Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O presidente destituído apresentou-se no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP), por iniciativa própria, esta quinta-feira, para prestar declarações em relação à investigação sobre o ataque na Academia em Alcochete que despoletou a rescisão de nove jogadores.
O seu advogado, José Preto, confirmou, em declarações à imprensa, que o ex-presidente não foi ouvido e que lhe foi entregue um requerimento para prestar declarações em breve. Este aproveitou o ensejo para reiterar que não é arguido no processo:
"Vim para mostrar minha disponibilidade. Quando for preciso falar, eu vou. Não tive conhecimento absolutamente nenhum a não ser quando me vieram avisar no escritório do que tinha acontecido, e fui para a Academia. Só soube depois do ataque acontecer".
Não tendo sido notificado para comparecer, deveras estranho que se tenha apresentado e ainda acompanhado pelo seu advogado, alegadamente com o intuito de "pôr tudo a pratos limpos". Fica a ideia que a iniciativa (jogada) deve obedecer a uma qualquer estratégia. Isso, ou o seu estado de ansiedade é tão intenso, que não lhe permite esperar pelo decorrer normal do processamento. Possível, mas mais improvável.
O juiz de instrução do tribunal do Barreiro confirmou que os 23 detidos no dia da invasão à Academia Sporting vão continuar mais três meses em prisão preventiva. Os detidos estão indiciados pelos múltiplos crimes de sequestro, ameaça agravada, ofensa à integridade física agravada, incêndio florestal ou terrorismo.
O juiz de instrução, Jorge Delca, sustentou que "se mantêm os pressupostos" para que os 23 arguidos continuem sujeitos à medida de coação mais gravosa.
Esta decisão refere-se à reavaliação trimestral da medida de coação imposta aos suspeitos. A prisão preventiva é a mais pesada. Há dezenas de recursos pendentes no Tribunal da Relação de Lisboa que ainda não foram apreciados.
Desde Maio, a GNR e a PSP já realizaram três operações policiais que levaram à detenção de 36 suspeitos no total.
Em Setembro serão reavaliadas as medidas de coação de outros quatro arguidos, detidos a 5 de Junho, entre eles o antigo líder da Juve Leo, Fernando Mendes, que também ficaram em prisão preventiva.
Outros 10 arguidos, detidos no mês de Julho, verão as suas medidas de coação revistas em Outubro.
Jorge Jesus, agora treinador do Al-Hilal FC, na Arábia Saudita, em entrevista à A Bola TV, recorda o ataque à Academia Sporting e confessa arrependimento por ter consentido jogar a final da Taça de Portugal:
"Foram dias muitíssimo complicados para os jogadores do Sporting. Hoje reconheço que não deveria ter aceitado jogar aquela final… deveria ter feito tudo para impedir a sua realização, eu e as pessoas que têm responsabilidade no Sporting. A verdade é que não olhei muito para os interesses do Clube, olhei mais para os interesses do futebol.
Achei então que não era bom anular aquela final devido ao que se passou na Academia. Tínhamos que mostrar que há quem manda, que as instituições não se intimidam.
Quero agradecer publicamente ao presidente da Federação, Fernando Gomes, que teve o cuidado de me ligar várias vezes para saber se eu achava bem que a final se realizasse. Foi, de facto, um dia muito traumatizante para mim. Perdi finais da Liga Europa, mas nenhuma me traumatizou tanto como a final da Taça de Portugal.
Lembro-me com frequência do ataque. Foram momentos difíceis. Ninguém tem a noção do que se passou. Parecia um filme de terror: tochas nos balneário, ameaças a alto e bom som que nos iam matar, agressões... não é por acaso que nunca mais consegui entrar na Academia, até pedi ao Márcio e ao Paulinho para trazerem as minhas coisas. Nunca mais lá entrei."
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.