. Não a estraguemos, com o jogo falado, o que se está a ganhar com o jogo jogado. Que alguém tenha o bom senso de dizer ao presidente, que não estrague o que de bom se está a fazer, com a sua colaboração. Bom gosto e bom senso, precisa-se.
A arrogância de Bruno de Carvalho é tão acentuada como degradante. Surgiu perante a comunicação social a participar que está tão confiante na vitória que até já preparou a agenda para a primeira semana de trabalho como presidente do Sporting. Não exibe pudor nem dignididade, sentido de ser e estar, relativamente ao momento. Acusa terceiros de ainda não perceberem que «hoje é dia de eleições, não é dia de tricas», e é precisamente isso que anda a fazer. Com mais do seu já bem conhecido discurso demagógico, afirma que «os sportinguistas estão fartos de forças estranhas que se querem impor e que não querem servir o Sporting.» Este aparente desempregado que espera desesperadamente por um emprego bem remunerado no Sporting para subsistir, refere «forças estranhas» como a causa da situação em que o clube se encontra. Claro, os seus fanáticos apoiantes, como sempre fizeram, não lhe exigem uma explicação sobre estas considerações, mas nem todos andam de olhos vedados e mentes condicionadas à «curandice» do vendedor ambulante.
Por fim, a sua mais hipócrita afirmação de todas e que serve bem para ilustrar a sua falta de carácter: «Não havia necessidade de vender van Wolfswinkel. Havia outras soluções para pagar os ordenados.» A primeira pergunta que me surge é se seria ele próprio a ir ao bolso para pagar os ordenados, se tivesse o dinheiro, que não tem. Segundo, quem andou desde o primeiro dia a exercer pressões, acusações e ameaças de ordem diversa sobre Godinho Lopes, nesse sentido ?... E vem agora com essa fábula de «outras soluções». Teriam havido, é verdade, se tivesse havido bom senso e o sentido comum de resolver um problema do Sporting. Mas, em detrimento do clube, foi mais conveniente diabolizar Godinho Lopes e vender «a banha da cobra».
Sempre fui frontal e continuarei a ser. Não me revejo, minimamente, num Sporting liderado por esta personagem e após 60 anos de associativismo terei de rever o meu sportinguismo, se ele for eleito. Não me escondo atrás de ambiguidades, declarações de desinteresse e hipocrisias de ordem diversa, como muito se verifica por certos lados. Pessoas que não têm a honestidade e a coragem de manifestar abertamente as suas preferências e outras que se sentam na vedação à espera, para ver de que lado o vento sopra. Certo ou errado não respeito este homem e nunca o poderei considerar o «meu presidente», mesmo sendo (veremos) o presidente do meu desde sempre clube.
E, por fim, ainda digo isto: se ele for eleito e acabar por ser benéfico para o Sporting, ficarei muito satisfeito pelo... Sporting. Mas nada me fará mudar o meu parecer sobre um homem que andou mais de dois anos a contribuir para a destabilização e demolição da instituição que clama amar, só para lhe abrir caminho para o trono. Além disso, se ele for eleito e afundar ainda mais o Sporting, espero cá estar para ver a então contribuição de todos aqueles que o têm andado a apoiar fanaticamente. Dito isto, não espero mais do que ver «muitos rabos entre as pernas» à distância e quanto mais longe possivel. Acção típica da militância irrisória, derrotada. O futuro dirá...
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