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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Cada conferência de imprensa de Rúben Amorim é uma aula de comunicação. Como ele se prepara previamente, surge calmo, informado, competente, assertivo, empático. Não foge às perguntas, não se queixa disto ou daquilo, revela-se sempre confiante. Desvaloriza os problemas ou dificuldades realçando que o importante é delinear uma estratégia para os superar. Não se arma em vítima para justificar um hipotético insucesso. Nunca procura intimidar ou condicionar os jornalistas, mostra compreender o trabalho e as exigências da profissão. Partilha informação, revela bom humor, sempre sereno e inteligente.
Por isso, cada conferência de imprensa de Rúben Amorim é uma “masterclass” do líder de uma equipa vasta e multidisciplinar em que as competências e as responsabilidades são sabiamente distribuídas por todos os elementos. Hoje, a antevisão do jogo com a União de Leiria para a Taça de Portugal constituiu mais uma lição de como um treinador de futebol deve comunicar e como pode prestar determinadas informações ou explicações que são do interesse dos jornalistas e dos adeptos. Assim, todos conhecemos e percebemos melhor o pulsar do Clube, os anseios dos jogadores, a ideia e o projecto do treinador.
Como estava programado e anunciado o presidente Frederico Varandas, acompanhado por outros membros da Conselho Directivo, fez o balanço dos primeiros seis meses da sua presidência.
Abordou temas como a Auditoria Forense, (ainda não concluída) e o mais importante, a situação financeira, a estratégia para o futebol e a marca Sporting. Fez um relato longo, impossível de descrever na íntegra no espaço de um post. Assim sendo optei por fazer um breve resumo da conferência, para dar espaço a alguma análise interpretativa.
Em relação à Auditoria referiu-se ao contrato efectuado pelo Conselho Directivo anterior com MGRA, uma sociedade de advogados, onde à data trabalhava Alexandre Godinho, vogal da Direcção e que a partir de 2018 passou a contar, como associado, com o sogro de Bruno de Carvalho, por 1,7 milhões para tratar de "assuntos da presidência".
De acordo com os resultados apurados, o Sporting gastou mais 50% nesta conta, em três anos, do que em todas as outras em dezasseis. O departamento jurídico do Sporting não obteve evidência sobre o trabalho que foi facturado pela MGRA.
Falou de um empresa de nome Chow Lda (China), à qual o Sporting pagou 60 mil euros de brindes e ofertas promocionais e 20 mil euros por serviços de “Divulgação da marca Sporting na comunidade Chinesa”. O departamento de merchandising não conhece a empresa. A empresa fechou actividade após o pagamento.
E ainda do chamado Batuque Futebol Clube, de Cabo Verde, com o qual foi celebrado um contrato conferindo o direito de preferência do Sporting Clube de Potugal sobre sete jogadores pré-identificados. Não existe qualquer relatório, do Clube ou de terceiros, sobre jogadores daquele Clube; Em Janeiro de 2018 foi solicitado pela Administração da SAD ao departamento jurídico uma minuta de acordo de resolução daquele contrato. Não obstante esse pedido, o valor de 330 mil euros foi liquidado em Maio de 2018 e nunca foi restituído.
Sobre as claques, depois de referir os privilégios que possuíam, afirmou que não concorda com o seu comportamento desestabilizador e com atitudes que revelam mais interesse por negócios do que por amor ao Clube. Acentuou a sua firmeza em não se deixar ficar refém seja de quem for.
No diagnóstico do futebol profissional, fez o balanço conhecido dos últimos cinco anos, e dos acontecimentos que tiveram na situação actual do Sporting, que ficou com um plantel desequilibrado. E acentuou os esforços que estão a ser feitos para o reequilibrar.
Quanto ao futebol da formação considerou que houve desinvestimento na Academia quer em termos humanos, quer em termos materiais, com instalações degradadas, campos sem manutenção o que se reflectiu na formação de excelência conseguida. Reverter a situação é uma tarefa premente para o futuro do Sporting, dos seus adeptos, dos seus associados, que em número de pagantes sem as quotas em dia, são um assunto preocupante.
Em conclusão garantiu que o Sporting tem um rumo, estão a ser implementadas reformas em várias áreas, sem alarido, sem trombetas, com trabalho discrição e eficiência. Acentuou a importância da estabilidade para o sucesso, a necessidade de ter os pés na terra, não cair no deslumbramento fácil, e trabalhar para que as vitórias surjam de forma consistente.
Para além das leituras que se possa fazer destas declarações quero dar relevo negativo ao oportunismo do destituído, que marcou a apresentação do seu livro para a mesma hora, criando assim as condições para fazer, de imediato, o contraditório na mesma linha a que nos habituou, mentindo ou ignorando os aspectos fundamentais. Deixa-me perplexo como uma Editora prestigiada como a Bertrand se deixou enredar nesta repugnante campanha que o destituído mantém contra o Sporting.
Outro facto que não pode deixar de ser passível de reflexão, prende-se com a reacção dos 'brunistas', nomeadamente nas redes sociais. Caso de estudo é ver a página de Facebook do Sporting, inundada com comentários de seguidores do destituído, atacando a actual Direcção. Como o seu guru passaram ao lado das graves ou pelo menos intrigantes indícios que são apontados na Auditoria. E se não estamos perante uma acção concertada, parece.
Entendo o destituído porque não tem vida fora do Sporting. É como um fantasma que não quer admitir que morreu e continua a tentar assombrar, mesmo que isso implique o fim do Clube, que felizmente não é o caso.
Compreendo os fanáticos com palas nos olhos que não concebem o Sporting sem Bruno. O que me custa muito a compreender é a guerra que se vê entre adeptos, críticos até do não criticável, que consciente ou inconscientemente, exigem a esta Direcção, em seis meses, o que não exigiram à anterior em cinco anos, e que estava a destruir o Sporting.
Esta equipa precisa de tempo, de estabilidade e do apoio de todos os sportinguistas. Sem isso não há recuperação financeira e desportiva. Sem isso não se criam as condições reais para lançar o Clube no caminho do sucesso.
Nota: No site oficial do Sporting, está exposto em detalhe tudo aquilo que foi referido na conferência de imprensa, ponto por ponto:
- Sociedade advogados MGRA
- Chow Lda (China)
- Batuque Futebol Clube (Cabo Verde)
- Claques
- Sócios
- Compras de jogadores
- Diagnóstico e Estratégia Financeira
- Diagnóstico e Estratégia para Futebol Profissional
- Diagnóstico e Estratégia para Futebol de Formação
- Diagnóstico organizacional – o futuro do Sporting
- Infra-estrutura para além da Academia
- As pessoas
- A gestão
- Visão Marca Sporting
"Quando nos sentámos com o Conselho Fiscal e Disciplinar [CFD] e a Mesa da Assembleia Geral [MAG], foi-nos proposto 60 dias em funções e depois eleições. Isto a 24 de Maio. Na minha terra, com 60 dias dá 24 de Julho, que até era uma data engraçada, o dia de anos do meu pai e do [Jorge] Jesus. O período da possibilidade de apresentação das rescisões é até 14 de Junho. Metam na cabeça que esta questão estava sempre em cima da mesa. O prazo que deram era 24 de Julho. As rescisões podem acontecer até 14 de Junho.
Mas está toda a gente maluca? Fomos um órgão eleito e somos nós que estamos contra a democracia? A mesa decidiu demitir e o CFD decidiu demitir-se. E nós não estamos a cumprir a democracia? Estamos a cumprir o nosso mandato. Onde é que diz no estatutos que somos obrigados a demitir-nos? Não fomos nós que os corremos, eles é que se demitiram. Isto está a subverter-se tudo. Como é que se pode falar de democracia onde temos um sportinguista [Manuel Moura dos Santos] a pedir ao governo para tirar a utilidade pública do clube?
Ontem sentam-se as pessoas numa mesa e nem falam aos sportinguistas da exigência legal de fazer a AG de aprovação do orçamento. A mira é a AG de destituição. Quem se demitiu foram eles, nós tivemos que tomar atos de gestão a partir daí. Se eles acham, e não é com cartas labregas a ofender as pessoas que se vai a lugar algum. Se as pessoas acham que a comissão transitória da mesa é algo ilegal, vão para os tribunais. Mas não vão utilizar o logótipo do Sporting em pseudoconvocatórias. Isso é que é democracia? A justiça que decida. É para isso que é um estado democrático e de direito.
Já disse isto várias vezes: isto devia ser uma comissão isenta, que devia criar pontes, como diz o ex-presidente da Mesa. A intenção deles era vir colaborar com o Sporting naquilo que são os superiores interesses. Querem uma AG destitutiva? Entreguem as assinaturas e os preceitos legais. Se tiverem os preceitos todos, nós fazemos a AG de destituição. Estamos a tirar a voz a quem? Somos os únicos em funções e legitimados. Por 87 por cento nas eleições e por 90 por cento na AG mais concorrida de sempre. Nós não mandámos ninguém embora. Depois tivemos que tomar actos de gestão.
A partir desse momento cabe-lhes a justiça e deixar o Sporting em paz. Está marcada uma AG pelo Sporting para dia 17. Um dos pontos vai ser ouvir os sportinguistas. E depois uma AG eleitoral para o dia 21 de julho. Para quem se foi embora. Neste momento apenas há comissões transitórias. Não percebo este alarido todo. O que é que isto está contra a democracia? Onde é que está escrito que temos de nos demitir? Isto são chavões, não estamos a tirar a voz aos associados. A antiga Mesa tinha pedido uma AG que não vai haver. Não são a Mesa da AG do Sporting.
Decerto que não é com cartas labregas a ofender as pessoas que se vai a lado algum. Vão a para a justiça e a justiça que decida".
Bem... cada um terá a sua interpretação do que o ainda presidente afirmou, mas passada a usual onde retórica, só podemos reiterar o que há longo pensamos: Bruno de Carvalho só sairá de Alvalade algemado. Até esse dia, o Clube terá de sofrer as consequências.
Neste momento, ficamos na expectativa quanto à Assembleia Geral do dia 23. Bruno de Carvalho garante que não se realizará. Entendo eu que isso implica que o Conselho Directivo não contribuirá com o indispensável apoio logístico para o efeito e a MAG não possui os necessários meios.
Veremos, entretanto, a reacção de Jaime Marta Soares, mas, pelo andamento das coisas, não é de esperar "milagres"
Observação de Pedro Santos Guerreiro - jornal Record - sobre a conferência de imprensa realizada por Bruno de Carvalho:
«Os jornalistas não são flores de estufa, mas convidar adeptos para conferências de imprensa é uma intimidação mediaval, tratá-los como idiotas é uma idiotice e desmentir o que membros do próprio clube haviam confirmado é falta de ética. Bruno de Carvalho vai mesmo seguir esse caminho ?»
Não assisti «in loco» à conferência de imprensa realizada por Bruno de Carvalho e só posso recorrer aos relatos noticiosos disponíveis. Nesse sentido, pelo que é possivel apurar, nada de novo foi anunciado pelo presidente, algo que leva a questionar o propósito da mesma. Sublinham-se os seguintes pontos já do conhecimento público:
1. Bruno de Carvalho afirmou que vai avançar com a auditoria de toda gestão económica, financeira e desportiva dos últimos anos;
2. Negou ameaças de demissão;
3. Esclareceu que o perdão da dívida não está sobre a mesa;
4. Que a reestruturação da dívida com os bancos e credores está em curso e será resolvida rapidamente;
5. Que não há nenhum problema com a entrada de investidores depois da reestruturação ser feita;
6. Recusou esclarecer se existem salários em atraso;
7. Afirmou que o Sporting comecerá a dar lucro já a partir da próxima época.
Terminou, declarando que não é admissível que se queira que uma nova direcção resolva o que não foi resolvido em 17 anos num par de meses.
Bem, a começar por esta última consideração, nunca me constou nenhum sportinguista fazer uma exigência dessa natureza. Tudo o que se exige, é que cumpra com tudo aquilo que garantiu, há tão pouco tempo, logo a começar no seu primeiro dia na presidência, incluindo disponibilidade financeira para resolver todos e quaisquer problemas imediatos de tesouraria. Fica a ideia que ainda estamos em plena campanha eleitoral, em que tudo o que é menos positivo é mera fantasia noticiosa e o resto são promessas do mais do mesmo. Conclusão: tanto alarido por tão pouco, quando se torna evidente, pelas palavras de Bruno de Carvalho, que tudo está em curso de acordo com o «programa» e que, inclusive, não há qualquer tipo de problemas com a Banca. Ainda bem que assim é e cada um que acredite o que desejar. O dia chegará, mais tarde ou mais cedo, em que este presidente não vai conseguir esconder-se atrás do discurso demagógico. Veremos quanto tempo será necessário para lá chegar e a que custo ao Sporting.
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