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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Numa primeira apreciação, o acordo estabelecido entre o Sporting e a NOS parece constituir um bom negócio para o Sporting, sendo revelador da relevância do Clube no contexto do futebol nacional. No entanto, a blogosfera leonina foi invadida por acalorados debates por persistirem dúvidas relativamente à verdadeira dimensão das contrapartidas estabelecidas de parte a parte. O presidente do Sporting caiu na armadilha de mostrar irritação e impaciência por algumas questões que foram levantadas. A própria diatribe ao associado Sérgio Abrantes Mendes revela grande incómodo.
Na verdade, sem uma análise atenta e segura dos termos do contrato estabelecido entre o Clube e a NOS corremos o risco de mandar para o ar morteiros de pólvora seca. Bruno de Carvalho ajuda à festa ao encher a boca com 515M€ quando todos sabemos que o que se contratou agora com a NOS e a PPTV não corresponde em rigor a esse montante. Mas, o presidente do Sporting habituou-se a lançar cortinas de fumo para melhor baralhar as cartas e distribui-las de novo.
Da leitura dos comunicados do Sporting e da NOS à CMVM mantenho determinadas dúvidas que, por enquanto, não vejo esclarecidas:
- a concessão dos “direitos de transmissão dos jogos em casa por 10 anos” da equipa A de futebol refere-se apenas à Primeira Liga ou é mais abrangente?
- a concessão dos “direitos de exploração da publicidade estática e virtual no Estádio José Alvalade” implica em concreto os painéis publicitários e écrans ou alarga-se, por exemplo, ao naming das bancadas nascente e poente?
- a concessão do “estatuto de patrocinador principal do Sporting por 12 épocas e meia” inclui apenas a camisola da equipa principal ou estende-se às outras equipas (B e Formação) de futebol do Clube?
- a “revisão dos valores do contrato com a PPTV” em quanto é que de facto beneficia financeiramente o Sporting considerando que se acrescentou agora a concessão de três anos de publicidade estática e virtual do Estádio e que havia valores já contratualizados?
- desconhecendo-se os termos da evolução do mercado audiovisual e do impacto financeiro dos novos formatos como o streaming estão previstas fórmulas para reavaliar e renegociar no futuro o acordo com a NOS?
- verificando-se uma significativa valorização da “marca” Sporting estão estabelecidos processos que permitam a devida adequação dos termos financeiros do acordo?
- confirmando-se uma revisão em alta do contrato entre o Benfica e a NOS está previsto algum mecanismo compensatório para o Sporting?
- havendo desinteligências contratuais em que termos está prevista a cessação do contrato por uma ou pelas duas partes?
Quando Bruno de Carvalho se candidatou em 2013 à presidência do Sporting sublinhou com frequência o valor da “transparência” nos actos de gestão do Clube. Por essa razão, muitos sportinguistas esperam que o presidente do Clube seja coerente com aquilo que apregoou no passado em determinado momento.
/Fotografia de Yves Lecoq/
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