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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
No início dos anos 20 do século passado, o Sporting tinha uma equipa muito competitiva, uma das mais fortes do nosso futebol, como se verificou na 1ª edição do Campeonato de Portugal, em 1921-22, que perdeu para o FC Porto no prolongamento de uma finalíssima épica disputada no Bessa. Nesta época os leões venceram o Campeonato de Lisboa.
Na época seguinte, em 1922-23, Augusto Sabbo, que jogava no râguebi leonino e admirava Herbert Chapman, foi convidado para treinador de futebol. Era conhecido por utilizar métodos inovadores que conjugavam as vertentes técnicas, tácticas e físicas. Tinha sido seleccionador nacional, mas os jogadores não aceitaram a dureza dos treinos.
Depois de ter terminado o Campeonato de Lisboa, que os leões conquistaram, as atenções concentraram-se na meia final do Campeonato de Portugal, um Sporting - FC Porto, que se jogaria em Coimbra em 17 de Junho de 1923. Logo foi considerada a final antecipada da competição, entre os vencedores dos campeonatos de Lisboa e do Porto.
A primeira parte foi equilibrada, mas o sportinguista João Francisco, que tanto jogava a médio como a avançado, inaugurou o marcador aos 24 minutos. Na segunda parte, Francisco Stromp marcou aos 66 e 81 minutos e selou o triunfo leonino por 3-0. Uma semana depois, na final disputada com a Académica em Faro, o Sporting ganhou por 3-0.
Na fotografia, a equipa que derrotou o FC Porto na meia-final do Campeonato de Portugal, em Coimbra.
Em cima: Joaquim Ferreira, Cipriano dos Santos e Jorge Vieira;
No meio: José Leandro, Filipe dos Santos e Henrique Portela;
Em baixo: Torres Pereira, Jaime Gonçalves, Francisco Stromp, João Francisco e Emílio Ramos.
A equipa B do Sporting CP vai competir no Campeonato de Portugal já na próxima época. Ao que consta, os responsáveis leoninos tiveram ontem a confirmação por parte da Federação Portuguesa de Futebol que a sua equipa secundária é uma das quatro que, por mérito desportivo, será integrada no terceiro escalão do futebol nacional, isto antes de uma reestruturação dos quadros competitivos que já tem calendarização definida.
O Sporting CP, teve, porém, de comprometer-se a cumprir a exigência principal do órgão federativo, concretamente a manutenção da equipa de sub-23 na Liga Revelação, assim como as restantes equipas de formação, que, naturalmente, nunca estiveram em causa.
Frederico Varandas tinha como objectivo, desde a primeira hora, em Setembro de 2018, a reactivação da equipa B - depois da decisão do seu antecessor, Bruno de Carvalho, no final de 2017/18, em não renovar o protocolo para manter a equipa secundária, encaminhando-a para a despromoção desportiva e até a extinção da mesma, então apontando os custos excessivos como uma das causas -, tendo agora conseguido o desiderato um ano antes do objectivo proposto, que era o início da estação 2021/22.
A Federação abriu a porta ao regresso, o Sporting aproveitou e tem de encontrar soluções orçamentais que sustentem mais um projecto, indispensável para quem pretende apostar cada vez mais na formação.
Entretanto, emergem uma série de questões importantes. A primeira das quais passa pelo treinador, pelos jogadores, mas também onde irá actuar a formação secundária, uma vez que a Academia Sporting está a ser intervencionada e possui apenas um campo principal com bancada, onde jogam os sub-23, equipa feminina, juniores e juvenis.
É possível que os B venham mesmo a optar por outro campo para actuar como visitado. O plantel, esse, será constituído maioritariamente por atletas provenientes dos actuais sub-23, podendo igualmente integrar alguns elementos que estão actualmente cedidos a outros emblemas, em patamares competitivos inferiores à primeira divisão.
Definido o regresso à competição da equipa B na próxima temporada, a Sporting SAD vai agora acentuar as diligências no sentido de escolher um técnico que trabalhe de forma próxima com o responsável pela equipa principal, no caso Rúben Amorim. Aliás, este terá mesmo uma palavra a dizer. Como o nosso jornal oportunamente deu conta, o técnico dos sub-23, Leonel Pontes, é um dos mais sérios candidatos a assumir o projecto, mas outros nomes estão naturalmente a ser considerados por Frederico Varandas.
Há quem acusa a Federação Portuguesa de Futebol e o Governo português de dois pesos, duas medidas, no que refere às decisões tomadas sobre os três principais escalões de futebol no país.
Em princípio, a I Liga vai ter oportunidade de concluir a época, a II Liga, cancelada a época com o Nacional e Farense a serem promovidos ao escalão superior, e depois temos ainda o Campeonato de Portugal.
Vejamos o que a FPF teve para dizer, em comunicado, sobre esta prova:
"A Direcção da Federação Portuguesa de Futebol deu por terminadas, a 8 de Abril, as provas nacionais seniores não-profissionais que organiza.
Na mesma data, decidiu que analisaria "de que forma serão indicados os dois clubes que acedem à II Liga de futebol".
O Decreto-Lei 18-A/2020, de 23 de Abril, autorizou as federações a proceder às alterações regulamentares necessárias para dar resposta adequada a constrangimentos causados pela emergência de saúde pública relacionada com a pandemia COVID-19.
No dia 24 de Abril, a UEFA indicou às federações que deveriam ter em conta o mérito desportivo sempre que não fosse possível terminar em campo uma competição.
No dia 30 de Abril, o Conselho de Ministros decidiu que só autorizará a realização de jogos da Liga NOS e a final da Taça de Portugal.
A FPF assinou com a Liga Portugal, a 1 de Julho de 2016, um contrato que estabelece, entre outros pontos, que ascendem à II Liga dois clubes do Campeonato de Portugal, em função do mérito desportivo.
O Campeonato de Portugal é uma competição em duas fases. Na primeira, 72 clubes competem em 4 séries de 18 equipas. Os dois primeiros de cada série disputam um play-off para encontrar os dois a indicar à II Liga.
O Campeonato de Portugal foi interrompido em Março, quando faltavam disputar nove jornadas da primeira fase e todos os clubes se encontravam com o mesmo número de jogos.
É manifesta a impossibilidade de utilizar o play-off para indicar à Liga Portugal os dois clubes com acesso à II Liga.
Assim, a Direcção da FPF reconhece o mérito desportivo e indicará, de entre os líderes das séries à data em que a prova foi dada por concluída, os dois clubes com maior número de pontos.
Na época 2019/20 serão indicados para ascender à II Liga o Futebol Clube de Vizela, Futebol SAD (Série A) e o Futebol Clube de Arouca, Futebol SDUQ LDA (Série B)".
Mediante o formato do Campeonato de Portugal, seis clubes acabam por serem preteridos e acusam a Federação de ter optado por uma decisão 'habilidosa" que lhes causam danos injustos.
Além dos óbvios prejuízos económicos, estamos perante mais um caso em que a verdade desportiva foi desvirtuada, mesmo considerando a excepcionalidade do período de crise que atravessamos.
A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) divulgou esta quinta-feira a composição das quatro séries do Campeonato de Portugal de 2018/2019, cujo sorteio está marcado para segunda-feira, na Cidade do Futebol, em Oeiras.
O terceiro escalão do futebol português começa a disputar-se a 12 de Agosto, sob um novo formato competitivo, com 72 clubes divididos em quatro séries de 18 equipas, elaboradas de acordo com a localização geográfica dos clubes.
De destacar a inclusão do Sporting B na série D, após ter recuado na decisão de extinguir a formação secundária.
Depois de concluídas as duas voltas do campeonato, os dois clubes mais bem classificados em cada uma das quatro séries qualificam-se para disputar os play-offs, entre 25 de Maio e 23 de Junho, de forma a determinar as duas equipas promovidas à II Liga.
Os clubes classificados nos cinco últimos lugares de cada uma das séries do Campeonato, cuja fase regular termina em 12 de Maio, descem automaticamente aos distritais.
- Composição das quatro séries do Campeonato de Portugal de 2018/2019:
- Série A: Montalegre, Limianos, Chaves (satélite), Vilaverdense, Merelinense, Maria da Fonte, Pedras Salgadas, Gil Vicente, Mirandês, Caçadores Taipas, Torcatense, Mirandela, Fafe, Oliveirense, Vizela, São Martinho, Felgueiras e Trofense.
- Série B: Amarante, Pedras Rubras, União da Madeira, Marítimo B, Paredes, Leça, Gondomar, Coimbrões, Cinfães, Espinho, Lusitânia, Mêda, Cesarense, Sanjoanense, Penalva Castelo, Lusitano Vildemoinhos, Gafanha e Águeda.
- Série C: Anadia, Oliveira do Hospital, Nogueirense, Oleiros, Alcains, Benfica de Castelo Branco, Sertanense, União de Leiria, Fátima, Mação, Caldas, Peniche, Torreense, Vilafranquense, Alverca, Loures, Sintrense e Sacavenense.
- Série D: 1.º Dezembro, Praiense, Ideal, Angrense, Sporting B, Real Massamá, Oriental Lisboa, Casa Pia, Olímpico Montijo, Redondense, Pinhalnovense, Amora, Vasco Gama (Beja), Moura, Louletano, Ferreiras, Armacenenses e Olhanense.
Quando o “leão” Soeiro foi recebido no Barreiro com música e foguetes
Pode um jogador de futebol marcar um póquer de golos ao principal clube da sua terra natal e ser lá recebido com música e foguetes? A resposta certa é a de que pode, pode sim senhor, desde que ao reconhecimento do valor do filho da terra se acrescentem sérias razões de rivalidade clubística. E que, evidentemente, seja lá bem-vindo o clube onde joga o filho da terra.
Foi o que se passou com Manuel Soeiro (no Sporting de 1933 a 1945) depois de uma disputadíssima final com o Barreirense para o Campeonato de Portugal, em 1934. Nesse jogo, foi o único marcador de golos pelos de verde e branco numa difícil vitória por 4-3, que ficou na história como o “Póquer de Soeiro”. Antes de vestir a camisola sportinguista, ele tinha brilhado com a do Luso do Barreiro de 1928 a 1933, e os leões possuíam uma grande falange de adeptos na vila operária. Foi, portanto, uma grande festa homenagem a Manuel Soeiro e uma manifestação de entusiasmo leonino… apimentada pela rivalidade entre os dois clubes do Barreiro.
Ficha de jogo:
Final do Campeonato de Portugal (1933-34)
Sporting 4 - Barreirense 3
Stadium de Lisboa, 8 de Julho de 1934
Árbitro: David Costa (Porto)
Barreirense: Francisco Câmara; Leonel e José da Fonseca; António de Carvalho, Raul Batista e Vieira; Raul Jorge, Pedro Pireza, José Correia, João Pireza e António Nunes
Treinador: Augusto Sabbo
Golos: António Nunes (9m), João Jurado (p.b., 31m ou 75m, conforme as fontes) e Pedro Pireza (73m)
Sporting: Joia; João Jurado e Joaquim Serrano; Correia, Rui Araújo e António Faustino; Adolfo Mourão, Vasco Nunes, Manuel Soeiro, Manuel Martins “Reynolds” e Agostinho Cervantes
Treinador: Rodolf Jenny
Golos: Soeiro (38m, 40m, 68m e 95m)
A direção da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) aprovou esta semana a criação de uma comissão técnica independente para estudar a categorização das competições internas. Pretende-se, particularmente, avaliar a coerência da atribuição do título de Campeão Nacional aos vencedores do Campeonato de Portugal disputado entre 1921-22 e 1937-38. Trata-se, sem dúvida, de uma boa decisão da FPF e que decorre de um pedido de esclarecimento do Sporting ao organismo que tutela o futebol nacional. Deseja-se, agora, que a comissão seja constituída de forma adequada e que chegue a uma conclusão bem fundamentada.
É conhecida a posição da direcção do Sporting, que considera que o Clube conquistou 22 títulos de Campeão Nacional, e não 18 como é contabilizado pela FPF. A pretensão leonina carece do reconhecimento institucional. Por isso, espera-se que a direcção sportinguista apresente sólidos argumentos jurídico-desportivos e históricos que permitam rever a decisão federativa de 1938, demonstrando que a essência do Campeonato de Portugal teve continuidade no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Por outro lado, deseja-se que seja levada a cabo uma acção de sensibilização de determinadas associações regionais para a possibilidade do enriquecimento do palmarés de alguns dos seus clubes filiados.
Seria muito interessante conhecermos o que se escreveu na altura no jornal Sporting e o pensamento de personalidades leoninas como Joaquim Oliveira Duarte, Salazar Carreira e outros sobre a reorganização desportiva de 1938. Mas, independentemente da conclusão da comissão técnica independente, o palmarés desportivo nacional do Sporting é notável e revela que o passado constitui motivo de orgulho e que permite encarar o futuro com confiança. Agora, é importante que se criem as condições necessárias para que o Clube de José Alvalade reencontre o caminho do sucesso competitivo e da hegemonia no futebol português.
Na fotografia, a equipa do Sporting que conquistou o Campeonato de Portugal em 1922-23.
Naquele tempo em Portugal, na década de 1930, o pelado dos campos de futebol parecia lixa, os jogadores calçavam botas com travessas e os treinos eram quase de madrugada para haver tempo de “pegar” o emprego. A televisão ainda demorava a chegar e, por essa razão, não havia nem o “Play Off” nem o “Dia Seguinte” para esmiuçar pela milionésima vez o fora de jogo por milímetros ou a jogada do penalty no limite da grande área. Muito menos se falava do vídeo-árbitro, obviamente. Apenas os espectadores que compravam o bilhete tinham o privilégio de assistir a um jogo de futebol e discutir entre si as peripécias da partida.
Como sempre, houve grandes polémicas futebolísticas que se arrastaram por anos e anos até que a poeira dos caminhos se abateu sobre elas. É que o futebol tem a qualidade extraordinária de sobre o mesmo lance permitir pelo menos duas versões completamente distintas. O coração é que manda. Foi o que se passou numa final do Campeonato de Portugal (1937) rijamente disputada entre o Sporting e o FC Porto, em Coimbra. O caso foi um penalty no mínimo excêntrico que o árbitro Santos Palha marcou contra os leões e que determinou a conquista do título pelos do norte. Se um jogo de futebol tem muito de narrativa da própria vida de cada um pode-se imaginar como é os milhares de sportinguistas saíram do Campo do Arnado vergados ao peso de uma derrota que todos consideraram injusta.
Decorria a segunda parte do jogo, o Porto vencia por 2-1, o Sporting liderado por Mourão, Soeiro, João Cruz e Pireza pressionava a baliza de Soares dos Reis e o jogo quase que não saía do meio-campo adversário. Num lance fortuito na grande área verde e branca, um avançado portista jogou a bola com a mão e ouviu-se uma apitadela estridente. O leão Jurado com a pressa agarrou a bola para marcar de imediato o livre, mas o árbitro apontou para penalty. Mão intencional do avançado, disseram os sportinguistas. Nada disso, considerou Santos Palma, garantindo que não tinha apitado falta azul e branca e que o som teria vindo da bancada. O brasileiro Vianinha, antigo leão, encarregou-se da marcação da grande penalidade e colocou o Porto a vencer por 3-1.
Pireza ainda reduziu para 3-2, mas o destino estava traçado, Joseph Szabo perdeu a primeira final como treinador do Sporting e ficou a polémica a propósito de um penalty demasiado excêntrico. Algum tempo depois, o árbitro reconheceria o erro e o Sporting protestou, mas já era tarde demais. Curiosamente, um futuro craque de categoria excepcional e que tinha chegado pouco dias antes de Angola assistiu na bancada às peripécias do desafio: Fernando Peyroteo, de seu nome.
Ficha do Jogo
Final do Campeonato de Portugal, 1936-37
FC Porto 3 - Sporting 2
Coimbra (Campo do Arnado), 4 de Julho de 1937
Árbitro - Santos Palma (Santarém)
Sporting - Azevedo, Jurado, Galvão, Rui Araújo, Aníbal Paciência, Manuel Marques (Manecas), Mourão, Soeiro, Pireza, Heitor e João Cruz
Treinador - Joseph Szabo
Marcadores – Heitor (32m) e Pireza (80m)
FC Porto - Soares dos Reis, Ernesto, Manuel dos Anjos, Vianinha, Pocas, Reboredo, Carlos Nunes, Artur de Sousa, António Santos, Pinga e Lopes Carneiro
Treinador - François Gutkas
Marcadores - Lopes Carneiro (8m), Carlos Nunes (60m) e Vianinha (76m)
P.S.: Fotografia de uma equipa do Sporting 1936-37, com os mesmos jogadores que participaram na final de Coimbra
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