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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
«Dificilmente Bruno de Carvalho terá um adversário à altura, porque tem a seu crédito um mandato muito importante para o clube, de salvação do clube. Quando ele chegou o clube estava em falência técnica, é preciso que as pessoas não se esqueçam disso. O clube estava a meio da tabela, mais abaixo do que para cima no que diz respeito ao futebol, o estádio estava vazio, não havia ninguém.
Houve, ainda, o imenso trabalho de reorganização, de reestruturação para tornar o clube mais eficiente, e fazer mais com menos dinheiro, pelo que Bruno de Carvalho ganhará com facilidade e com muita justiça as eleições de Março de 2017».
Assim que comecei a ler as declarações de Bacelar Gouveia à Rádio Renascença, fiquei prontamente à espera que ele afirmasse que Bruno de Carvalho é responsável pelo nascimento do Sporting Clube de Portugal em Março de 2013. Deverá ter sido necessário um enorme autocontrolo para evitar essa proposição.
De qualquer modo, segundo as impressões do jornalista que conduziu a breve entrevista, o presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar não deu indicações algumas que Bruno de Carvalho pondera não recandidatar-se, pelo contrário. Não é que seja surpresa alguma, mas para preservar a postura teatral do actual presidente, teria sido aconselhável.
Não acredito que essa do "mais com menos dinheiro" tenha sido em referência à época em curso, na qual, até ao momento, é um caso de menos com mais dinheiro e muito pouco à vista. Evidentemente, tendo em conta o contexto elogioso da entrevista, não passa de uma "pequena" consideração melhor deixada omissa.
É em ocasiões como esta que eu pergunto por onde anda Rogério Alves !
Bacelar Gouveia, presidente do Conselho Fiscal, uma figura que raramente dá a cara apesar da sua posição no Sporting. Um cínico diria que foi induzido a intervir nesta altura, para tentar "adocicar" um momento menos feliz de Bruno de Carvalho. Aliás, não obstante as conhecidas circunstâncias, se, como ele diz, nunca viu nada pior na política, viu muito pouco, considerando que é o 'milieu' mais desprezível que há no Mundo.
Eis o que ele teve para dizer em entrevista à Rádio Renascença:
«Os adversários usam meios lícitos e ilícitos para travar o Sporting e o seu presidente mas Portugal é um estado de direito e tem leis. Tem uma justiça desportiva e uma justiça estadual e tenho a convicção que esses adversários não conseguirão contornar a lei para fazer impor os seus interesses ilegítimos. Andei na política e nunca tinha visto ataques tão baixos, nojentos e ordinários com o objectivo de humilhar humanamente uma pessoa (Bruno de Carvalho).
Os resultados desta direcção estão à vista. Os adversários intensificaram os ataques mas não vão levar a melhor. Se considero que os adversários directos do Sporting estão a tentar aproveitar-se da situação (polémica do túnel) para atacar o Sporting? Acho que se aproveitam de tudo. É como alguém que está em desespero e vai ao lixo para aproveitar tudo, o melhor e o pior. Mas estamos unidos, os órgãos sociais e administração do Sporting estão fortes e unidos em torno do nosso presidente.
Lamento a má imagem que está a ser dada, numa tentativa de enxovalhar o Sporting e o seu presidente, mas acredito que a verdade virá ao de cima e os responsáveis por tudo isto serão devidamente punidos. Nada irá desviar o rumo dos actuais órgãos sociais do Sporting».
Com esta emissão diária de epístolas, há uma consideração que me intriga e até perturba: com tão vincado ênfase na pessoa do presidente, o objectivo primordial é defender o Sporting Clube de Portugal ou Bruno de Carvalho, ou será que estes promotores entendem que defendendo o homem defendem, em simultâneo, a Instituição ?
O presidente do CFD Jorge Bacelar Gouveia esteve presente no telejornal de um canal televisivo para justificar as razões da expulsão de Godinho Lopes.
Refugiando-se na confidencialidade dos factos, referiu apenas dois motivos como se pode verificar pela audição em anexo.
O primeiro motivo decorreu de um contrato de promoção do Sporting nos Estados Unidos e na Índia proposto pela empresa SPAM. Custou 300 mil euros e o lucro rondaria os 3 milhões. Zero euros de lucros, garantiu o presidente do CFD.
O segundo motivo parece surpreendente. Godinho Lopes terá prescindido de uma verba compensatória no valor de mais de 1 milhão de euros decorrentes da transferência de João Moutinho para o Mónaco. Acontece que esta transferência verificou-se no final de Maio de 2013 e Bruno de Carvalho já era presidente do Sporting desde o mês de Março. Este facto justificaria uma apresentação mais rigorosa.
Depois de ouvir Bacelar Gouveia mantenho a convicção de que a expulsão do ex-presidente foi feita à pressa para ser “apresentada” na Assembleia Geral. Só isso é que explica que não se tenha avançado para as instituições judiciais competentes que fizessem a prova irrefutável da culpa do arguido.
Não defendo a impunidade de quem prevaricou, mas considero que a expulsão de sócio do Sporting é o último passo de um processo disciplinar justo e fundamentado juridicamente.
«A prestação da equipa frente ao Alba foi uma demonstração de força e qualidade, apesar de o adversário não ser uma equipa de primeiro plano, que deixou boas indicações para o clássico com o FC Porto. Estou confiante que a equipa vai vencer no Dragão, no domingo, e lá estaremos com todo o apoio para levar o Sporting a campeão nacional. Esse é o nosso grande objectivo.»
- Jorge Bacelar Gouveia -
Observação: Breve declaração de Bacelar Gouveia ao programa "Bola Branca" da Rádio Renascença. Não disse nada fundamentalmente de errado, mas também será justo questionar a necessidade do presidente do Conselho Fiscal do Sporting vir abordar uma questão que é do foro desportivo e que pode ser interpretado como sendo em contradição com os objectivos citados por quem de direito no início da época.
Reitero o que já aqui escrevi que, para mim, o Sporting é e sempre foi candidato ao título em qualquer época, logo a partir do primeiro dia. Se esse é um objectivo realizável, mediante a época e as circunstâncias, torna-se em um argumento lateral. Face às recém-declarações do presidente e o sequente comentário de Leonardo Jardim, este dirigente foi bem claro, enfatizando: "Levar o Sporting a campeão Nacional é o nosso grande objectivo." E isto é em referência à época actual.
Reagir perante injustiças é natural e humano, o segredo é saber escolher o timing e a reacção proporcional à ofensa. Escrevi logo após o «derby» das equipas B no sábado passado que, não obstante a «faca de dois gumes», Bruno de Carvalho fez bem em se manifestar face ao indecoroso trabalho do apitador de Esposende, mas que errou e corria riscos pelas suas críticas terem sido dirigidas à arbitragem em geral e não apenas ao homem do momento, devido à proximidade do importante embate em Braga, na segunda-feira. Depois de assistirmos a mais injustiças do género no Minho, fica a dúvida se a actuação de Jorge Sousa de alguma forma reflecte retribuição, pelo discurso do presidente do Sporting. Só o árbitro poderá esclarecer a contenda e, de certo, se for questionado nesse sentido, nunca o admitirá.
Surge hoje o novo presidente do Conselho Fiscal do Sporting, Bacelar Gouveia, a abordar a temática novamente, sublinhando que «é importante que se afirme a indignação perante os erros dos árbitros, porque há certos enganos que são sempre contra o Sporting e que, por vezes, podem adulterar a verdade desportiva. O Sporting tem sido um clube contra o sistema e não alinha em certo tipo de coisas que se falam, de árbitros comprados e ofertas.. coisas que se dizem à boca pequena e que, infelizmente, parece que aontecem, embora não tenha provas contra ninguém. É preciso reagir, chamar a atenção, não ficar calado perante as injustiças e erros de arbitragem.»
E há quantos anos anda o Sporting a fazer isso, sem qualquer efeito?... Tudo o que Bacelar Gouveia afirmou terá base de verdade, mas o seu timing é horrível e as suas palavras inflamatórias, sem o sustento da força por detrás. Temos pela frente um novo importante embate contra o Moreirense e não se pode perder de vista o adversário que segue... o Benfica. A história ensina-nos que muitas coisas estranhas precedem jogos com o clube de Carnide. Os jogadores terão de ter muito cuidado com a sua conduta no jogo com a equipa de Moreira de Cónegos, para não hipotecar activos para o embate seguinte.
As injustiças de sábado e segunda-feira já tinham sido abordadas e dispensavam-se mais comentários por dirigentes do Sporting, que até nem ao futebol estão ligados. Meras palavras não resultam e considerando o sistema existente no futebol português, têm acentuada tendência de precipitar repercussões. O Sporting terá de recuperar o respeito, primeiro dentro do próprio clube, e só depois no exterior, por meios que não se limitam a discursos moralistas. Não sei o que Paulo Pereira Cristóvão fez ou deixou de fazer, nem o acuso seja do que for, mas já há longo percebi que ele tem a ideia certa, muito embora essa ideia ofenda as sensibilidades sportinguistas, que querem ir para a guerra enfrentar «canhões» com «cabos de vassoura». Enquanto o Sporting e os sportinguistas não encararem esta incontornável realidade, vamos continuar a ser injustiçados. O que é necessário fazer para que isto seja devidamente compreendido, de uma vez por todas?
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