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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Em 1876 o pedagogo João de Deus publicou a Cartilha Maternal, como método de ensino para aprender o “aeiou”. Bem recebida pelos professores, acabou por ser adoptada pelo governo para o ensino público.
Mais de cem anos depois , outro “pedagogo” chamado Carlos Janela, inventou a notória Cartilha Paternal, não para ensinar analfabetos reais, mas sim para ensinar o bem ou o mal dizer a analfabetos funcionais. Na realidade, está mais próxima de um catecismo do que a cartilha verdadeira de João de Deus. É dirigida a “tele-evangelistas" com o intuito de catequizarem os seus fiéis seguidores. Embora seja especificamente dirigida a catecúmenos do clube da “Luz” é , no entanto, um tratado de escuridão. Em vez de iluminar, de abrir os espíritos, tem como função mantê-los pouco reactivos.
Mas esta cartilha é um pouco como a pescada, antes de ser já o era. Está na cara que esta forma de manter o “rebanho” unido e controlado é uma prática que já tem barbas, quase tão velha como a presença de “evangelistas” nos programas televisivos, que se têm vindo a multiplicar como cogumelos, invadindo as nossas casas diariamente. E não se pense que são exclusivo do clube que equipa de encarnado, pois é transversal a todos os “grandes” que têm assento garantido no horário nobre das tê-vês. Quem não se lembra de ver Bruno de Carvalho perorar sobre os 'vouchers' do rival de Lisboa, descendo ao nível dos “evangelistas” adversários. Quem não se lembra, mais recentemente, de ver o mesmo Bruno, numa entrevista, assessorado por três "pastorinhos" e um "capelão", a debitar uma cartilha preparada, entre todos. E não será a divulgação da cartilha benfiquista, no Porto canal, um remake anunciado, da Cartilha Paternal do Norte?
Portanto, cartilhas há para todos os gostos e em várias versões. Enquanto para uns são trabalho de “clero” contratado, para outros são função do próprio “criador”. O objectivo é sempre o mesmo, manter presente a autoridade do “pai”. Não vejo, porém, nas cartilhas, qualquer crime de lesa-pátria. Disponibilizar informação é legítimo. Cabe a quem a utiliza ser “papagaio” ou ter distanciamento crítico. Na mesma linha é função de cada “igreja” manter unidos os seus membros. Acho mais escandaloso fazer disto um caso mediático, a fim de gerar mais e mais horas de debate com o passar dos dias. E penso que acontece em benefício da comunicação social e das suas audiências, mas não nasce de geração espontânea, é fomentada e alimentada pelo mau dirigismo que tomou conta dos clubes. E mesmo que me puxem as orelhas por meter nisto o presidente do meu clube, faço-o por imperativo de consciência.
Com efeito, se o tempo não perdoa e o “cartilheiro”do Norte , não tem o mesmo sangue na guelra, mas ainda mexe cordelinhos, e se o menos velho do Sul seguiu o mesmo guião a ponto de um comentador leonino ter dito “que aprendia muito depressa”, já o mais novo nunca conseguiu fazer a diferença para melhor. Revelou-se mais do mesmo, seguindo a velha cartilha com mais impetuosidade. O que receio é que o campeonato real do pontapé na bola, das estratégias, das tácticas, dos artistas, do espectáculo, seja cada vez mais substituído pelo jogo de faz de contas da comunicação social. Costuma dizer-se "com o mal dos outros, posso eu bem". O que deixo para reflexão é se é esta cartilha que os adeptos sportinguistas querem para o nosso Clube.
«Não me surpreende a existência de guiões feitos nos clubes - neste caso concreto no Benfica - para os comentadores que claramente se identificam com os mesmos. É apenas a confirmação de uma percepção que já era pública.
Trata-se de manipulação e de propaganda organizadas, com alguma informação sob a forma de ’comunicação’. Estamos a falar de instrumentalização clara. Se fosse um mecanismo normal, teria sido assumido desde o início, o que não aconteceu. A verdade é que os seus protagonistas negaram-no sempre. Foram descobertos e ficam muito mal na fotografia.
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