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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
É uma decisão muito pessoal. Creio que a irei manter. É o local onde me sinto melhor, onde posso estar mais à vontade. Ainda estou a pensar como será nos jogos em casa. Fora, garantidamente, estarei no banco.
Não deixa de haver muito ego e vaidade à mistura, mas Bruno de Carvalho até foi ironicamente honesto com a sua consideração sobre ocupar lugar no banco. Especialmente fora de Alvalade, não se quer sujeitar a algumas ondas audíveis menos agradáveis e, sobretudo, alguma timidez/incómodo em se sentar na bancada próximo de alguns outros presidentes. No banco tem protecção absoluta.
Está tudo explicado.
Bruno de Carvalho acaba esta semana de cumprir o castigo de 30 dias que lhe foi imposto pelo Conselho de Disciplina da FPF e regressa ao banco já na próxima jornada, pela visita ao Paços de Ferreira.
Lamenta-se... porque a bancada até lhe fica tão bem e a equipa conseguiu ultrapassar esta adversidade e venceu sem ele presente.
Não presumo saber a real intenção de Bruno de Carvalho ao sentar-se no banco dos suplentes em Braga; se apenas satisfazer o seu desde sempre sonho ou emular as acções daquele que, em contexto, tem sido o mehor director de futebol em Portugal nas últimas duas ou três décadas, ou, até, se o seu pensamento incluiu as duas disposições. Identifico-me perfeitamente com a situação, pelas centenas de jogos ao longo dos anos em que ocupei esse lugar, raramente como presidente de clubes, que fui, durante algum tempo, sempre, pelos muitos mais anos em que chefiei equipas de futebol amador, não-amador e profissional.
O impacto da presença de qualquer um é muito relativo à pessoa, à sua reputação, à sua personalidade, aos seus conhecimentos futebolísticos e ao respeito que é sentido por treinadores e jogadores por ter sido merecido e conquistado pelas suas acções ao longo dos anos. Claramente, poucas se algumas destas considerações podem ser atribuídas a Bruno de Carvalho por nunca ter tido qualquer tipo de associação ao futebol na sua vida. Qualquer influência poderá surgir pela novidade, pelo fazer sentir que há um novo «patrão na loja», pouco mais. Pelos verdadeiros homens do futebol, que não assumam uma postura subserviente, será inevitavelmente olhado como um intruso porque não o respeitam nesse singular contexto. Por outros, é tolerado por não se atreverem a manifestar o seu desacordo. Atrevo-me a garantir que a situação não é do agrado de Jesualdo Ferreira, sem ser necessário ele verbalizar uma única palavra.
Um dos homens que mais admirei no futebol, como jogador e posteriormente como treinador, chama-se Johan Cruyff. Foi ele, como técnico, que recuperou o Barcelona do abismo e que o conduziu pelo percurso em que ainda hoje se encontra. Recordo-me, como se fosse hoje, uma das suas mais famosas frases quando assumiu a liderança do Barça: «o sr. presidente não entra no balneário sem a minha permissão.»
Para ser sincero, não estou muito preocupado com acções desta natureza por Bruno de Carvalho, embora não considere que o presidente de uma Instituição da dimensão do Sporting deva entrar pelo relvado dentro a celebrar uma vitória como um adepto de 18 anos. O relvado pertence a quem nele faz a sua vida e todos os outros devem-se manter na sua periferia. Já a sua presença no balneário no início e no final de jogos é totalmente inaceitável e, como já indiquei num outro escrito, é uma situação tolerada por muito poucos treinadores. Pode entrar, desejar boa sorte à equipa e então ocupar o seu lugar na bancada. O mesmo no final dos jogos, mediante os resultados. Já o vi ser comparado a José Sousa Sintra, pelos métodos interventivos deste, no mesmo sentido. Não resultou com ele e não vai resultar com Bruno e Carvalho. Daqui a uns anos, talvez, se ele ainda lá se encontrar, não agora.
Esta é uma daquelas temáticas que só é subjectiva nas mentes dos teóricos que nunca exerceram funções do género e que nunca mantiveram qualquer tipo de associação ao futebol, à raiz. É uma realidade incontornável, indiferente das paixões populistas.
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