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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Cipriano dos Santos, o guarda-redes que “não inchava com os aplausos”
Cipriano dos Santos é considerado o antecessor dos grandes nomes que defenderam a baliza do Sporting. Titular entre 1923 e 1932 e o primeiro guarda-redes leonino que vestiu a camisola da selecção portuguesa. Era marinheiro no Arsenal do Alfeite e foi aí que o Almirante Joaquim Oliveira Duarte o viu jogar, e levou-o para o Clube.
Cipriano deu rapidamente nas vistas por ser um jogador calmo entre os postes e valente nas disputas da bola com os adversários. Fotografias da época revelam-no atlético a saltar e a segurar com firmeza as bolas altas. Possuía uma capacidade inata para jogar futebol, sendo capaz de jogar com os pés com grande facilidade, uma competência técnica pouco usual nos guarda-redes daquela época. A pequena área era o seu território por excelência, onde fazia valer a elasticidade e a boa colocação na baliza.
Como jogava de frente para a bola falava muito com os seus companheiros da defesa, gritava-lhes ordens e indicações sobre os adversários. Ruy da Cunha, um dos primeiros jornalistas desportivos portugueses, escreveu que o guardião leonino “não inchava com os aplausos” por ser um “modelo de desportista”. O site sportingcanal refere o seu carácter, o desportivismo e o espírito de sacrifício, salientando que mesmo adoentado realizou jogos extraordinários.
Cipriano dos Santos pertence à História do Sporting. Foi ele que defendeu a baliza leonina na final vitoriosa do Campeonato de Portugal (3-0) disputada com a Académica em Faro, em 24 de Junho de 1923, na conquista do primeiro título a nível nacional. Venceu ainda por quatro vezes o Campeonato de Lisboa. Foi distinguido com a Medalha de Mérito e Dedicação nas Bodas de Prata do Sporting, em 1931.
O Sporting!
O Sporting Clube de Portugal nasceu em 1906 com origem social aristocrática e burguesa e de uma divergência no Campo Grande Football Club. Essa matriz social era comum a todos os clubes portugueses que foram fundados nessa madrugada já distante do nosso futebol, e que se tornariam grandes na segunda década do século XX. No entanto, em breve, o Sporting adquiriu um carácter interclassista, onde a lealdade e a identificação com os valores do Clube implicam um fortíssimo sentimento de pertença, de solidariedade e de sociabilidade.
A fotografia é de Junho de 1928 e foi feita durante a paragem no Funchal do paquete “Atlântico”, da Mala Real Inglesa, no decurso da viagem para a digressão brasileira onde seriam utilizadas as camisolas com riscas verdes e brancas. Nela estão os jogadores que compunham a linha defensiva leonina. Em primeiro lugar, o defesa direito, António Penafiel, o 4º Marquês de Penafiel, cujo estatuto social os companheiros de equipa só conheceram depois da sua morte. No meio, Cipriano dos Santos, talvez o primeiro grande guarda-redes do Sporting, marinheiro no Arsenal do Alfeite. Finalmente, Jorge Vieira, o “capitão perfeito” e defesa esquerdo, operário nas oficinas da Imprensa Nacional.
Trata-se de uma fotografia verdadeiramente singular, de três extraordinários atletas que em 1928 personificavam a matriz original do Sporting: a grandeza no carácter, a nobreza na atitude e o brio no desporto. É também um documento revelador do interclassismo social do Clube, a “casa comum” de todos os sportinguistas.
A fotografia foi retirada do livro “Jorge Vieira e o futebol do seu tempo”, da autoria de Romeu Correia.
A camisola às riscas horizontais…
São conhecidas as diferentes camisolas que foram envergadas pelos jogadores leoninos. No início usaram uma camisola branca, como que herdada dos dois clubes precursores do Sporting, o Sport Club de Belas e o Campo Grande Football Club. Depois, a partir de 1908 num jogo que foi disputado no campo da Feiteira, a bipartida verde e branca, a belíssima ‘Stromp’. Finalmente, desde 1927/1928, com riscas horizontais verdes e brancas.
A camisola às riscas inspirou-se na do Racing de Paris, tendo sido adaptada por Salazar Carreira para a equipa de râguebi do Sporting, em 1926. Mas, foram utilizadas pela equipa de futebol em jogos particulares com o Casa Pia (Novembro de 1927) e o FC Porto (Janeiro de 1928), continuando a ‘Stromp’ a ser a oficial. Quando o Sporting realizou a digressão ao Brasil no Verão de 1928 os dirigentes leoninos optaram pela camisola listada por ser mais leve, fresca e justa ao corpo.
A fotografia é de Junho de 1928 e foi feita durante a paragem na Funchal do paquete “Alcântara”, da Mala Real Inglesa, no decurso da viagem para a digressão brasileira. Nela estão os jogadores que compunham a linha defensiva sportinguista: António Penafiel, o 4º Marquês de Penafiel, Cipriano dos Santos, o primeiro grande guarda-redes leonino, e Jorge Vieira, o “capitão perfeito”, envergando o bonito e moderno jersey. Em 1929 os estatutos determinaram que as camisolas para os jogos de campo deveriam ter riscas horizontais com seis centímetros de largura. Até hoje!
A fotografia foi retirada do livro “Jorge Vieira e o futebol do seu tempo”, da autoria de Romeu Correia.
Cipriano dos Santos terá sido o primeiro grande guarda-redes do Sporting. Chegou ao Clube em 1920 e estreou-se em 11 de Março de 1923 num jogo no campo do Clube Internacional de Foot-Ball, que o Sporting venceu 2-0, com golos de Rodrigues Ferreira e Jaime Gonçalves. O treinador era o luso-alemão Augusto Sabbo.
Cipriano deu imediatamente nas vistas por ser um jogador calmo e decidido entre os postes e valente nas disputas da bola com os adversários. Fotografias da época revelam-no atlético a saltar e a segurar com firmeza bolas altas. Possuía uma capacidade inata para jogar futebol, sendo capaz de jogar a bola com os pés com grande facilidade, uma competência técnica invulgar nos guarda-redes daquela época. Neste aspecto apenas António Roquete, do Casa Pia, seria melhor do que ele. A pequena área era sua, o seu território por excelência, onde fazia valer a sua elasticidade e a boa colocação na baliza. Como jogava de frente para a bola, falava muito com os seus companheiros da defesa, gritava-lhes ordens e indicações sobre os adversários.
Gritava e ria muito. A revista “Eco dos Desportos” (nº 48 de 6 de Fevereiro de 1927) publicou uma curiosa fotografia que mostra Cipriano do Santos a voar para uma bola que já estava dentro da baliza. “Cipriano ri, mas o caso é sério”, legendou a histórica revista semanal desportiva. Era um dos golos do empate União de Lisboa-Sporting (2-2).
Ruy da Cunha, um dos primeiros jornalistas desportivos portugueses, escreveu que o guardião leonino “não inchava com os aplausos” por ser um “modelo de desportista”. O site sportingcanal refere o seu carácter, o desportivismo e o espírito de sacrifício, salientando que mesmo adoentado realizou jogos extraordinários.
Cipriano dos Santos pertence à História do Sporting. Foi ele que defendeu a baliza do Sporting na final vitoriosa do Campeonato de Portugal disputada com a Académica em Faro (3-0), em 24 de Junho de 1923, na conquista do primeiro título a nível nacional. Venceu ainda por quatro vezes o Campeonato de Lisboa. Foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito e Dedicação nas Bodas de Prata do Sporting (1931).
Fotografia 1 – Cipriano Santos (Eco dos Sports)
Fotografia 2 - Equipa do Sporting que conquistou o primeiro título nacional: Em baixo - Torres Pereira, Jaime Gonçalves, Francisco Stromp, João Francisco Maia e Carlos Fernandes. No meio - José Leandro, Filipe dos Santos e Henrique Portela. Em cima - Joaquim Ferreira, Cipriano dos Santos e Jorge Vieira.
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