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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
“Teve uma infância estranha, disse Austin. Em última análise, todas as infâncias o são, disse Mister Deluxe. (…) Zuca é aquele que queremos ser ou que julgamos que queremos ser.” (“O que diz Molero”, Dinis Machado)
“Eu e muita rapaziada do Bairro Alto fomos para o Sporting. Agora já não é assim, mas antigamente o ciclismo era talvez mais popular, por causa dos relatos radiofónicos, que o próprio futebol. O Benfica tinha um ciclista que ganhava a Volta a Portugal, um ciclista cheio de força chamado José Maria Nicolau. Tinha eu para aí três anos, quatro anos, e ouvia falar: “José Maria Nicolau ganhou, com a camisola do Benfica, a Volta a Portugal em bicicleta”. No ano seguinte, um gajo do Cartaxo, que veio morar para o Bairro Alto, entrou no Lisboa Clube Rio de Janeiro (o clube do Bairro Alto). Vestiu a camisola, foi à Volta e ganhou a Volta contra o Nicolau. O Sporting foi logo buscá-lo. A miudagem do Bairro Alto passou a ter atracção pelo Sporting por causa do Alfredo Trindade. É uma das razões. O meu pai queria que eu fosse do Benfica. Mas a minha malta de rua tinha costela sportinguista.” (Entrevista de Dinis Machado a Anabela Mota Ribeiro, revista Egoísta, em 2004)
“Toda essa curiosa nomenclatura, disse Mister DeLuxe, (...) tem que ver com os mitos locais? (…) Molero diz aqui, explicou Austin, que tudo se conjuga, bate certo.” (“O que diz Molero”, Dinis Machado)
Na fotografia, Alfredo Trindade vence a Volta a Portugal em 1933.
Yazalde e a “triunfante fatalidade”
A memória dos adeptos do futebol não costuma falhar. Não há esquecimento possível para um jogador que vestiu com galhardia a camisola do seu clube. No caso do Sporting, Hector Yazalde está entre os maiores que vestiram de leão ao peito. É que o craque das pampas, para além de ter sido uma excelente pessoa e um grande profissional de futebol, tinha aquele remate à baliza que deu tantas alegrias aos sportinguistas devido ao seu acerto e potência. Mas, também era jogador de grande subtileza em frente à baliza.
O “anjo com cara de índio”, como alguém lhe chamou, marcou 128 golos em 135 jogos, mas um dos mais surpreendentes terá acontecido num Sporting - Benfica em 31 de Março de 1974. Nesse derby, o inesquecível Chirola marcou um golo memorável, que de tão repentino, súbito e imprevisto impediu a reacção do Zé Gato que ficou a olhar para a bola que passou mesmo à sua frente. Uma bola que parecia perdida na pequena área, um salto de peixe, a subtileza de um toque de cabeça e o primeiro golo do desafio estava feito. Tudo com aparente simplicidade. É que Héctor Yazalde era portador de uma “triunfante fatalidade” (Dinis Machado) perante o guarda-redes adversário!
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