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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Por estes dias os sportinguistas têm ouvido representantes oficiais do Sporting garantirem até à exaustão que o Clube “não precisa de vender” e que os jogadores “só saem pela cláusula”. No entanto, todos sabem que até os maiores clubes europeus fazem negócios. Muitos consideram que se trata de um sound bite revelador da existência de um sério conflito com a realidade do futebol e com o modelo de funcionamento do mercado de transferências dos jogadores. Outros dizem que alguns dos jogadores emprestados, na verdade, foram ‘emprestadados'.
Mas, uma coisa é certa: pelo valor da cláusula não sairão João Mário ou Slimani e muito menos William, Patrício ou Adrien. Também é certo que o Sporting necessita de vender. Um presidente que viaja para negociar o passe de um jogador é porque está aflito por chegar a um acordo. Aconteceu agora com Bruno de Carvalho a propósito de João Mário, como já se verificou antes com Filipe Vieira por Talisca. Quem não precisa de vender fica em ‘casa’ à espera de uma proposta conveniente ou convincente.
Aliás, é a própria realidade dos factos que se encarrega de desmentir esse sound bite. O valor da cláusula não foi invocado nas transferências de Cédric, Tanaka, Enoh, Boeck, Salomão, Shikabala, Rabia, Dramé ou Montero. Os empréstimos de Teo e Barcos, ou de Jonathan Silva, Slavchev, Heldon, Sacko e Rossel, evitaram a abordagem dessa questão e destinaram-se a aligeirar a massa salarial ou a minimizar contratações mal sucedidas. Nem se falou a propósito das saídas de jogadores da Formação que há dois ou três anos tinham renovado os contratos com cláusulas imaginárias (Zezinho, Luís Ribeiro, Kikas, entre muitos). Numa hipotética transferência de Esgaio, Mané, Ewerton, Naldo, Jefferson ou Paulo Oliveira não será o valor da cláusula a determinar o acordo entre os clubes. Esse valor é como se não existisse na mesa de negociação.
Um dia conhecer-se-ão melhor as consequências de uma política contratual que desconhece os princípios básicos da regulação laboral e profissional. Por exemplo, ainda está por esclarecer a relação directa entre o valor das cláusulas que se pretendeu impor a Dier e a Carrillo e o fracasso das negociações para as renovações contratuais com ambos. Como ainda se desconhecem os efeitos no balneário de um desequilibrado mapa salarial dos jogadores como o que se verifica actualmente. Então, perceberemos todos que uma qualquer “estrutura metralha” nunca se substituirá a um método racional, operativo e dinâmico na gestão das relações com os profissionais do futebol.
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