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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
“Ó Jorge, diz ao Artur que vá à merda e que funde o tal clube em Belém”. Na verdade, qual é o momento fundacional de um clube desportivo? Por exemplo, quando a maior estrela do futebol do seu tempo se liberta do clube onde está a jogar para finalmente poder fundar o clube do seu coração.
A história conta-se rapidamente. Em 1919, Artur José Pereira jogava no Sporting depois de ter protagonizado em 1914 a maior transferência no futebol português até essa altura. Por razões disciplinares tinha sido suspenso pelo Benfica durante seis meses e ele aceitou uma proposta de Francisco Stromp para jogar nos leões a troco de uma determinada quantia mensal. Tratou-se de um acordo meramente verbal.
O jogador vestiu de verde e branco durante cinco anos, mas acalentou sempre o sonho de fundar um clube na zona de Lisboa onde tinha nascido (na Rua do Embaixador, perto das Salésias). Mário Duarte diria mais tarde que “[Artur José Pereira] não queria abandonar o futebol sem deixar em Belém, berço de muitos dos melhores futebolistas lisboetas, um grupo digno e capaz de defender brilhantemente a sua terra que ele tanto estimava como depois tive ocasião de apreciar”.
Artur José Pereira considerava-se em dívida para com Francisco Stromp, pela amizade e pelo tratamento cortês que sempre recebeu. Assim, para evitar o temperamental capitão-geral do Sporting, recorreu ao seu amigo Jorge Vieira, futebolista leonino, para que este metesse um empenho que o libertasse do compromisso que assumira. Foi aí que, irritado, Stromp proferiu uma frase profética: “Ó Jorge, diz ao Artur que vá à merda e que funde o tal clube em Belém”. De facto, pouco tempo depois, em 23 de Setembro de 1919 na Praça Afonso de Albuquerque, era fundado o Clube de Futebol “Os Belenenses”!
Na fotografia, equipa do Sporting em 1915-16 com os três protagonistas desta história.
Em cima - Artur José Pereira, Raul Barros, Augusto Paiva Simões, Boaventura da Silva, Jorge Vieira e Amadeu Cruz;
Em baixo - Marcelino Pereira, Jaime Gonçalves, Alfredo Perdigão, Francisco Stromp e John Armour.
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