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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Na sua habitual participação semanal no programa de debate do CM, a sportinguista Rita Garcia Pereira puxou dos seus galões de jurista, e explicou com rigor o que aconteceu em relação às escutas do apito dourado.
"As escutas foram determinadas pelo Ministério Público mas não foram validadas pelo juiz. O processo cai por causa das escutas e, além das escutas, a grande testemunha do Ministério Público era uma senhora que o senhor Pinto da Costa conhecia bem e de perto mas cuja idoneidade não era propriamente a melhor. E foi assim que o processo caiu", afirmou na CMTV.
Quem tem seguido os debates sobre a acusação de corruptor activo, por Varandas, a Pinto da Costa, através da comunicação social, depara-se com a seguinte situação: a maioria dos comentadores, cartilheiros ou jornaleiros, que vivem à conta do futebol, consideram as declarações de Frederico Varandas despropositadas e fautoras de guerrilhas que deveriam ser evitadas. Os que vão mais longe, acusam Varandas de promotor de violência. Mas será que o que presidente leonino afirmou é uma falsidade? Diz mais RGP.
"Estive a ouvir coisas porque recordar é viver. Estive a ouvir escutas que são surreais e não são só surreais porque metem meninas. Essa nem é a parte mais surreal. Há outras designadamente pagamentos a árbitros e um dos árbitros a dizer isso. São bem mais surreais. Isto num país a sério o FC Porto não tinha ficado no campeonato".
O que esta afirmação baseada em factos significa, é que o crime existiu e ficou sem castigo. E significa também que o corruptor activo exerceu influência nos meios judiciais, para que interviessem no sentido de alterar o curso legítimo da justiça. O que na minha opinião, que não sou jurista, implica crime de obstrução à justiça por responsáveis da mesma. Mais crimes sem castigo. E Rita conclui:
"O que é que Frederico Varandas disse que não esteja nas escutas? Aquilo não foi dito? Aquilo não aconteceu? Não se pagaram aquelas viagens? Não se levaram aquelas meninas? Nada disto aconteceu? Pinto da Costa não foi passear até à Galiza? É que eu lembro-me perfeitamente de tudo isso. Não estava lá? Não voltou escoltado por uma espécie de guarda de honra? Não assistimos todos a isto? Eu assisti".
Todos nós que estamos de boa fé, independentemente de simpatias clubísticas, temos de admitir que houve indiscutível corrupção e que não foi castigada. E também sabemos que juridicamente este é um processo encerrado. No entanto, isso não invalida que Varandas, enquanto presidente de um clube lesado, não o relembre, e que nós cidadãos não nos indignemos. Esquecer as injustiças dá azo a mais injustiças. O que traz esta discussão ao presente, pergunta toda a corja?
Ao contrário dos 'opinion makers', notórios defensores hipócritas de uma paz podre no nosso futebol, ainda bem que o presidente Varandas fez renascer o assunto. Pode e deve ser mais um passo no caminho da vital moralização do nosso desporto.
Como na martirizada Ucrânia, não é entregando o território a Putin sem defesa, que se consegue a paz e a justiça, como até defendem alguns. E não nos podemos esquecer que o clube das Antas, com novos processos, continua a actuar à margem da verdade desportiva. Não é por se esconder o lixo que este deixa de existir, hoje e sempre. Não queremos a paz podre. Queremos lutar por um futebol digno. Não temos medo!
NOTA ESPECIAL
E como a nossa vida é feita de pequenos nadas, como diz o poeta, aproveito a boleia para divulgar a minha contribuição para a poesia. Indignações... livro e e-book editado por Poesiafaclube, com página no Facebook. No entanto, para algum eventual interessado, tenho alguns exemplares que posso enviar com assinatura, a um preço especial (10 euros) para frequentadores do blog. Contacto por Messenger, José Mateus Gonçalves. Obrigado.
A Procuradoria-Geral da República abriu um inquérito ao Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), por alegados crimes de corrupção e falsificação de documentos. Segundo avançou o Jornal de Notícias e confirmou a RTP, a queixa anónima foi confirmada pelo antigo árbitro Jorge Ferreira à Polícia Judiciária.
“É tudo sobre as ilegalidades que este CA tem feito, de corrupção e de falsificação de documentos, e está tudo entregue às autoridades”, referiu Jorge Ferreira em declarações à RTP. Alega ainda o ex-árbitro que quando exercia funções e fiscalizava os principais jogos, sofria “pressões de responsáveis pelo CA”.
O Departamento Central de Investigação e Ação Penal vai investigar a queixa de forma a averiguar se existe algum tipo de favorecimento, por parte dos árbitros nacionais, ao Sport Lisboa e Benfica, Sporting Clube de Portugal e Futebol Clube do Porto.
Caso se confirmem as suspeitas de corrupção e falsificação de documentos, poderão estar em causa as classificações da época 2016/17 que levaram à despromoção de Jorge Ferreira.
Reportagem de Frederico Pedreira, O Eco
Bem... a haver investigações para determinar a hipótese de "favorecimentos" por parte dos árbitros ao Sporting, deve ser, decerto, com o intuito de justificar os títulos conquistados nas últimas décadas. Isto, evidentemente, pela óptica de um cínico!
De qualquer modo, vamos esperar bem sentados por qualquer conclusão que faça sentido, como aliás sempre acontece em Portugal.
Nota introdutória:
Um texto aqui publicado sobre o poder da maçonaria com base nas afirmações de um político, levou-me a fazer esta reflexão sobre a natureza do poder na sociedade, no desporto e no futebol profissional.
A natureza do poder
O poder é desde os primórdios da humanidade exercido por grupos restritos de homens, no sentido genérico. Acontece que o homem, independentemente da sua evolução, é um ser imperfeito. É constituído por algumas virtudes, mas também por muitos defeitos. Destaco o egoísmo, a inveja, a prepotência, a desonestidade, entre outros.
Deste modo, o exercício do poder sempre constituiu uma forma de opressão de grupos minoritários sobre grandes maiorias, nomeadamente quando demagogos, portadores de utopias igualitárias o conquistaram, como nos regimes comunistas. E não podia ser de outro modo porque, voltando à proposição inicial, isso está de acordo com a natureza humana, mesmo depois de milhares de anos de algum aperfeiçoamento.
Está provado, no registo histórico, que todo o poder corrompe, seja em que nível for. Corrompe desde os pequenos poderes até ao poder total. Assim sendo, o mundo do desporto em geral e do futebol em particular não foge, antes pelo contrário, à tendência geral.
Poder e futebol em Portugal
Durante o período que podemos considerar o da inocência o nosso futebol, constituído por atletas que competiam por prazer e amor à camisola, este manteve alguma integridade na forma como encarava a competição, na maneira como a disputava, no "desportivismo" como aceitava vitórias e derrotas.
O Sporting, foi o primeiro clube, graças à reunião de um grupo de atletas do melhor que havia em Portugal, a conseguir vitórias constantes e consecutivas, conseguidas no espaço das quatro linhas. Quando estes atletas foram saindo de cena, e porque não existia formação organizada, e não os conseguiu substituir por outros de igual valia, foi perdendo capacidade de conseguir os mesmos resultados.
A transformação do futebol numa indústria, que gera e movimenta muitos milhões, trouxe para o futebol os malefícios do capitalismo. Dinheiro e poder são duas faces da mesma moeda. Quem tiver mais dinheiro consegue mais poder, e consequentemente mais dinheiro. Dinheiro e poder são sinónimo de corrupção seja de forma descarada ou subtil.
A guerra suja
Nuno Pinto da Costa, com tanto de inteligência quanto de capacidade de agir sem olhar a meios para atingir os fins, foi o primeiro a instalar, com o seu pequeno e fiel grupo, um esquema para dominar o mundo do futebol, infiltrando os seus homens de mão, em todas as instâncias ligadas ao controle desse novo mundo de poder.
Durante anos, com a passividade e ingenuidade de outros clubes, montou a sua teia de modo a que quando não se conseguia ganhar apenas com as armas que actuavam dentro do campo, de fora viesse o devido empurrãozinho. Este domínio a que Dias da Cunha denominou de "sistema" acabou por ser denunciado, levando ao seu desmoronamento, mas onde apenas o "peixe miúdo" caiu na rede e serviu de bode expiatório.
Nos anos sessenta o Benfica, devido à constituição de uma equipa de grande valor que foi a base de um terceiro lugar no campeonato do mundo de selecções, dominou o futebol em Portugal e teve êxitos em provas europeias. Com o fim desta equipa voltou a cair na vulgaridade, quando os "homens do Norte" já tinham em marcha o seu programa de hegemonia.
A queda do "sistema do Norte" e depois de anos à deriva, em que o desespero levou o Benfica a embarcar na aventura de demagogos populistas, tal com o Sporting mais recentemente, acordou para a realidade e percebeu que o êxito desportivo, nestes novos tempos, era indissociável do controle das instâncias que superintendem esta indústria. Ocupar o vazio deixado exigia tempo e paciência.
Luís Filipe Vieira, um 'self made man', um expert em "chico espertismo" , que bebeu da experiência dos "homens do Norte" em curva descendente, propôs-se ocupar esse vazio. Respaldado nos milhões de adeptos de todas as classes sociais, transversais a toda a sociedade, iniciou o processo de domínio, lento mas seguro, e com a paciência que estes demonstraram durante anos de reduzidos êxitos desportivos, levou a água ao seu moinho.
Montado o "novo sistema" começaram a colher-se os frutos. Hoje o poder dos "homens da Luz" está entranhado, nas diversas estruturas desportivas e políticas. Contando com a influência de adeptos em todas as instâncias, principalmente no poder judicial, dão-se ao luxo de passarem à margem das malfeitorias cometidas.
Dizer como o político referido que têm mais poder que a maçonaria não passa de uma "graçola". Têm mais poder que o próprio poder que os venera e os receia, assim como ao seu "exército" de milhões de adeptos, sempre prontos, com as devidas excepções, a dar cobertura a todas as ilegalidades cometidas, desde que elas representam a hegemonia no futebol nacional.
O Sporting impreparado para entrar nesta guerra de domínio, desde o seu início, nos anos sessenta e setenta, tem ficado fora do "sistema". João Rocha um dirigente íntegro e fundamentalmente honesto, apesar de um ou outro êxito desportivo, deixou-se ultrapassar pelos acontecimentos. Sousa Cintra, um expert do "chico espertismo" mas muito ingénuo, continuou na mesma linha. Roquete e Dias da Cunha, que quiseram trazer dignidade para o clube e para o futebol, foram derrotados pela "hidra de sete cabeças" e pela impaciência dos adeptos. A demagogia brunista baseada mais no espalhafato do que na inteligência, foi uma pêra doce para o "sistema" acabando por afundar mais o clube.
Reflexão conclusiva
O poder é de quem o conquista. Na sua conquista não há princípios, nem valores, nem se olha a meios. Com o poder, com a sua conquista, está desonestidade e corrupção. Acredito que muitos sportinguistas, porque não fogem à natureza humana, não se importariam de ver o nosso Clube usar as mesmas armas para conseguir o domínio. Pela minha parte interrogo-me se vale a pena vencer sem olhar a meios. Sei que este é o mundo que temos. Mas sem pretensão de qualquer tipo de superioridade, enoja-me, e gosto de ver o meu Clube fora desta guerra suja.
P.S.: Costumo ler comentários a dizer que o Sporting, nos seus tempos áureos, era o clube do regime. Discordo. Todos os clubes tiveram nas suas direcções gente do regime. Nunca vi nenhum ser, nessa altura contra-poder. Todos foram clubes do regime, de acordo com as conveniências desse poder. O que não foram foi um poder dentro do poder, até porque este não precisava deles para o exercer. Neste momento se há clube que se possa considerar do regime é o Benfica.
O FC Porto respondeu esta terça-feira às críticas apontadas pelo Benfica ontem na sua newsletter diária que dizia "que nunca, como nesta jornada, foi tão evidente a pressão exercida sobre as equipas de arbitragem de quem anseia desesperadamente por um regresso a um passado de triste memória".
Na newsletter 'Dragões Diário', os azuis e brancos ripostam com duras palavras ao longo de vários parágrafos que intitulam de "Palha para burros":
"É natural que uma instituição que alcançou os maiores sucessos num tempo em que tinha uma ligação estreita com a ditadura e que tem sido nos últimos anos dirigida por uma pessoa que já foi condenada por roubo e por um grupo de indivíduos que inclui um director jurídico que vai ser julgado por corrupção, um director do departamento de apoio aos jogadores preso por tráfico de droga e um director de futsal fugido durante nove anos à justiça seja uma instituição complexada com o próprio passado e com o presente".
(Na tribuna do Bessa, esta sexta-feira)
..."Como pode o Sporting Clube de Portugal ganhar campeonatos, se há dois clubes corruptos que manipulam as organizações ligadas ao futebol?"
Leitor: António Vieira
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"O SL Benfica é o "antro" da corrupção do desporto em Portugal, no que ao futebol diz respeito. Tem como líder um presidente criminoso já com cadastro que nestes últimos anos implementou no seu clube um esquema de corrupção para ganhar no futebol de qualquer forma!
Com a "justiça" pela ruas da amargura e com um (des) governo a assobiar para o lado, vamos fazendo de conta de que o futebol em Portugal, é uma coisa...séria, quando toda a gente sabe que todo o "sistema" está mais do que corrompido. Desde a Federação à Liga, é só escolher qual destes dois organismos vai disfarçando e ignorando a podridão em que assenta o nosso futebol".
Leitor: José Silva
A oferta do voto no Comité Executivo da FIFA terá sido feita por um consultor da Franz Beckenbaur, Fedor Radmann, e a revista alemã refere que alguns e-mail referentes ao caso foram publicados na plataforma russa The Insider.
Num desses e-mail, prossegue o Der Spiegel, citado pela EFE, um membro do comité da candidatura russa que viria a receber o Mundial2018, Alexander Dschordschadse, relata uma suposta mudança de posição de Franz Beckenbauer após alguns contactos:
"Antes apoiava a candidatura dos ingleses. Mas, depois de contactos com consultores da candidatura australiana, recebemos a informação de que o FB [Beckenbauer] estava disposto a apoiar a candidatura russa".
Durante uma reunião em Moscovo com representantes da candidatura russa, refere ainda a revista alemã, o assessor de Franz Beckenbauer, Fedor Radmann, ofereceu o seu voto no Comité Executivo da FIFA em troca de uma "verba bastante generosa".
A eleição da Rússia para sede do Mundial2018 foi realizada em 2010. Em 2012, Franz Beckenbauer assinou um contrato como embaixador desportivo de um consórcio russo de gás.
Franz Beckenbauer, histórico futebolista intimamente ligado ao Bayern de Munique, já havia sido confrontado por supostas irregularidades durante o seu cargo de presidente do comité organizador do Mundial2006, na Alemanha.
Reportagem Lusa
A justiça é representada de olhos vendados. Simbolicamente pretende manifestar a sua isenção. Mas a verdade é que a justiça tem os olhos bem abertos. O facto é que esta é feita por homens com virtudes e defeitos, como todos nós.
E na aplicação da justiça não existe um padrão constante. Varia de acordo com o perfil de cada pessoa que a aplica, isto é, mediante as suas vivências, as sua convicções políticas e religiosas, com as suas origens sociais. E exceptuando os corruptos e os corruptíveis, quem pretende praticar a isenção, nem sempre o faz mesmo que seja inconscientemente.
A ser verdade esta breve apreciação do sistema judicial, não podemos esperar que a justiça seja sempre justa. Uma coisa é certa; a maioria dos processos passa-se no recôndito dos tribunais. Só chegam ao conhecimento público os mais mediáticos, que têm sempre dois julgamentos: os da opinião pública, rápidos e assertivos, e o dos tribunais, lentos e tantas vezes contrários aos da opinião pública.
Por outro lado, os que dispõem de meios económicos superiores, têm à partida melhores hipóteses de defesa. E isto leva-nos à questão que está na ordem do dia, a legitimidade da prova.
As novas tecnologias são uma arma de dois gumes: tanto são utilizadas como meio prova, como razão para que esta seja invalidada. A prova nem sempre é fácil, e os investigadores passam a sentir cada vez mais dificuldades em apresentar provas consistentes, em função dos subterfúgios existentes.
Isso é evidente tanto nos casos políticos, como nos do âmbito desportivo, desde o 'face oculta' até ao 'e-toupeira'. O que agora está a tornar moda é condenar o mensageiro e não a mensagem. Será que um pirata informático que viola correspondência é um criminoso? De acordo com a lei sim. Mas será que a denúncia que lhe está subjacente sobre actos ilícitos, deixa por isso de ser crime? Qual será mais criminoso? O que descobre o crime por meios ilícitos, ou o que os cometeu procurando escondê-los?
Vejamos um caso concreto, o dos emails. Para justificar eventuais actos ilícitos usa-se e "desusa-se" como argumento a forma como foram descobertos. Depois como subterfúgio mais manhoso, usam-se testas de ferro, que deixam de fora os verdadeiros mandantes.
É o caso do FC Porto que lava as mãos da alteração de conteúdo dos emails, como se o seu "homem" actuasse por sua alta recreação. É o caso do funcionário do SLB "agarrado pela justiça", como se actuasse por vontade própria, pagando do seu bolso, aludidas prebendas.
Os verdadeiros mandantes, encontraram maneira de praticar malfeitorias, lavando sempre as suas mãos impolutas. Depois contam com o apoio de seguidores que, pela fidelidade clubística, aceitam a verdade que lhes é contada pelos seus canais oficiais. E neste caldo de cultura é difícil que não vingue a injustiça da justiça no mundo dos poderosos.
P.S.: Na França foi preso Michel Platini por actos de corrupção desportiva. E já houve outros. Quando chega a Portugal a justiça da justiça?
Seria fácil fingir que o Sporting não está a atravessar a pior crise da sua honrosa história centenária e virar as atenções para o rival da Segunda Circular.
Neste momento, acho muito mais importante focar o que se passa em nossa casa, uma situação muito grave e com a tendência para piorar, antes de melhorar.
Publico este vídeo que a nossa estimada colaboradora Carlinha teve a gentileza de me enviar, mas não vou adiantar quaisquer comentários sobre a reportagem especial da SIC.
Várias reportagens noticiosas a circular a praça mediática esta quarta-feira, em que André Geraldes, director de futebol do Sporting e braço direito de Bruno de Carvalho, surge como a figura central.
Abordo este tema não sem muitas reservas, dado que se verifica muito pouca informação oficial, ou seja, confirmação concreta dos eventos que estão a ser reportados pela media desportiva portuguesa.
Começando pela TSF, em que esta alega que recebeu um comunicado da Polícia Judiciária, através do qual é suposto ser confirmado que quatro pessoas foram detidas esta quarta-feira no âmbito da investigação já há algum tempo em curso, a suspeitas de corrupção no andebol do Sporting, incluindo o antigo responsável pelas modalidades e actual diretor do futebol, André Geraldes.
Ainda, que a operação Cashball envolveu 40 elementos da Polícia Judiciária, que levaram a cabo cerca de uma dezena de buscas domiciliárias e em clubes desportivos, inclusive da Sporting SAD, esta quarta-feira, após o Ministério Público ter confirmado a investigação ao alegado esquema de corrupção no campeonato de andebol do ano passado, em que o Sporting conquistou o título. O esquema envolveria a compra de equipas de arbitragem, para garantir vitórias para o Sporting e também derrotas para o FC Porto.
O complemento noticioso é então apresentado pelo Jornal de Notícias, que reporta que os outros três detidos são João Rodrigues, empresário e interlocutor no alegado esquema de corrupção, Gonçalo Gonçalves, braço direito de André Geraldes, e Paulo Silva, empresário acusado de corromper jogadores e árbitros de andebol.
Segundo o que o JN alega que apurou, além da SAD do Sporting inspectores da Judiciária estão, igualmente, a efectuar buscas em casa do denunciante, na zona do Entroncamento, para além de uma dezena de outros locais, como as residências dos outros detidos. As autoridades procuram documentação que sustente a denúncia do empresário, segundo a qual diversos árbitros terão sido comprados com verbas que oscilam entre os 1500 e os dois mil euros.
A figura central neste inbróglio aparenta ser o acima referido Paulo Silva - intermediário "arrependido" - que em Março deste ano terá apresentado uma participação formal no Departamento de Investigação e Ação Penal do Ministério Público do Porto, onde entregou telemóveis com mensagens áudio de WhatsApp, uma aplicação que permite trocar comunicações encriptadas. As mensagens, gravadas e guardadas pelo denunciante, envolvem um outro empresário, que Paulo Silva garantiu estar ligado ao Sporting.
Nestas mensagens escritas (também através de WhatsApp) constarão instruções de pagamentos, de encontros com árbitros e com jogadores de futebol. Outras trocas de mensagens envolvem Gonçalo Rodrigues, do Gabinete de Apoio ao Atleta e Modalidades Profissionais do Sporting, que ontem suspendeu as suas funções no clube.
O outro empresário e o elemento do Sporting serviriam de tampão entre o corruptor e André Geraldes, que nega qualquer esquema de corrupção. De acordo com Paulo Silva, este dirigente seria a cabeça do esquema de corrupção que terá permitido aos leões serem campeões de andebol na época passada, além de várias vitórias em jogos de futebol.
Paulo Silva entregou ao Ministério Público mensagens em que comenta com os dois interlocutores o comportamento dos jogadores de futebol, alegadamente comprados. As instruções dadas aos atletas por Paulo Silva seriam no sentido de darem "espaço ao Bas Dost", para que este pudesse marcar golos.
Ao que o JN alega que apurou, estarão a ser investigados jogos do Sporting frente ao Guimarães, Feirense, Chaves, Tondela, Aves e Estoril, da época passada. Serão estas as equipas a que pertencem atletas que Paulo Silva garantiu ter abordado, dando conta, por WhatsApp, dessas diligências ao outro intermediário.
Em relação ao campeonato de andebol, o suposto "arrependido" Paulo Silva assegurou ao Ministério Público que recebia 350 euros por cada árbitro que conseguia corromper. O clube de Alvalade também assumiria as despesas com deslocações.
Um dos jogos em que garante ter comprado a equipa de arbitragem foi o Benfica-F. C. Porto do ano passado. Uma derrota dos azuis e brancos beneficiava os leões na luta pelo título. Diz que no final do encontro terão sido pagos três mil euros à dupla de arbitragem, em Braga. Assegurou ainda ter oferecido dois mil euros a um dos árbitros que apitaram a partida entre Sporting-F. C. Porto. O árbitro terá aceitado a proposta mas, como o Sporting perdeu a partida, o dinheiro não foi entregue.
Tudo isto mais parece um filme de ficção, mas obviamente muito grave, caso venha a ser provado em tribunal. Uma ideia me confronta prontamente: se de facto forem provadas estas actividades ilícitas de André Geraldes - e neste momento não devemos perder de vista a presunção de inocência -, é inconcebível que o director fizesse seja o que for sem pelo menos a anuência do presidente do Clube e da SAD.
Adenda: O Sporting emitiu um comunicado, esta tarde, a confirmar as buscas e que dois colaboradores foram constituídos arguidos:
Uma delegação do Sindicato de Jogadores que inclui capitães das Primeira e Segunda ligas profissionais de futebol vai ser recebida pelo Governo e ainda por instituições desportivas, pretendendo, assim, demonstrar desagrado pelo clima de suspeição e ofensa que os tem atingido. Trata-se de uma acção de sensibilização e um forte apelo à defesa da integridade dos atletas e das competições, numa fase de acusações e insinuações que já colocou em causa a dignidade dos futebolistas. A possibilidade de uma greve chegou a ser ponderada, mas não faz parte das medidas que o sindicato preconiza. Pelo menos, para já.
Os profissionais de futebol sentiram a necessidade de tomar posição face ao momento que se vive em Portugal, até porque têm sido envolvidos em polémicas que os colocam em xeque, através de denúncias anónimas de aliciamento.
Perante esta crescente atmosfera de suspeição, o sindicato tem promovido, nos últimos tempos, diversas reuniões com os capitães das equipas das ligas profissionais. Nelas, têm sido analisadas e discutidas medidas a adoptar relativamente ao clima de violência e ofensa pessoal e profissional de que os jogadores têm sido alvo.
Nestes encontros, realizados a Norte e a Sul, de acordo com o que Record apurou, foram ponderadas todas as medidas, nomeadamente a paragem, nem que fosse simbólica. No entanto, imperou o bom senso e o sentido de responsabilidade que se traduz no pedido de reuniões com o secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo, bem como os presidentes da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, e da Liga de Clubes, Pedro Proença. O primeiro encontro realizar-se-á já na segunda-feira.
Afastado o cenário de uma greve, o objectivo do sindicato e dos capitães passa por criar uma plataforma de diálogo que permita adoptar medidas eficazes na próxima época de forma a evitar a permanente suspeita sobre a competição e sobre os jogadores.
Os atletas não pretendem contribuir até final da época com qualquer acção que acrescente mais ruído a um ambiente já muito poluído e perigoso. Entendem que a tomada de medidas radicais poderia, em última instância, colocá-los numa posição ainda mais frágil.
Recorde-se, aliás, que o actual presidente do sindicato, Joaquim Evangelista, proferiu recentemente declarações a exigir "respeito" pelos jogadores, deixando claro que estes "não estão disponíveis para alimentar este clima de guerra" nem se deixarão "envolver neste lamaçal". O líder sindical acrescentou que seria "fácil anunciar uma greve" mas questionou as consequências.
Da mesma forma que referiu que os jogadores "não querem ser utilizados como armas de arremesso de ninguém", Evangelista sublinhou que "somos nós que definimos quando queremos e o que queremos falar", defendendo "um compromisso sério entre todos, onde cada um assuma a sua responsabilidade".
Será com este propósito que a delegação do sindicato e dos capitães se vai encontrar com Governo, FPF e Liga nos próximos dias.
JOGADORES EM XEQUE
Cássio, Marcelo, Nadjack e Roderick (Rio Ave) - O cancelamento das apostas no jogo Feirense-Rio Ave colocou o jogo sob investigação. Os quatro jogadores vila-condenses foram constituídos arguidos. Mais tarde foram levantadas suspeitas sobre o Rio Ave-Benfica.
Pedro Monteiro (Estoril) - O empresário César Boaventura publicou um vídeo nas redes sociais insinuando que o central do Estoril tinha facilitado no jogo com o FC Porto.
Kléber (Estoril) - Vítima de queixa anónima no DCIAP por actos de corrupção e fraude, depois de surgir um vídeo de 2015 em que o avançado aparece a manusear maços de notas.
Fábio Pacheco (Marítimo) - Carlos Pereira, presidente do clube insular, manifestou-se "desiludido com a postura de alguns jogadores" no encontro da Luz e suspendeu Fábio Pacheco. O atleta teve de se sujeitar a uma avaliação clínica por "quebra de rendimento".
Tiago Silva (Feirense) - "Aos que me acusam de ter feito de propósito para beneficiar o Benfica, porque representei o clube durante muitos anos, peço-vos algum respeito por mim e pelo meu profissionalismo, porque vou sempre defender com unhas e dentes o clube que represento", escreveu Tiago Silva no Facebook, depois do Feirense-Benfica, em que foi expulso ainda na 1ª parte.
Vagner (Boavista) - Mais uma queixa anónima no DCIAP a denunciar alegado aliciamento a Vagner antes do jogo com o FC Porto, referindo-se que teria sido o empresário Pedro Pinho a oferecer 150 mil euros ao guarda-redes.
Vários (União da Madeira) - A notícia é de ontem: uma denúncia no Ministério Público sobre alegadas tentativas de aliciamento a jogadores do clube madeirense.
Reportagem de Bernardo Ribeiro, jornal Record
O assessor jurídico do Benfica, Paulo Gonçalves, foi detido esta manhã por suspeitas de corrupção. Fonte oficial da Polícia Judiciáia confirmou esta detenção bem como de um funcionário judicial e avançou que outras pessoas deverão ser constituídas arguidas.
As detenções, segundo a referida fonte, estão relacionadas com a passagem de informação sigilosa para o Benfica por funcionários de vários organismos da justiça.
Entretanto, a PJ confirma em comunicado a detenção de dois homens, sem referir os nomes, "pela presumível prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, acesso ilegítimo, violação de segredo de justiça, falsidade informática e favorecimento pessoal".
A operação, intitulada "e-toupeira", "envolveu cerca de 50 elementos da Polícia Judiciária, um juiz de instrução criminal e dois magistrados do Ministério Público" e implicou a realização de "30 buscas nas áreas do Porto, Fafe, Guimarães, Santarém e Lisboa que levaram à apreensão de relevantes elementos probatórios".
A Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL) acrescenta, em informação publicada no site, que foram cumpridos seis mandados de buscas domiciliárias, um mandado de busca a gabinete de advogado e 21 mandados de buscas não domiciliárias. Diz ainda que nas buscas estiveram presentes um juiz de instrução criminal, dois procuradores-adjuntos, inspectores da PJ e peritos informáticos. A PGDL não refere que a sociedade anónima desportiva é a SAD do Benfica.
"Nesta investigação, iniciada há quase meio ano, averigua-se o acesso ilegítimo a informação relativa a processos que correm termos nos tribunais ou Departamentos do Ministério Público a troco de eventuais contrapartidas ilícitas a funcionários", diz a mesma nota da PJ,, segundo a qual os detidos vão ser sujeitos a primeiro interrogatório judicial.
A Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa acrescenta que "no inquérito indicia-se a prática de acessos por funcionários a diversos inquéritos em segredo de justiça para obtenção de informação sobre diligências em curso, informações que eram depois transmitidas a assessor da administração de uma sociedade anónima desportiva a troco de vantagens".
A terminar, o comunicado da PJ informa que "a investigação prossegue com vista à continuação de recolha de prova e ao apuramento dos benefícios ilegítimos obtidos".
Paulo Gonçalves é, alegadamente, suspeito de ter subornado três funcionários judiciais para obter informações acerca de processos relacionados com o caso dos e-mails.
De acordo com a Sábado, também um técnico de informática do Instituto de Gestão Financeira e Equipamento da Justiça foi detido pela Unidade Nacional Contra a Corrupção da Polícia Judiciária por suspeitas de corrupção passiva.
O Benfica confirma a realização de buscas e a detenção do assessor jurídico do clube, esta manhã por suspeitas de corrupção, mas mantém confiança em Paulo Gonçalves.
A Procuradoria-Geral da República terá recebido, na terça-feira, uma denúncia anónima, de alegados actos de corrupção e fraude na segunda parte do Estoril-FC Porto, do passado dia 21 de Fevereiro.
Na base da queixa estará uma suposta reunião entre um executivo da Traffic, empresa que detém a maioria do capital da SAD do Estoril, um empresário e um dirigente do FC Porto. O encontro, refere a publicação, terá tido lugar num hotel de Lisboa, na véspera da segunda metade da partida na Amoreira, que terminou com a vitória dos 'dragões' por 3-1.
A mesma denúncia dá conta também de uma alegada transferência bancária no valor de 730 mil euros para a SAD do Estoril, efetuada dias depois do jogo.
O Ministério Público irá agora analisar a referida queixa e só dará início ao procedimento criminal se nela encontrar consistência.
Os 'canarinhos', recorde-se, chegaram ao intervalo a vencer por 1-0, mas o jogo teve de ser adiado por questões de segurança relacionadas com a bancada norte do estádio António Coimbra da Mota.
O director de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, explicou a investigação feita pelo Ministério Público (MP), ao director-geral do clube, Luís Gonçalves.
O Correio da Manhã noticiou, esta terça-feira, que Gonçalves estava a ser investigado. Instada pela Lusa, fonte oficial da PGR confirmou a abertura de uma investigação, por parte do MP, que decorre no Departamento de Investigação e Acção Penal de Braga, sobre factos susceptíveis de configurarem o crime de corrupção no desporto.
Excesso levou a queixa e investigação
No programa "Universo Porto da Bancada", do Porto Canal, Francisco J. Marques frisou que "as investigações devem ser todas levadas ao fim" e assegurou que o FC Porto e Luís Gonçalves" não têm nada a temer".
"Todos nos lembramos do jogo em Braga, na época passada [empate 1-1], em que, no final, naquela altura de cabeça quente, o engenheiro Luís Gonçalves excedeu-se e teve uma frase que foi motivo para que ele tivesse cumprido um castigo [o Conselho de Disciplina da Federação castigou Luís Gonçalves com 30 dias de suspensão]. Excedeu-se, disse ao árbitro que, com aquele comportamento, teria, certamente, uma carreira curta. E a verdade é que, pouco tempo depois, no final da época, o árbitro Tiago Antunes foi despromovido."
Francisco J. Marques revelou que o ocorrido levou "alguém" a apresentar queixa e que o MP "tem de perceber o que é que se passou":
"É preciso perceber se a despromoção do árbitro Tiago Antunes teve interferência do engenheiro Luís Gonçalves, ou seja, se após ter dito aquela frase, [ele] falou com alguém, mexeu algum cordelinho, exerceu algum tipo de influência que causasse a despromoção do árbitro. Ele não fez nada disso, portanto, isto irá, naturalmente, não resultar em nada."
Despromoção que não surpreendeu
Na óptica do "homem forte" da comunicação portista, a despromoção de Tiago Antunes não mais foi que consequência de um mau trabalho.
"O árbitro Tiago Antunes fez, antes desse jogo, 24 jogos. Depois, já incluindo esse jogo, fez três jogos. Ora, a despromoção dele não foi ditada por esses três jogos da recta final, mas pelo acumulado das exibições ao longo da temporada, e só quem não seguisse as arbitragens de Tiago Antunes é que pode ter estranhado a despromoção dele. Era claramente um dos árbitros mais fracos e tinha chegado à primeira categoria à custa de ser um afilhado de Ferreira Nunes".
Frisando que Luís Gonçalves "não é arguido do que quer que seja", Francisco J. Marques salientou que o único desejo do clube é que a investigação seja levada a cabo de forma "eficaz":
"O FC Porto quer que todas as investigações vão até ao fim. Não vamos aqui reclamar de uma investigação rápida nem lenta, nós reclamamos é uma investigação eficaz, correcta, que permita perceber a verdade, porque estamos completamente tranquilos e completamente à vontade."
Comparação com um caso do Benfica
O director de comunicação dos dragões lembrou o caso do antigo árbitro Marco Ferreira, também despromovido, e remeteu para a alegada troca de e-mails entre o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e o assessor da SAD encarnada, Paulo Gonçalves, recentemente constituído arguido, por suspeitas de corrupção, sobre a descida de nota de Rui Costa.
Marco Ferreira acusou, em 2015, o então presidente do Conselho de Arbitragem, Vítor Pereira, de ligar aos árbitros antes dos encontros do Benfica, para pressioná-los a favorecer os tetracampeões nacionais.
"Se o que está em causa é uma eventual interferência do engenheiro Luís Gonçalves nas avaliações ao árbitro Tiago Antunes, há um caso, hoje em dia, muito bem conhecido de, de facto, interferência, que é o já célebre caso de o Luís Filipe Vieira dizer ao Paulo Gonçalves, 'temos de dar-lhe cabo da nota', referindo-se ao Rui Costa, e a consequência disso foi a maior descida de sempre numa revisão de nota".
Mais a título de curiosidade do que qualquer outra coisa, dei-me hoje ao trabalho de averiguar a polémica em torno da lista divulgada pela Benfica TV sobre os 19 clubes alegadamente mais corruptos, não sei bem se é só da Europa se do Mundo. Apenas consegui confirmar os nomes de 16 clubes. Consta que emblemas holandeses estão na lista, mas não vi os seus nomes.
Alguns clubes europeus já reagiram, indignados com a divulgação do comentador da Benfica TV, José Manuel Antunes, que revelou a lista, supostamente proveniente do jornal Daily Mail, que entretanto já desmentiu a existência da mesma.
O FC Porto emitiu comunicado a revelar que ia processar os encarnados. Agora é alguma imprensa europeia que faz eco da indignação de alguns emblemas como a Juventus ou o Fenerbahçe. Desde a Turquia à Itália, passando pela Holanda são várias as referências que se fazem às acusações perpetradas pelo comentador da Benfica TV.
Ricardo Palacin, director do canal das águias, responsabilizou João Manuel Antunes pela divulgação da mesma lista.
Eis os nomes de 16 clubes que, aparentemente, integram a notória lista:
1.º Marselha - 2.º Juventus - 3.º FC Porto - 4.º Dínamo de Berlim - 5.º Cluj (Roménia) - 6.º AC Milan 7.º Fiorentina - 8.º FK Tomori Berat (Albânia) - 9.º Lazio - 10.º Valenciennes (França) - 11.º Leeds - 12.º Widzew Lodz (Polónia) - 13.º Fenerbhaçe - 14.º Besiktas - 15.º Olympiacos - 16.º Glasgow Rangers.
Uma situação que não envolve o Sporting, mas que está relacionada com o todo do futebol nacional. Limitamo-nos a transcrever o que é noticiado pela comunicação social.
O director de comunicação e informação do FC Porto, Francisco J. Marques, revelou esta terça-feira no programa Universo Porto o conteúdo de uma alegada troca de e-mails entre Adão Mendes, ex-árbitro da AF Braga, e Pedro Guerra, comentador afecto ao Benfica, onde são descriminados os nomes de árbitros alegadamente condicionados pelo clube da Luz.
"Vou ler passagens de um e-mail enviado por Adão Mendes, que arbitrou nos anos 90 sem nota de grande destaque, porque não era um grande árbitro. É uma pessoa que fez parte da união de sindicatos de Braga, ligada ao PCP durante muitos anos, mas, acima de tudo, uma pessoa sempre ligada ao Benfica, que trabalha na arbitragem.
Na terça-feira, 28 de Janeiro de 2014, no primeiro campeonato do tetra, há este e-mail: "Não temos de ser mãezinhas, temos de usar a inteligência a nosso favor. Confidencial: o [Manuel] Mota ganhou o processo. O primeiro-ministro é um grande homem e um grande líder, conheço as suas capacidades. O Benfica manda mesmo e os outros já não mexem nada. Dizem os grandes sábios dos painéis que algo está a mudar. Este espaço foi conquistado com muito trabalho do primeiro-ministro. Temos de rezar e cantar bem. Quanto às missas, temos bons padres para todas".
Referiu que "primeiro-ministro" e "padres" fariam parte de uma linguagem codificada, não devendo ser interpretada no sentido literal. "Primeiro-ministro" referindo-se a Luís Filipe Vieira e "padres" seriam os árbitros.
De seguida, passou à enumeração dos árbitros alegadamente condicionados, lendo outro suposto e-mail de Adão Mendes:
"Temos hoje árbitros que, não sendo internacionais, têm demonstrado excelentes prestações: Bruno Esteves, Manuel Mota, Jorge Ferreira, Nuno Almeida, Vasco Santos, Hugo Pacheco, Rui Silva e Paulo Baptista, que está a fazer uma excelente época".
Falou ainda em "esquema de corrupção" e de outra frase atribuída a Adão Mendes: "Hoje, quem nos prejudicar sabe que é punido".
No final, Francisco J. Marques disponibilizou-se a entregar os documentos às autoridades.
Não é que no passado mais distante não tenham existido casos de corrupção no futebol - há registo de vários - mas tudo leva a crer que eram ocorrências raras e excepcionais, que talvez não tenham provocado causa para alarme como muito do que consta hoje em dia, num enquadramento desportivo em que os interesses do futebol indústria superam o jogo em si, e que, cada vez mais, provocam a suspeita que a traição à verdade desportiva marca presença com uma frequência alarmante.
Isto, a propósito de uma reportagem noticiosa que me chegou a atenção, sobre um caso corrente na Confederação CONCACAF, pela disputa do apuramento para o Mundial 2018, que envolveu El Salvador directamente, o Canadá e as Honduras indirectamente.
O Canadá venceu El Salvador por 3-1, em jogo realizado em Vancouver no dia 6 de Setembro. Para os canadianos, acabou por ser um caso de muito pouco, muito tarde, para lhes assegurar o apuramento. No entanto, a ocasião foi marcada por denúncias de "incentivos financeiros", através dos próprios jogadores de El Salvador. Em causa estaria um aliciamento com o objectivo de premiar três resultados diferentes desta selecção (uma vitória, um empate ou uma derrota pela margem mínima), sabendo-se que uma derrota pesada frente ao Canadá, conjugada com um triunfo do México contra as Honduras, afastaria esta da próxima fase de qualificação.
A Federação de Futebol de El Salvador acabou por identificar o autor da reportada proposta, sendo ele o empresário - e antigo presidente do Alianza FC - Ricardo Padilla, também ele salvadorenho. O próprio, em declarações ao jornal La Prensa, já veio a confirmar esta versão da ocorrência:
"Ofereci-lhes dinheiro para ganharem ao Canadá. Porquê ?... Porque me dá pena que os adeptos da nossa selecção sofram tanto com ela. Um jogador até me disse que poderiam estar a favorecer as Honduras e eu respondi-lhe que até podia ter razão, e que fizessem o que entendessem".
O caso reacendeu em El Salvador o incidente de 2013, em que 14 internacionais foram afastados do futebol por envolvimento num esquema de viciação de resultados.
A FIFA, que entretanto revelou estar a analisar a ocorrência, recusou fazer qualquer comentário nesta altura.
Como já foi referido, em campo o jogo terminou com 3-1 a favor do Canadá, que fechou o Grupo A da CONCACAF no terceiro lugar, com sete pontos, um atrás das Honduras, que, surpreendentemente, assegurou um empate com o México, também no último embate desta fase. Só os dois primeiros, sendo México o líder, se qualificam para a próxima fase.
Com isto - e muito mais - até nem será necessário um cínico para questionar a verdade desportiva no futebol Mundial.
É sempre com tristeza e sentido de repúdio que leio notícias sobre actos de corrupção, particularmente no desporto, onde a verdade é tão frequentemente atraiçoada. Neste caso concreto, as revelações sobre a suspeita de manipulação de resultados de jogos da II Liga portuguesa. Chega a nós informações deste tipo de ocorrência noutros países, mas nunca pensamos que possa acontecer no nosso.
Eis a informação de maior relevância divulgada pela Agência Lusa e ainda os comunicados da Liga de Clubes e da Federação Portuguesa de Futebol:
Mais de uma dezena de pessoas foram hoje detidas pela Polícia Judiciária por suspeita de “manipulação de resultados de jogos da II Liga de Futebol”, com recurso ao aliciamento de jogadores, anunciou a Procuradoria-geral da República.
“No âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público, que corre termos na 9.ª Secção do DIAP de Lisboa, realizam-se diligências de investigação em vários pontos do país, tendo sido efectuadas mais de uma dezena de detenções”, refere um comunicado da Procuradoria sobre a operação designada ‘Jogo Duplo’.
Neste processo investigam-se “factos susceptíveis de integrarem crimes de corrupção passiva e activa na actividade desportiva”, envolvendo como suspeitos “dirigentes e jogadores de futebol” e outras com “ligações ao negócio das apostas desportivas”. Os detidos são suspeitos de “manipulação de resultados de jogos da II Liga de Futebol, com recurso ao aliciamento de jogadores”, adianta o comunicado.
A investigação é dirigida pelo Ministério Público, o qual tem a coadjuvação da Polícia Judiciária, sendo que o “inquérito encontra-se em segredo de justiça”.
Entre os detidos estão quatro jogadores do Oriental. As detenções foram feitas pela Policia Judiciária depois de o clube ter vencido o Atlético por 3-2 no dérbi lisboeta da II Liga.
“No final do jogo desta tarde com o Atlético no Estádio da Tapadinha, a Polícia Judiciária abordou os jogadores do Oriental André Almeida, Diego Tavares, João Pedro e Rafael Veloso e levou-os para as suas instalações para serem ouvidos”, lê-se na página oficial do Oriental da rede social Facebook.
Fonte policial adiantou à agência Lusa que estava em curso uma operação em todos o país relacionada com o "combate à corrupção no fenómeno desportivo" e que, além dos quatro jogadores do Oriental, havia "mais detidos".
Agência Lusa
COMUNICADO DA LIGA DE CLUBES
«A Liga condena todas as práticas que não respeitem a verdade desportiva ou a tentem desvirtuar e confia na capacidade das autoridades, de modo a que se investigue e apure qualquer tipo de actos ilícitos, no sentido de assegurar a integridade das competições profissionais.
A Liga estará sempre do lado do esclarecimento, da transparência e da legalidade, batendo-se por um futebol profissional limpo, responsável e moderno. E será rigorosa no cumprimento dos regulamentos, em defesa dos direitos de todos os participantes nas nossas competições».
COMUNICADO DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE FUTEBOL
«A Federação não publicitou a sua acção para não prejudicar qualquer investigação que fosse efectuada pelas autoridades competentes, mas pugna pela verdade desportiva e cumpriu com as suas obrigações desportivas, regulamentares e legais.
Enquanto modalidade desportiva com mais expressão no país, o futebol português representa muito para Portugal, a nível interno e internacional, e não pode pactuar com comportamentos antidesportivos.
Agora, a FPF fica a aguardar, com tranquilidade, o desenrolar das investigações por parte das autoridades competentes».
A serem verdade as declarações atribuídas a Bruno de Carvalho ("vocês são uns corruptos") estas são muito graves. E isto porque não se pode chamar corrupto a alguém sem, de duas uma: ou ter provas dessa mesma corrupção, havendo nesse caso o dever de as entregar às autoridades competentes; ou arcar com as responsabilidades inerentes à ofensa em caso de inexistência de provas. O ónus está, agora, nas mãos de Bruno já que a acusação existe sob forma de relatório e poderá vir, muito justamente, diga-se, levar à punição desportiva (e não só...) de Bruno.
Tão ou mais grave do que isto (e já o é) são as consequências da atitude de Carvalho no que à generalidade da classe dos árbitros diz respeito. Na verdade quem gosta de ver a sua integridade posta em causa quando está inocente como, seguramente, é o caso da grande maioria desses agentes desportivos ?
O grau de imaturidade crescente de Azevedo de Carvalho consegue surpreender-me a cada semana que passa. Por muito que tentemos nada escrever sobre o presidente do Sporting este dá-nos motivos diários para tal...
A expressão é da autoria do norte-americano Richard Blumenthal num sessão do Senado dos Estados Unidos em que estava a ser debatido o escândalo de corrupção que atingiu a FIFA:
Comparar a FIFA à Máfia é quase um insulto à Máfia, já que a corrupção desta organização nunca foi tão descarada, óbvia e arrogante como a que temos conhecido agora no seio de quem rege o futebol mundial. Foram muitos anos de contaminação e as investigações levaram-nos até ao ponto em que se descobriu a corrupção. E podemos vir a ter mais surpresas.
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