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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Não é que eu queira dar destaque a este personagem. Aliás, evito de publicar seja o que for relacionado com o consulado do ex-presidente destituído, mas achei interessante esta sessão do julgamento de Rui Pinto, a decorrer no Campus de Justiça, em Lisboa.
No âmbito do "Football Leaks", o ex-vice Carlos Vieira realçou interesses nos jogadores, que rumariam aos rivais directos. E confessou que a divulgação do salário de Jorge Jesus foi um problema para um clube em "pré-falência".
Enquanto era interrogado como testemunha no processo, Carlos Vieira percorreu os vários e-mails e outros documentos a que Rui Pinto terá acedido e confidenciou em tribunal que Mitroglou e Danilo estiveram perto de Alvalade.
"Houve um rascunho que foi visualizado daquilo que era um potencial acordo com o Fulham por Mitroglou, 2015, no entanto acabou por ir para o Benfica. Também começou a circular o draft quanto ao Danilo, que estava no Marítimo e acabou por rumar ao FC Porto [em 2014]. Estava tudo acertado da nossa parte. Não ter conseguido fechar o contrato com o Danilo incomoda-me ainda hoje."
Abordando os vários dossiers controversos, nos casos Rojo, Jeffrén, Bruma, Labyad, Vieira considerou que o mais nefasto da publicação dos e-mails no portal "Football Leaks" foi o salário de Jorge Jesus:
"Não queríamos que se soubesse o valor do contrato porque era um investimento grande [2015] para um clube que dois anos antes estava em pré-falência. Ao início pensávamos que era uma campanha contra o Sporting, mas depois percebemos que não".
“Eu nem do Sporting de lá gosto, quanto mais do de cá. Tudo o que hoje sou é graças a mim, aos meus colegas e ao Benfica”, garantiu Eusébio numa entrevista à revista Única do jornal Expresso, em 12 de Novembro de 2011. Na entrevista, afirmou também que em Moçambique, na época colonial, o Sporting “era o clube da elite, da policia e dos racistas”.
A fotografia é da equipa júnior do Sporting de Lourenço Marques na época de 1959-60 onde tinham lugar os jovens brancos, negros, mestiços, indianos e chineses da capital moçambicana desde que tivessem qualidade para isso. Eusébio foi primeiro ao Desportivo de Lourenço Marques para prestar provas e não o deixaram treinar. A seguir, compareceu no Sporting e o treinador Nuno Martins integrou-o no plantel júnior leonino.
Nessa entrevista, Eusébio foi muito injusto para com o clube que o recebeu. Na verdade, durante três anos ele jogou nos juniores e nos seniores dos leões laurentinos, tornando-se uma estrela do futebol moçambicano por mérito próprio, mas também por mérito do clube que lhe deu formação e o lançou como futebolista. Foi igualmente injusto para com Nuno Martins que o aconselhou, ensinou, preparou e encaminhou em diversas circunstâncias.
No essencial, a ida de Eusébio para o Benfica é bem conhecida. O presidente do Benfica Maurício Vieira de Brito agiu com prontidão audaciosa e entregou 250 contos à mãe e ao irmão mais velho do jogador, enquanto que o presidente do Sporting Brás Medeiros estava convicto de uma hipotética prioridade pelo facto dele jogar numa filial leonina, como se tinha verificado até essa data com os jogadores ultramarinos.
No diferendo entre os clubes, o Sporting teve o apoio da Direcção-Geral dos Desportos e o Benfica da Federação Portuguesa de Futebol. Houve histórias de espionagem pelo meio, Eusébio ainda esteve quase a ir para o Sporting através de Hilário, mas foi escondido no Algarve para não ser aliciado. Durante alguns meses, de Dezembro a Abril de 1961, ele ainda era jogador do Sporting de Lourenço Marques. Finalmente, em Maio, verificou-se uma decisão federativa favorável ao clube encarnado.
O antigo dirigente leonino Carlos Vieira propôs que deveria haver um espaço para Eusébio no Museu do Sporting. Não tem razão, pois o jogador nunca revelou reconhecimento ou carinho pelo nosso Clube e os sportinguistas vivem bem com o seu património histórico. Eusébio é do Benfica e terá o devido destaque no Museu encarnado.
Na fotografia, uma equipa de juniores do Sporting de Lourenço Marques em 1959-60:
Em cima - Braga Borges, Leitão, Bessa, Sal, James (capitão), Coelho e Delfim;
Em baixo - Madala, Roberto Mata, Eduardo, Eusébio, Morais Alves e Isidro.
A capa da Revista Única (Expresso) de 12 de Novembro de 2011 acentua apenas algumas das afirmações mais infelizes de Eusébio da Silva Ferreira nos últimos anos de vida, em relação ao Sporting. Em abono da verdade, diga-se, afirmações estas que eu não esperava jamais voltar a abordar, mas que recém-circunstâncias me obrigam.
As ditas circunstâncias têm a ver com declarações de um ex-vice-presidente destituido do Sporting - então braço direito do também destituído presidente do Conselho Directivo - numa coluna que assina num site noticioso aparentemente afecto a adeptos sportinguistas.
Nessa coluna, o supracitado ex-vice-presidente, que, havendo verdade nos rumores da praça, alimenta a ambição de vir a ocupar a cadeira da presisência do Sporting (Deus nos livre), faz referência à formação de Eusébio da Silva Ferreira no Sporting de Lourenço Marques, uma filial sportinguista:
"Não esqueço também as peripécias com Eusébio, em 1960, que permitiram que o jogador assinasse com o Sport Lisboa e Benfica. A propósito de Eusébio, e face à realidade daquele tempo, continuo a achar que deveria haver no Museu do Sporting um espaço para mostrar um jogador que também se pode considerar como tendo feito parte da sua formação, pois jogou três anos no Sporting de Lourenço Marques (hoje Clube de Desportos do Maxaquene), tendo sido campeão distrital e provincial".
"Deveria haver espaço no Museu do Sporting" para o Eusébio?
Bem, face a esta monumental estapafurdice - para ser muito simpático -, a única conclusão possível é que estão a surgir efeitos do novo coronavírus muito além dos que já foram diagnosticados até ao momento. Nada mais faz sentido!
Dirigiu V. Exª os destinos do Sporting Clube de Portugal nos últimos anos, em conjunto com Bruno Miguel Azevedo de Carvalho, tendo tido a responsabilidade nas finanças do Clube e da SAD.
Durante praticamente todo o tempo que exerceu funções, raramente ouvimos de si qualquer explicação, por mais simples que fosse, sobre a realidade económica ou financeira do Clube e da SAD, mas assistimos a um discurso presidencial do " milagre da multiplicação dos pães ", onde até a apresentação de relatórios de sustentabilidade ( seguramente elaborados por empresas externas que cobram fortunas ) serviu para eludir a realidade económica e financeira do Clube e da SAD.
Ouvimos repetidamente a mentira apregoada pelo ex presidente " à boca cheia", que foi obra sua e dele a reestruturação financeira concretizada em 2014, apesar de todas as pessoas que directamente participaram nesse processo terem sempre negado tal facto e saberem que foi com o Engenheiro Luis Godinho Lopes e Dr Sikander Sattar que tal reestruturação foi negociada, à excessão do Dr. José Maria Ricciardi que precisou de mais de cinco anos para finalmente vir a público esclarecer tal facto.
Aliás pelas contas da SAD depositadas na CMCVM, é fácil constatar que não eram capazes de negociar qualquer reestruturação financeira. Já que ao contrário do que apresentaram e mostraram aos Sportinguistas, os vossos cinco anos de mandato trouxeram 100M de € de divida financeira adicional e 45 M€ de resultados operacionais negativos e isto apesar de :
- terem vendido nesse período 200M€ de jogadores
- terem antecipado receitas no valor de 60 M€ de televisão, publicidade e bilhética
- terem emitido 80M€ adicionais de VMOCs
- terem estendido o direito de superfície do estºadio até 2063 com um encaixe nulo,mas reflectido nas contas de 74 M€
Dado que lemos no passado dia 22 de Junho de 2018, finalmente, a uma entrevista dada por si ao DN, onde vem fazer afirmações que carecem de explicações, gostaríamos de ser esclarecidos:
1 - Afirma Vª Exª que "os desequilíbrios financeiros são uma realidade de todas as SAD´s que depois são compensadas com as vendas dos jogadores".
Apesar de ser escandalosa a sua afirmação, embora verdadeira pois como dizemos acima em 5 anos perderam operacionalmente 45M€, poderá esclarecer o Universo Leonino como pensava realizar a venda desses jogadores depois dos acontecimentos de 15 de Maio e da posição assumida pelos mesmos?
Porque não se demitiram naquele momento tão conturbado para evitar a rescisão e eventual perda dos activos, que permitiriam hoje o Sporting não estar em falência técnica?
2- Afirma que " empurrámos para Novembro a concretização da emissão do empréstimo obrigacionista, que não foi possível concretizar e que daria um apoio de tesouraria…".
Poderá explicar aos associados do Sporting porque foi necessário e como seria possível " empurrar " um empréstimo obrigacionista, que quebra com todas as regras da confiança, imprescindíveis na relação com o mercado, os investidores e as instituições financeiras que têm trabalhado com o Sporting? Não será isso a revelação da vossa deficiente gestão e portanto perca de liquidez?
Como explica aos associados do Sporting que a tesouraria dependia da emissão dum empréstimo obrigacionista, quando sempre propagandeou que o Clube e a SAD viviam uma situação única de desafogo financeiro, com resultados operacionais fantásticos?
3 - Afirma que " vai haver uma redução de massa salarial, à partida "…
Como tem a "destinta lata" de continuar a vir eludir os sócios do Sporting, quando aumentaram em mais de 74 % os gastos com pessoal, contrataram indiscriminadamente funcionários, regra geral no seio das famílias dos órgãos sociais do clube, e criaram uma quantidade de benefícios para os órgãos sociais nunca visto em Alvalade?
4 - Afirma que " não estão garantidas as condições de segurança para a emissão do empréstimo obrigacionista"…
Como foi possível, conhecedor deste factor, não ter apresentado a sua demissão imediata? Ou não perceberam que quem criou as deficientes condições de segurança, foi a vossa truculenta e danosa gestão?
Como foi possível deixar que o Sporting mergulhasse neste abismo financeiro, onde se perspectivava a incapacidade de cumprir com os seus compromissos ?
5 - Questionado se nos próximos dois meses o Sporting ficaria sem dinheiro, afirma. " não acho que isso vá acontecer"…
Como pôde fazer afirmações desta gravidade, quando sabemos hoje que uma série de compromissos não foram respeitados e o acordo com as instituições financeiras para recompra das VMOC´s não foi cumprido?
Poderá informar os sócios do Sporting qual o saldo do fundo de reserva criado para o efeito, à data da sua cessão de funções?
6 - Afirma "o revolving de 30 milhões, o empréstimo de 15 a 20 milhões e mais uns pózinhos e chegamos aos 60 milhões"…
Pode explicar melhor a que "pózinhos" se refere? Ou qual a "fatia da tarte" que não quiseram dividir com o Dr José Maria Ricciardi?
7 - Rui Patricio esteve com um acordo fechado para ser vendido a um clube da liga inglesa, com uma proposta que permitiria cumprir, no imediato, uma série de compromissos financeiros.
Como explica que tal negociação não tenha sido concluída, a bem dos superiores interesses do Sporting? Se o valor era baixo, não percebem que foram vocês que destruíram valor pelas afirmações que fizeram?
Por último, como encara a forte possibilidade de virem a ser responsabilizados, civil e criminalmente, pelos actos de gestão danosa que praticaram e se está disposto a assumir pessoalmente, e com o seu património, todos os danos que causaram ao Sporting Clube de Portugal?
Lisboa, 27 de Junho de 2018
Em entrevista à CMTV, esta sexta-feira, José Maria Ricciardi reagiu às declarações de Carlos Vieira, em que este o acusou de ter acesso a informações privilegiadas sobre a situação financeira do Sporting, chamando mesmo mentiroso ao ainda membro do Conselho Directivo:
"Se o Sporting conseguir entrar na normalidade institucional, terá condições para voltar ao mercado de capitais. Haverá outras alternativas, mas ao contrário das mentiras de Carlos Vieira, não tenho nenhuma informação privilegiada. A única informação que tenho são os relatórios e contas. O Dr. Vieira é de facto um mentiroso compulsivo. Não tenho conhecimento dos números a não ser os que são públicos. Não consigo especular sobre se há dinheiro ou não há dinheiro".
Carlos Vieira, vice-presidente do Sporting, explicou esta semana que existe uma grande diferença entre a avaliação externa feita ao plantel leonino e aquele que ele realmente vale, de acordo com as contas do Sporting:
«A 30 de Junho o Sporting tinha nas suas contas um plantel avaliado em 32 milhões e logo em Agosto vendemos um jogador por 30 milhões. Vê-se logo aí a disparidade. O Slimani estava valorizado em 100 mil euros nestes 32 milhões. Como o Sporting é um clube formador, uma parte dos seus jogadores valem zero nas contas. A diferença entre o valor contabilístico e o valor de mercado no Sporting é muito maior do que nas outras sociedades desportivas.
Sei que o valor que está na contabilidade no Sporting são 32 milhões de euros, o Benfica 115 milhões e o FC Porto cerca de 91 milhões. A diferença entre o valor de mercado e o da contabilidade, no caso do Sporting, aproxima-se dos 160 milhões. As contas da SAD referentes ao terceiro trimestre serão apresentadas até ao final do mês».
Carlos Vieira
O Sporting denunciou esta sexta-feira, através do canal do clube, a existência de um burlão na zona de Coimbra que se anda a fazer passar por Carlos Vieira, vice-presidente para a área financeira do Sporting.
Um homem anda a fazer-se passar por Carlos Vieira com o pretexto de angariar dinheiro para ajudar o Sporting, revelou a Sporting TV, adiantando ainda que o clube já denunciou a situação às autoridades que estão a investigar.
Que história tão estranha !... Alguém terá dito, algures, que "quando estiveres entre os lobos uiva como eles". Duvido muito que este "burlão" vá encontrar lobos em Coimbra.
Tenho procurado na última semana proceder a uma observação menos emocional e mais racional sobre este momento do nosso Clube nesta pré-época. Alguns resultados menos conseguidos têm provocado discussão aqui e além, no que respeita à fundamentabilidade destes configurarem a previsão de uma época de sucesso, na qual as nossas expectativas se encontram elevadas uma vez mais.
Em Portugal, tanto Vilas-Boas como Vitória foram treinadores que não desfrutaram de bons presságios em pré-época. No final dos respectivos campeonatos (2011 e 2016) e feitas as contas, os resultados foram de facto felizes, remetendo a esquecimento tristes episódios do passado que ninguém mais se lembrou. Necessário será reflectir se teremos de nos sujeitar a comparações entre situações de continuidade (no caso do Sporting este ano) ou de transição (nos casos anteriormente referidos). Assim, assola-nos a dúvida em relação ao potencial e real valor deste nosso plantel, ainda que desfalcado de peças importantes. Viverá o Sporting dependente dos que ainda gozam de férias?
Talvez estes resultados não sejam assim tão importantes. Porém, gostava de ter verificado uma disputa de um Torneio digno, praticado com todas as condições que em geral torneios profissionais exigem, e não apenas jogos em vulgares recintos de treino, num clima de confraternização e de pouca exigência. Algumas invasões de campo por parte dos nossos adeptos (cegos no apoio ao Clube, mas cegos na avaliação ao desempenho?), revelaram amadorismo na organização – confesso que temi pela segurança do infeliz árbitro do jogo com a equipa holandesa; tudo exposto, demasiado exposto, pouco de acordo com matrizes de razoabilidade e concentração. “Bruno, anda aqui para tirar uma foto” para gáudio de quem observa e ouve. Se era isto que se desejava, nesta tão importante “pré-época de aproximação aos adeptos do Clube”, foi isto que se teve. Que na comitiva todos tenham ficado felizes com o(s) resultado(s).
Paralelamente, aguardo com alguma ansiedade as primeiras movimentações de mercado no nosso Clube. Com cronómetro cada vez mais acelerado para uma obrigatória injecção de capital (vulgo balão de oxigénio, vulgo pretensões dos credores em liquidar os naturais juros e interesses de Factoring), aguardamos por um ou dois bons negócios. Eu aposto as minhas fichas em 2 transacções até Setembro + 1 em Janeiro, na melhor das hipóteses, ou 2+2 no pior cenário: eliminação da Liga dos Campeões na fase de grupos.
A minha sugestão contemplaria um cenário diferente. Com humor, em Fevereiro deste ano teria sido organizada uma excursão a Roma, levando a Banca e a Holdimo a ver o Papa e outras paisagens, aproveitando o momento para efectuar os seguintes pedidos:
#1 - Em Maio deste ano ter procedido a um Aumento de Capital de 50 Milhões, com um depósito de 30% que garantisse em Julho – este mês – a libertação de dois passes de jogadores como garantias bancárias, de acordo com as normas europeias em vigor.
#2 - Utilizar a verba remanescente do Aumento de Capital para adquirir 3 jogadores fundamentais antes das diversas competições internacionais iniciarem. Atribuir os passes destes novos activos como Fundos de Garantia, afim de se resgatar a verba de 30% para manutenção de escala de vencimentos.
#3 - Negociar com a Banca a manutenção dos activos até Dezembro, (não vender três dos campeões europeus), garantindo-lhes – à Banca e aos Jogadores – 2 operações (vendas) de mercado em Janeiro.
#4 - Pegar na libertação de garantias bancárias (passes) descritos na alínea #1 e realizar 60 milhões até ao final deste mês de Julho – João Mário e Slimani, ex. – tendo procurado adquirir jogadores consagrados para as mesmas posições com a devida antecedência.
#5 - Uma guia de marcha para Teo, João Pereira, Schelotto, Azbe, Zeegelaar, e demais “bons rapazes” de qualidade duvidosa. Que me desculpem aqueles que apreciam algum destes jogadores que referi.
#6 - Em Janeiro realizar uma venda: William.
#7 - Pedir ao bom Jesus para fazer de Palhinha, Podence e Matheus um negócio de 80 milhões no Verão do próximo ano. Ou também levar Jorge Mendes a Roma…
Por outro lado…
Gostaria que o Sr. Nuno Saraiva, no seu palmo e meio de aptidão financeira, nos explicasse a todos o que acontece em Economia quando se procede a um congelamento de preços e negociação de activos. O cenário em todo semelhante à nacionalização de uma empresa (o que está a ser feito no Sporting, porque é disso que se trata a colocação de informação no âmbito de “não-venda”), levará o Sporting a fechar as portas ou fronteiras ao mercado – ou vice-versa. Num País, o que costuma acontecer é o seguinte: numa primeira fase, impressão de divisas para acompanhar a taxa de inflação. Numa segunda fase, perante a miséria das acções tomadas, pede-se ajuda ao FMI. Ao Sr. Saraiva, deixo o seguinte parágrafo:
“O Economista deverá conduzir a sua actividade profissional de forma que fomente a confiança que os destinatários da sua actividade nele depositam. Não deverá assumir posições que sejam falsas, que não correspondam inteiramente à verdade ou que possam induzir em erro.”
In “Integridade”, Cap.5.1, do Código Deontológico dos Economistas, publicado pela OPE (Ordem Portuguesa dos Economistas).
P.S.: Esqueci-me que o Sr. Saraiva não é Economista. Onde anda Vieira ?
Carlos Vieira, responsável administrativo pela área financeira, deu esta segunda-feira uma entrevista ao Jornal de Notícias na qual abordou alguns assuntos contemporâneos, garantindo não existir actualmente nenhuma necessidade de realização de negócios que incluam a venda de jogadores para equilíbrio financeiro do Sporting. Algo inédito.
Entre diversas declarações que naturalmente pouco expõem o clube à sensível natureza de tal afirmação, Vieira assume que hoje o Sporting é um clube valorizado e devidamente posicionado nos seus objectivos desportivos que deseja. Refere que Jesus, assim como o rendimento desportivo inerente à intervenção do mesmo, permitiu uma angariação de negócios bastante proveitosos, outrora inatingíveis por diversas direcções que legaram o clube a uma insustentabilidade já conhecida e deveras debatida.
Numa primeira observação ao teor da entrevista, nada de novo esta nos traz; não mais do que fomentar natural mensagem positiva e de esperança junto dos adeptos leoninos com natural interesse em acompanhar não apenas as questões futebolísticas, mas também as de ordem financeiras tão importantes ao interesse do clube.
Uma Reflexão
Em análise mais aprofundada, ressalva-se o enigma respeitante à “marginalização” de uma das mais importantes fontes de rendimento do Sporting, assim como de outro qualquer emblema mundial. Numa gestão desportiva moderna, já abordámos no Camarote Leonino os quatro factores fundamentais á sustentabilidade no que respeita às Receitas. Vamos lá recordar:
1) Receitas de Match Day (ex: venda de bilheteira, merchandising)
2) Receitas de Broadcast (ex: direitos de transmissão televisivos)
3) Receitas Comerciais (ex: sponsorship e objectivos de performance competitiva)
4) Receitas Extraordinárias (ex: vendas de Jogadores, prémios de competições)
Sobejamente conhecida a realidade clubística inerente a diferentes escalões e economias, o desinteresse pela venda de activos consegue tornar-se uma conjuntura apenas possível a emblemas com extraordinários ganhos nos referidos pontos um, dois e três. Falamos naturalmente de Man.United, City, Chelsea, Barcelona, Real e PSG, como exemplos nunca comparáveis aos nossos clubes portugueses. Embora de salientar que as condições de sustentabilidade financeira impostas pela UEFA determinem um break-even obrigatório positivo, levando também estes a ponderar a gestão de entradas e saídas de activos. Mas não naturalmente com necessários objectivos de sobrevivência, como nos casos do futebol português que diversas vezes assistimos.
A Ponta do Iceberg
Poderá o leitor então questionar o que estará por detrás de tal natureza de desinteresse de angariação de verbas em vendas por parte do Sporting. No conhecimento de todos, estará visível a ponta do verdadeiro iceberg, onde sobressaem as declarações do presidente do clube, que por diversas vezes afirmou que o Sporting pretende reconfigurar uma tendência de maus negócios que assistiam a passadas direcções no clube. O nosso aplauso, se tal for efectivamente conseguido. É o que todos desejamos.
Convém recordar que fazendo fé à não-existência de um dolo-intencional em qualquer elemento directivo passado no sentido de prejudicar as finanças do nosso clube a seu bel-prazer, compreendemos esta referida relação negativa de negócios passados – derivantes essencialmente da urgência de verbas para pagamentos imediatos – perante graves faltas de provisão de tesouraria. Do mesmo modo que sabemos que tais dificuldades económicas se deveram essencialmente ao assinalável défice de retorno de investimento aplicado num potencial competitivo das equipas que não o justificaram. Ou seja, investiu-se muito nas equipas sem retorno perante o que se gastou.
Na realidade, mais cedo ou mais tarde e como uma condição sine qua non, o Sporting terá necessariamente de vender activos. A pré-disposição semântica utilizada pelos elementos directivos actuais levar-nos-ão a acreditar no inverso, pois continua-se a assumir que a tal reestruturação financeira permite hoje o clube estar completamente alheio a este tipo de necessidade. Do mesmo modo, é notório interesse em passar a mensagem ao “mercado”, no sentido que este tenha de “abrir os cordões à bolsa” para contratar ao Sporting. É claro que as coisas não são assim que funcionam.
Este discurso só se sustenta naturalmente pelo resgate dos passes de jogadores, condição fundamental à libertação de uma linha de crédito (provavelmente em formato Factoring), na qual uma venda futura de activos (que podem servir hoje como necessárias garantias) proporcione o retorno desejado a quem está por trás desta emergente saúde financeira que assiste ao Sporting. Ou seja, poderá quase garantidamente o valor de uma futura venda de um jogador ter sido entregue por antecipação ao nosso clube, remetendo-se este a seguir indicações de conjunturas de mercado até ao negócio suceder para interesse alheio.
Em Suma
A economia é uma extraordinária ciência. Revitaliza um País defunto com um simples estalar de dedos, do mesmo modo que confunde todo o cidadão pagador de impostos a acreditar que as coisas “estão bem", levando-o a endividar-se, numa manutenção do ciclo económico obrigatório à sustentabilidade das nações. Reconhecendo que para a maioria da população estará na qualidade do seu sono a sua eterna riqueza, nunca esta se pode esquecer que o colchão onde se dorme nunca será mais importante que o pagamento da prestação de crédito da habitação, com todos os juros e responsabilidades inerentes.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.