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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Estamos de acordo que o timing do artigo do 'Observador' não é feliz e que todo o extenso rol de visados no mesmo tem direito à presunção de inocência.
Há, contudo, questões que não podem deixar de ser equacionadas, para além das suspeitas de ilícitos criminais e atentados à verdade desportiva, que competirão ao Ministério Público investigar e ao tribunal julgar.
O texto em causa tem o grande mérito de elencar, de forma exaustiva, as contratações que o Benfica promoveu, de jogadores que nunca ou pouco utilizou e que dispersou por clubes da 1.ª Liga, perdendo assumida e sistematicamente o investimento efectuado.
Esta prática persistente acumulou um prejuízo significativo; na cultura comunicacional que vigora na Luz, como os sucessos são empolados e o que corre mal varrido para debaixo do tapete, só se fala na venda do João Félix e nunca neste tipo de casos.
Quando fica sob a luz dos holofotes, o que se tem tornado numa recorrência, Luís Filipe Vieira normalmente reforça o contingente de advogados e consultores de imagem e cala-se.
Não vejo como o possa fazer agora, porque o mundo do futebol quererá saber por que é que o Benfica compra jogadores que nunca pensou incluir no seu plantel e que acaba por ceder com prejuízo. É um racional que não bate certo, e, remetendo-se ao silêncio, Vieira alimentará as mais variadas suspeições.
Depois há a questão daqueles que, não sendo Luís Filipe Vieira, falam em nome dele, em contextos que são verdadeiramente aterradores. Quanto mais não seja para salvaguardar a sua honorabilidade pessoal, devia esclarecer se há ou não abuso de representação.
Finalmente, perante os múltiplos indícios que existirá possível fraude à lei, na limitação regulamentar dos jogadores emprestados a outros clubes, a partir de 2018, muito em particular no trânsito de jogadores para o defunto Aves, espera-se que a Liga promova, sem delongas, o correspondente inquérito.
Não basta argumentar que, na falta de condenações judiciais, é prematuro apontar o dedo a quem quer que seja; há uma vincada dimensão ética, subjacente a qualquer instituição e por maioria de razão ao Benfica, que clama e exige explicações.
É apenas a diferença entre o jogo sujo e o jogo limpo.
Artigo da autoria de Carlos Barbosa da Cruz, em Record
Extraí este parágrafo do escrito semanal de Carlos Barbosa da Cruz no Record, que me parece muito pertinente ao momento e que, por outras palavras, já referi na minha coluna no Jornal do Sporting: «As candidaturas devem, em matéria financeira - como em todas, aliás - assumir uma especial clareza e transparência. É preciso que expliquem aos sportinguistas se têm o dinheiro ou o crédito, quanto podem dispor, de onde porvém, quais os ónus ou pessoas associados, qual a estratégia de governance, quais as prioridades, qual a estratégia.»
A única dúvida com este importante aspecto das coisas sobre o estado do Sporting do momento, é quantos sportinguistas estarão verdadeiramente interessados em discutir matéria que não o futebol, as pessoas ligadas ao mesmo e os projectos dos candidatos nexte exclusivo contexto. É por de mais reconhecido que há uma falange - aquela mais militante que apoia Bruno de Carvalho - que não vacilará nesse apoio indiferente do eventual superior mérito de qualquer outro candidato. A fixação desta é com a pessoa e não com a qualidade do programa apresentado. Recairá, portanto, sobre a restante maioria, o ónus de tentar compreender e avaliar tudo o que se relaciona com quaisquer medidas de melhoramento que sejam apresentadas.
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