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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Apresentamos um breve excerto de um artigo da autoria de Miguel Cal, administrador da Sporting SAD, que pode ser acedido aqui.
"O valor do futebol é indubitavelmente alto. A nível nacional, os dez programas de TV com maior audiência em 2019 são referentes ao futebol (imagem 1) – de notar que o Sporting Clube de Portugal está presente em quatro deles e que Cristiano Ronaldo surge nos outros três – e são uma alavanca emocional que todas as marcas desejariam ter.
Com a âncora emocional e o interesse que os clubes suscitam, a oportunidade de criação de valor através de patrocínios ou de parcerias é infinitamente superior ao que se consegue hoje. O futebol tem o potencial de ser o elemento-chave na escolha das marcas dos seus adeptos."
Hoje tenho estado muito ocupado e com pouca disponibilidade para o blogue. No entanto, reservei uns minutos há instantes para ler uma crónica em um jornal regional, sobre os acontecimentos de ontem, em que, na realidade, o autor nem sequer é identificado.
De qualquer modo, entre as apreciações expressas sobre o jogo da Alemanha - num tom até moderadamente simpático - reparei numa breve frase que transmite precisamente o que eu sinto sobre a situação do Sporting no que às várias competições em que participou diz respeito e, muito em especial, sobre a atitude deveras vincada para com a Liga Europa. Diz o autor do escrito:
«Jorge Jesus é um treinador feliz. Conseguiu o que sempre pregou: fazer com que o Sporting fosse afastado de todas as competições, excepto a única que é de regularidade.
Das Ligas europeias, nem vale a pena falar. Nem com os super-lucros que advém dessas competições se preocupou. Seguiram-se as Taças de Portugal e a Taça da Liga. E agora, já não lhe restam desculpas. Ou ganha o campeonato e está tudo bem, ou não ganha e veremos então quanto de mal surgirá.»
P.S.: Como já indiquei, desconheço o autor do artigo publicado, mas sei que o director do jornal é um devoto sportinguista. Isto, para evitar acusações sem sentido.
Tenho usado com frequência a seguinte citação da contracapa da obra "Ensaio sobre a cegueira", de Saramago: "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara". Esta simples frase do "Livro dos Conselhos", contém uma profunda sabedoria a qual, de certo modo, sempre senti que guiara as minhas acções e reacções ao longo da vida, face aos acontecimentos quer pessoais, profissionais e desportivos em que me envolvia. Olhar, ver e reparar até era um gesto instintivo do meu trabalho como topógrafo o que aliado ao meu espírito inquisitivo e eventuais conclusões, transformaram-me num louco aqui dentro do meu cantinho caseiro, que acha que os malucos são os que estão lá fora.
É um facto que 40/50 mil pessoas, dezenas de técnicos, um batalhão de jornalistas, 40 atletas no banco, 2 treinadores atentos e milhões de telespectadores olham e vêem um rectângulo onde estão dispostos 10 jogadores de cada lado, excluindo os guarda-redes, em fórmulas posicionais exotéricas de 4x4x2, 4x3x3, 4x2x4 com um qualquer losango lá metido, prontos a digladiarem-se por uns míseros 2 golos, os quais, à "seculum seculorum", tem sido a média mundial dos jogos de futebol. Isto não obstante, os avanços das "tácticas" e dos "colectivos", analisados e dissecados "ad nauseam" pelos média que até parecem querer libertar-nos dos problemas mais importantes que nos rodeiam.
Mas este meu desabafo não é direccionado às tácticas do futebol.No planeta devem haver biliões de "experts" mais habilitados e isso é gente demais para se enfrentar. Seguramente que, num piscar de olhos, me vestiriam um colete de forças.
A verdade é que eu sou o louco atrás das grades e como tal permito-me lançar um alerta à plebe, para algo que todos olham, vêem e não reparam. Um pequeno pormenor dessa religião "futeboleira" que sempre me fascinou. E é num rasgo de sanidade mental que grito nunca ter visto no campo a tal inferioridade numérica que serve de lamento aos treinadores quando as coisas não correram de feição. Ainda hoje, 23 de Agosto, ouvi num vídeo o nosso estimado JJ a analisar o empate em casa, de uma forma realista mas que, como todos os outros, não resistiu introduzir a certa altura a a sua queixume: - "... com menos um jogador !"...
Ora, a minha afirmação que no futebol não existe inferioridade numérica (refiro-me entre equipas mais ou menos equlibradas), é facilmente comprovada, bastando reparar no que se passa dentro do campo. Exemplo:
1 - Se a equipa B perde um jogador por expulsão ficando com 9, a equipa A nunca ataca com 10, deixa ficar do seu lado pelo menos 2, daí que avança só com 8, ironicamente, em inferioridade atacante.
2 - Se deixar ficar 1, avança e fica em igualdade, pois ataca com 9 e encontrará 9 a defender.
3 - O que reparo é que a equipa A, na maioria das vezes, mantém sempre 2 elementos atrás e nesse caso, se na equipa B ocorrer uma segunda expulsão, o equilíbrio mantém-se pois verificar-se-á uma igualdade de opositores, 8 contra 8...
Este meu raciocínio incomoda-me pois parece que uma uma virose apocalíptica tomou conta de todo o mundo a pontos de aceitarem a fraseologia da inferioridade numérica como um dado adquirido.
Mas eu sou doido e não vou nessa... !
Contudo, se tratássemos do efeito que as expulsões causam no rendimento dos atletas e da equipa por eles formada, o que não vai ser o caso, teríamos muito "pano para mangas"... e acabaríamos no campo da Psicologia. Cadê, o Psicólogo Desportivo ?
Talvez ele possa esclarecer o equívoco.
Francisco Velasco - 23 de Agosto de 2015
Nota: Este interessante artigo da autoria do nosso Amigo Francisco Velasco, foi escrito exclusivamente para Camarote Leonino. Endereçamos desde já o nosso mais sincero apreço pela extraordinária gentileza da sua prestação neste nosso espaço, que nos honra, convictos que será igualmente apreciada pelos nossos leitores.
* A imagem é obra da ilustradora oficial do Camarote Leonino
Um artigo de opinião da autoria de José Manuel Ribeiro, intitulado "A fatalidade vezes três", que faz sentido, apenas e tão só por reflectir a actual realidade do Sporting:
«Não é só por ter de comprar jogadores nos saldos que o Sporting parte bem atrás de Benfica e FC Porto em qualquer candidatura.
O dinheiro manda. Bruno de Carvalho pode culpar os empresários, os fundos, os jornalistas e o míldio da batata (e ter razão nos dois primeiros casos, não sei se no terceiro), mas nenhum deles teve a mínima influência na verdadeira fragilidade do Sporting. Com as rebeliões de Rojo e Slimani, já são três as ocorrências típicas de uma fatalidade de que falei várias vezes neste espaço, porque não havia volta a dar: a miragem de um salário multiplicado por dez ou vinte, ou de usar o emblema do Manchester United, não se desarreda com espírito de grupo, nem amor clubístico.
A resposta dura aos comportamentos de Rojo e Slimani tinha de existir, ou o Sporting arriscaria uma escalada de insatisfeitos, mas a parte fraca já estava à vista há um ano. Aliás, está nos livros de gestão. Chegados ao rompimento, ou Bruno de Carvalho se conforma a desvalorizar os jogadores, obrigando-os a respeitar os contratos de má vontade, ou os deixa sair, com mais umas centenas de milhares de euros embrulhadas no negócio, para não parecer que cedeu.
O Sporting não tem dinheiro num mundo em que o dinheiro manda. Encontrar craques é apenas uma parte do sarilho, como os manter e, sobretudo, como os manter bem-dispostos é a chave do puzzle. Então com os bolsos vazios e o hálito dos bancos no pescoço... »
É evidente que a componente que o artigo não aborda e que fica por analisar é a que diz respeito ao também real estado do Benfica e do FC Porto e os meios a que esses emblemas recorrem, que lhes permite, pelo menos teoricamente, partir à frente do Sporting em qualquer candidatura. Análise para outra ocasião, decerto.
A decisão tomada ontem pela Comissão Arbitral Paritária (C.A.P.) apenas surpreende por um motivo: desde que assistimos à "Novela Bruma", fomos constantemente bombardeados com declarações do advogado e do tutor/empresário do jogador a dar a entender que a sua razão era garantida e a fazer do Sporting o mau da fita. Afinal, prevaleceu a Lei 28/98 e o Contrato Colectivo de Trabalho celebrado entre a Liga de Clubes e o Sindicato dos Jogadores (vulgo C.C.T.).
O artigo completo pode ser lido aqui.
Embora esta "novela" já se tenha tornado algo fastidiosa, é por de mais evidente que é o preeminente ponto de discussão entre sportinguistas, pelo valor do jovem talento e, sobretudo, pelos relevantes interesses do Sporting.
Começando por reconhecer que o caso não foi acautelado atempadamente pela anterior administração da SAD, nomeadamente a partir de Novembro ou Dezembro de 2012, a primeira data possível mediante o seu 18.º aniversário a 24 de Outubro e as regras da FIFA nesse sentido, a resolução do mesmo acabou por cair nas mãos da nova Administração antes do começo do Mundial de sub-20. Porventura pela novidade que este processamento representa e pelo entretanto "braço de ferro" assumido com o agente Pini Zahavi, a SAD entendeu que não queria ou não podia aceder às exigências então sobre a mesa. Dá para compreender que terá sido um erro de cálculo, porque pela montra que o Campeonato do Mundo representa, à partida, e a sua subsequente "performance" na prova, a contenda tornou-se muito mais problemática. Até se compreende a posição do Sporting, além dos condicionantes financeiros - a interpretar bem as afirmações então proferidas - em não querer estabelecer um precedente tão perigoso em relação a negociações com jogadores tão jovens, mas pelo talento excepcional que Bruma representa, a excepção à regra deveria ter sido assumida.
Estamos agora perante um cenário com opções limitadas e, a bem dizer, muito dependente da vontade do atleta: ou renova com melhoramento salarial substancial e, porventura, prémios, ou não renova e chegando a Janeiro ficará livre para negociar com qualquer clube, visando a sua saída em Junho,a custo zero. Por seu lado, o Sporting ou aceita a melhor oferta que surgir agora do exterior ou, então, terá que definir se continuará a promover um jogador que, para todos os efeitos, já não é seu, e cujo retorno limitar-se-á aos direitos de formação.
Está à vista que um acordo dependerá, em grande parte, do reconhecimento do jogador de que a sua continuidade no Sporting, pelo menos por mais uma época ou duas, sob novo contrato, lhe será significativamente benéfica, tanto desportiva como contratualmente, partindo do princípio que continuará a evoluir onde essa dimensão melhor poderá ser assegurada. Daí, o inevitável acréscimo de valorização que o colocará num mercado futuro em termos muito mais vantajosos e, claro, também o Sporting.
A inteligência irmanada com a força de vontade e com a esperança produz uma ideia e, com ela, uma resolução. Esperamos que assim seja.
* Artigo escrito para publicação no jornal "Sporting".
A liberdade de expressão como o veículo da transmissão de informações e ideias por quaisquer meios independentemente de fronteiras, é o alicerce fundamental em uma democracia. Os poderes democráticos, quer sejam governamentais ou institucionais, não controlam o conteúdo dos discursos escritos ou verbais, garantindo, por esses princípios, que as democracias tenham muitas vozes exprimindo ideias e opiniões diferentes e até contrárias, resultando num debate livre e aberto - deveras salutar - como a melhor opção a oferecer mais probabilidades do melhoramento da sua existência. A liberdade de expressão é um direito fundamental consagrado em democracia que depende de uma sociedade civil, educada e bem informada, cujo acesso à informação lhe permite participar tão plenamente quanto possível no seu enquadramento público.
A censura é tão antiga quanto a sociedade humana, sendo a Grécia antiga a primeira sociedade a elaborar uma justificativa para a censura, com base no princípio de que o governo da Pólis (cidade - estado) constituía a expressão dos desejos dos cidadãos e que, portanto, podia reprimir todo aquele que tentasse contestá-lo. Na sociedade moderna, censura é usada por qualquer grupo de poder ou até fracções individuais da sociedade, no sentido de controlar e suprimir informação, certos pontos de vista e opiniões divergentes, constrangindo-os pelo impedimento da sua divulgação ou através de comentário ameaçador à opinião contrária, de forma punitiva ou repressiva.
Conheço a História do Sporting e tenho muito orgulho em ser sportinguista. Os métodos de pressão e censura à opinião contrária que se verificam hoje em dia nas redes sociais, na blogosfera e em outros espaços da Internet - assentes na estéril premissa do «nós» e «eles» - contrastam com os preceitos morais e educacionais da sociedade livre, em que prepondera o sentimento de comunidade, em geral, e o espírito de ser Sporting, em particular. Pelo rejuvenado sentido de reestruturar e recuperar o nosso Clube, esta desadequada, quase pré-histórica noção, tende desunir, não unir, gera divergências, não consensos e, em geral, prescreve um clima de antagonismo imprudente, indesejável e improdutivo. O todo é sempre mais forte do que a parte e julgo ser essa a mensagem que foi enunciada pela nova liderança. O Sporting Clube de Portugal é um clube muito grande, tão grande quantos os seus cerca de três milhões de sócios, adeptos e simpatizantes desejam, e se não é da pertença exclusiva de um pequeno grupo de outrora, também não é de um pequeno grupo do presente. Parafraseando o Marquês de Sade: «Só me dirijo às pessoas capazes de me entender, e essas poderão ler-me sem perigo.»
Artigo da minha autoria publicado hoje no Jornal do Sporting.
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