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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A Polícia Judiciária encontrou, nas últimas buscas ao gabinete de Paulo Gonçalves no Estádio da Luz, vários documentos de processos em segredo de justiça e também "pesquisas efectuadas na base de dados da Segurança Social (…) referentes a Hernâni de Jesus Fernandes", antigo árbitro assistente, actualmente assessor leonino. Nas mesmas buscas, segundo o auto do Ministério Público, foram encontrados "dados da Segurança Social" relativos ao Sporting.
Estas novas revelações constam do chamado despacho de promoção do Ministério Público junto do juiz de instrução do processo designado por "E-toupeira", documento que foi, esta sexta-feira, revelado pelo blog conhecido por "mercadodebenficapolvo". Nas buscas ao gabinete de Paulo Gonçalves, que decorreram no dia 6 de Março, os inspectores da Unidade Nacional Contra a Corrupção da PJ encontraram ainda documentos de um processo judicial "não assinados nem numerados" que envolvia Hernani Fernandes, o que leva a crer que os documentos terão sido extraídos do sistema informático.
Do referido auto do Ministério Público resulta ainda que o técnico do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça José Augusto Silva, preso preventivamente, o antigo funcionário judicial José Ribeiro e o empresário Óscar Cruz foram colocados sob escuta telefónica.
E terá sido a partir das escutas que a Judiciária chegou aos contactos entre José Augusto Silva e Paulo Gonçalves, assessor jurídico da SAD encarnada, suspeito de corrupção activa no "E-toupeira". O Ministério Público afirma no auto que, por exemplo, depois de ter acedido ao processo conhecido como "caso dos emails", José Augusto Silva "entregou a Paulo Gonçalves a impressão do histórico" do processo, que se encontrava no sistema. Nas primeiras buscas ao Benfica, a 19 de Outubro de 2017, a PJ já tinha encontrado no gabinete de Paulo Gonçalves aquela impressão do histórico. "Após consultar informação do inquérito [caso dos emails] no dia 25/08/2017, no dia seguinte José Augusto Silva e Paulo Gonçalves mantiveram contactos telefónicos via Whatsapp para a transmissão da informação obtida", lê-se no documento do procurador Valter Alves.
Em matéria de contrapartidas, o Ministério Público refere que as mesmas passavam por bilhetes e convites para o chamado "anel VIP" do estádio, assim como camisolas e outros produtos oficiais. Além de José Augusto Paiva, também o funcionário judicial Júlio Loureiro é suspeito de ter recebido estas prendas a troco de informação judicial.
No gabinete de Paulo Gonçalves foi ainda apreendido o "curriculum" de um sobrinho de José Augusto Silva. A investigação apurou que terá sido no jogo Benfica-Chaves, de 20 de Janeiro, que terá ficado acertada a contratação do sobrinho do técnico do IGFEJ: " Para este jogo os arguidos acertaram ainda a ida de sobrinho de José Silva, Fernando Nuno, licenciado em turismo, para eventual contratação deste para museu do Benfica. A contratação de Fernando Nuno Nogueira Silva Rocha, sobrinho de José Silva, para o museu do Benfica (Museu Cosme Damião) foi acertada com o próprio Paulo Gonçalves", lê-se no documento.
Em notícia separada mas relacionada, o Sporting terá sido aceite, esta semana, como assistente no chamado "caso dos emails". Segundo fonte ligada ao processo, o despacho da juíza de instrução do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, que admitiu o clube a intervir no processo, já foi comunicado a Alvalade. A SÁBADO apurou ainda que, além do caso dos emails, o clube liderado por Bruno Carvalho já pediu a constituição como assistente no processo "E-toupeira", que levou à prisão preventiva de um funcinário judicial e à detenção de Paulo Gonçalves, assessor jurídico da SAD do Benfica.
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