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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Confesso que me desagrada vivamente ver as camisolas dos jogadores do meu Sporting ostentarem propaganda de uma casa de apostas, assim como me desconforta observar o nosso belo Estádio e o seu verde relvado manchados de incentivação para apostar – não obstante se encontrarem, entre o vasto público, milhares de jovens legalmente proibidos de apostar até aos 18 anos.
Considero, de resto, a súbita e deveras impetuosa infiltração actual nos clubes por parte de empresas de apostas desportivas como um fenómeno deveras preocupante e, mesmo, perigoso para a independência, a integridade e a credibilidade do futebol. Uma acentuada degradação moral e ética do desporto na generalidade e do futebol muito em particular – levianamente apadrinhada, aliás, pela própria Liga Portugal (agora “Liga Bwin”).
Esta minha convicção acentuou-se veemente ao assistir, há dias, a um jogo da Liga “Bwin”, transmitido por um canal televisivo nacional patrocinado pela “Bet.pt”, entre uma equipa publicitando destacadamente a “Betano” e outra a “Placard”… Uma ligeira prova, apenas, da posição crescentemente dominante das casas de apostas sobre o nosso futebol – a vasta maioria delas multinacionais de incógnitos investidores estrangeiros e sediadas fora de Portugal ou em paraísos fiscais.
Parece evidente que esta explosiva realidade – facilitada pela tradicional passividade do Governo e ainda das autoridades desportivas portuguesas – poderá tornar-se susceptível de resultar numa muito séria ameaça ao futuro e sobrevivência dos próprios clubes se submetidos a interferências, exigências e pressões exteriores. A presente proliferação de casas de apostas e a aguerrida concorrência pelo lucrativo negócio são fortes sinais a ter em conta.
E o problema tenderá, por certo, a agravar-se muitíssimo mais quando uma mesma casa de apostas patrocina simultaneamente vários clubes rivais e concorrentes entre si – como no caso do Sporting Clube de Portugal, cujo patrocinador está envolvido igualmente com, entre outros, SC Braga, Boavista, Estoril, Marítimo e Belenenses SAD.
O alarme sobre as gravosas consequências desta já descontrolada evolução começou, de resto, a alastrar-se pelo continente europeu. Como há dias noticiado, o governo britânico, por exemplo, está a analisar a possibilidade de proibir que empresas de apostas surjam publicitadas na parte frontal das camisolas dos clubes da Premier League.
“Temos quase a certeza de que essa publicidade na frente das camisolas vai terminar. Todos esperam isso” – afirmou ao jornal Daily Mail uma fonte próxima do processo, revelando, ainda, que a medida faz parte da revisão da Lei de Apostas, que deverá ser apresentada durante este Inverno – a qual abrange, igualmente, a proibição de painéis publicitários de casas de apostas, assim como anúncios televisivos.
Texto da autoria do nosso estimado colaborador Leão da Guia
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