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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Em 7 de Maio de 1995 o FC Porto deslocou-se ao Estádio de Alvalade para disputar a 31ª jornada do Campeonato. O Sporting estava a quatro pontos de distância na classificação e uma vitória constituía a derradeira oportunidade para se aproximar da liderança.
Quando a comitiva portista chegou ao Estádio cerca de hora e meia antes do jogo, dezenas de adeptos que já estavam dentro do recinto foram a correr para o varandim sobranceiro à rua onde tinha estacionado o autocarro. Queriam pressionar os jogadores adversários. No entanto, a estrutura não suportou a força dos adeptos, cedeu e na queda duas pessoas, José Gonçalves e Paulo Ferreira, perderam a vida de leão ao peito. Cerca de vinte feridos foram transportados para os hospitais mais próximos.
Domingos Gomes era médico do FC Porto e acorreu de imediato ao local para prestar auxílio e salvar vidas. Não desistiu apesar de pedras atiradas do varandim que caíram perto. Provavelmente, não houve mais mortes devido à sua intervenção corajosa. A seguir chegou o plantel leonino com a finalidade de entrar pela porta 10-A. Houve lágrimas nos jogadores ao aperceberem-se do que se tinha passado e depois no balneário uma vertigem de emoções muito difícil de controlar.
O Sporting designou o dia 7 de Maio como o “Dia do Leão”, data em que homenageia todos os adeptos que já faleceram, nomeadamente José Gonçalves, Paulo Ferreira e Rui Mendes, a vítima mortal de um very-light na final da Taça de Portugal em 1996. Tornou-se um dia de solidariedade entre toda a comunidade sportinguista.
Em 7 de Maio de 2019 o presidente Frederico Varandas homenageou o doutor Domingos Gomes.
O Dr. Domingos Gomes, antigo director clínico do FC Porto, foi ontem homenageado pela Direcção de Frederico Varandas no ‘Dia do Leão’, "em que se presta homenagem aos que viveram e morreram de leão ao peito". Motivo: foi o antigo médico portista o primeiro a socorrer os adeptos que, a 7 de Maio de 1995, sofreram um acidente, na sequência da queda de um varandim no antigo Estádio José Alvalade.
"É de toda a justiça esta homenagem que estamos aqui a fazer-lhe 24 anos depois, já que sendo, à data, diretor clínico do FC Porto, a primeira coisa que fez foi socorrer a mais de uma dezena de sócios que caíram do varandim. Fez o que pôde. São estes valores, que vimos no meu amigo Domingos Gomes, que nós cultivamos e admiramos no Sporting", proferiu, durante o discurso, Frederico Varandas, garantindo que as duas vítimas mortais – tal como Rui Mendes, que morreu um ano depois, na final da Taça – "nunca" serão esquecidos.
O antigo médico portista confessou sentir-se "orgulhoso e, ao mesmo tempo, emocionado" e defendeu que "o futuro vai ser sempre risonho para gente" que "se lembra dos seus valores".
Na cerimónia, estiveram representadas as claques do Sporting. Ainda assim, foi notada a ausência de Mustafá, líder da Juventude Leonina.
Bruno de Carvalho, outros membros dos órgãos sociais e atletas do Clube estarão hoje, a partir das 13h00, na Praça do Centenário para assinalar o Dia do Leão.
Vão ser homenageados José Alberto Gonçalves e Paulo Jorge Vidal, os adeptos leoninos vítimas da queda do varandim, em 1995, e Rui Mendes, o adepto vítima de um "very-light" na final da Taça de Portugal em 1996.
Uma coroa de flores será colocada junto do monumento e guardado um minuto de silêncio.
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«Era uma chegada, como tantas outras dezenas de chegadas em tantos outros anos. Era a chegada do autocarro com a equipa do FC Porto. Naquele dia, por uma infeliz coincidência, um grupo de jovens mais intempestivos passava junto à zona no momento em que o autocarro chegava. Foi acto contínuo ! A multidão quis brindar os jogadores portistas com os "mimos" da praxe. Em segundos, uma força bruta esmagou um dos varandins das galerias que rodeavam o estádio, por cima da porta 10-A. Os jovens precipitaram-se... e quando perceberam já era tarde. Dezenas de pessoas caíram desamparadas de uma altura de cinco metros. Dois deles não resistiram aos ferimentos. E podia ter sido pior, não a coragem do Dr. Domingos Gomes e do... presidente Pinto da Costa.
O autocarro do FC Porto parou e a comitiva percebeu-se imediatamente da tragédia. O Dr. Domingos Gomes e o presidente Pinto da Costa saíram imediatamente em socorro dos sinistrados. Foi uma acção espectacular ! Mesmo debaixo de pedras que choviam de todos os lados, aquelas duas pessoas foram incansáveis. Para eles era mais fácil abrigarem-se na porta 10-A mas não, ficaram ali a prestar os primeiros socorros e a desviarem-se das pedras. Tenho de lhes prestar essa homenagem !... Foi o dia mais dramático da minha vida no Estádio José de Alvalade.»
Coronel Cunha Bispo - Director das Instalações Desportivas
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