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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Uma coisa é "puxar a brasa" à sua paixão clubista, e neste caso também empregador, outra, muito diferente, é ser intelectual e factualmente desonesto, precisamente o que Nuno Gomes está a ser com a recém-entrevista concedida ao Diário de Notícias, no que a formação de jogadores diz respeito, no contexto Sporting e Benfica. Recomenda-se, portanto, que o actual dirigente "encarnado" e antigo futebolista consulte o seu médico para rever qualquer medicação que está, obviamente, a transtornar a sua lucidez.
Entre outras considerações pouco ou nada consequentes, Nuno Gomes teve isto para dizer na referida entrevista:
«Não tenho dúvida nenhuma (que o Benfica tem a melhor formação de Portugal). Em termos de infra-estruturas e condições de trabalho estamos à frente. Ser a melhor formação, na minha óptica, não é ser o clube que ganha mais títulos nesses escalões. Damos importância aos resultados, a ganhar campeonatos, mas damos um bocadinho mais ao desenvolvimento do jogador e ao que vai ser o seu futuro.
Estamos a trabalhar muito bem e o feedback que tenho recebido de toda a gente é que estamos um bocado à frente dos outros clubes portugueses. O Sporting começou mais cedo e tirou muita vantagem, porque o Benfica não tinha um espaço físico. Mas hoje em dia a formação do Benfica está ao nível dos grandes clubes mundiais. É o feedback que tenho das equipas estrangeiras que nos visitam ou em viagens que faço para conhecer outras realidades. Estamos ao nível dos melhores».
O Sporting "começou mais cedo"... ?... É verdade, a formação do Sporting tem várias décadas de existência, enquanto que a do Benfica, no real sentido, pouco mais tem do que uma meia dúzia de anos, e nada tem a ver com infra-estruturas, mas sim com a totalidade de um programa e respectiva organização nesse exclusivo sentido.
Nem sequer vale a pena recuar nos tempos e rever os muitos talentos que foram e continuam a ser formados no Sporting. A prova está bem à vista, como aliás a recém-selecção portuguesa campeã da Europa evidenciou com dez dos seus elementos oriundos da formação leonina.
Poderemos concordar com Nuno Gomes se ele afirmar que o clube da Luz está mais focado na formação em anos recentes e que até apresentou três ou quatro talentos acima da média, mas daí até clamar que tem a mehor formação de Portugal, é uma autêntica absurdidade.
Essa história do "feedback" de equipas estrangeiras não passa de venda da banha da cobra para consumidor incauto.
Um artigo de opinião do jornalista Carlos Nogueira do Diário de Notícias, que o leitor poderá ter interesse em comentar, sobre os jogadores - e o respectivo investimento - dos três grandes, que são pouco ou nada utilizados pelos treinadores.
O autor conclui que o Benfica é o clube com mais dinheiro investido nestes jogadores, mas que o Sporting tem o maior número. O FC Porto fica abaixo dos dois rivais em ambos os enquadramentos. Dado que o artigo é bastante extenso, transcrevo apenas a parte que mais se relaciona com o Sporting:
«Os três grandes do futebol português têm, no total, dez futebolistas que não têm feito parte das escolhas dos respectivos treinadores nos jogos da Liga nesta época. São jogadores contratados que custaram aos cofres das três SAD 24,7 milhões de euros, sendo a fatia dos dragões muito menor do que a dos rivais de Lisboa.
O Sporting é o que tem mais jogadores parados: Oriol Rosell, Zakaria Labyad, Valentin Viola, Junya Tanaka e André Carrillo. Destes cinco jogadores apenas o peruano (custou 690 mil euros) jogou no campeonato, mais concretamente em quatro partidas, mas o facto de estar em final de contrato e de não ter chegado a acordo (foi alvo de um processo) para a renovação atirou-o para a bancada desde 13 de Setembro, altura em que os leões venceram o Rio Ave por 2-1.
Quem ainda não tem minutos na Liga é o japonês Tanaka - só tem 63 minutos distribuídos pelos jogos com o Vilafranquense (Taça) e Skënderbeu (Liga Europa) -, que habitualmente vai para a bancada, depois de na temporada passada ainda ter marcado sete golos em 28 jogos oficiais de leão ao peito.
Há ainda três casos de futebolistas contratados em épocas anteriores, mas que não fazem parte do plantel de Jorge Jesus. São os casos do médio Zakaria Labyad e do avançado Valentin Viola, que estão a trabalhar na equipa B, e Oriol Rosell, que não foi inscrito. Viola foi o que obrigou o Sporting a um investimento maior: quatro milhões de euros. Aliás, a SAD do Sporting investiu nestes cinco jogadores quase dez milhões de euros sem estarem a ser rentabilizados.»
Nas seis épocas em que esteve no Benfica, o técnico conseguiu seis triunfos tardios na Liga. Em dez jornadas de leão ao peito já contabiliza três e por duas vezes após os 90 minutos
Tondela, Nacional e Arouca foram vítimas de um Sporting de Jorge Jesus com queda para conseguir triunfos após o minuto... 85. No total, nesta época em jogos da Liga, foram seis pontos conquistados quando o empate parecia inevitável. Esta é uma nova faceta do treinador, de 61 anos, que nos seis anos em que representou o Benfica apenas venceu seis partidas nos minutos finais e só na primeira época (2009-10) alcançou a vitória por duas vezes e, curiosamente, nas dez primeiras jornadas: em Guimarães (1-0, Ramires aos 90") e em casa com a Naval (1-0, Javi García aos 89").
Nesta temporada, valeu ao Sporting Adrien Silva, que marcou de penálti (90"+6) em Aveiro diante do Tondela; o colombiano Fredy Montero, que marcou aos 86" frente ao Nacional em Alvalade; e anteontem o argelino Islam Slimani, que desfez o empate em Arouca aos 90"+1.
São aliás estes seis pontos que fazem toda a diferença nesta altura do campeonato, pois permitem ao Sporting liderar a Liga com cinco pontos de avanço sobre o FC Porto e oito em relação ao Benfica, embora os dois rivais tenham em atraso os respetivos jogos com o União da Madeira.
O Sporting de Jorge Jesus tem sido, aliás, uma equipa muito contida nos triunfos, pois das oito vitórias para o campeonato cinco foram alcançadas pela margem mínima - 1-0 com Nacional, Estoril e Arouca; e 2-1 ao Tondela e ao Rio Ave -, só fugiram a esta tendência os 3-1 à Académica, 5-1 ao V. Guimarães e o 3-0 ao Benfica.
Com o triunfo de anteontem em Arouca, Jorge Jesus igualou o seu melhor arranque no campeonato. Se tivermos em conta as dez primeiras jornadas da Liga, o Sporting soma agora 26 pontos, os mesmos que o Benfica em 2012-13, que também chegou a esta fase da prova sem derrotas e com oito vitórias e dois empates. O Sporting não tinha uma carreira tão boa desde 1994-95 - ainda a vitória só valia dois pontos. Na altura os leões, treinados por Carlos Queiroz, também lideravam o campeonato, mas quem chegou ao título foi o FC Porto do inglês Bobby Robson.
A última vez que o Sporting chegou à 10.ª jornada sem derrotas foi em 1998-99. Era treinador dos leões o croata Mirko Jozic, que no entanto terminou o campeonato no quarto lugar, com cinco desaires sofridos.
Outra marca de destaque para Jorge Jesus prende-se com o facto de o Sporting ter sofrido menos golos com dez jogos disputados do que qualquer equipa que o técnico orientou nos seis anos de águia ao peito. São apenas cinco golos sofridos, menos um do que a defesa dos encarnados em 2012-13.
O Sporting tem uma média de 0,5 golos sofridos por partida, uma marca que não se via em Alvalade desde 1991-92, quando à décima ronda só haviam sido batidos por quatro vezes. Ainda assim, essa equipa treinada pelo brasileiro Marinho Peres encontrava-se então no quinto lugar da tabela, tendo na altura cinco vitórias, três empates e duas derrotas. Nas duas últimas vezes que o Sporting foi campeão, em 1999-00 e 2001-02, tinha encaixado mais golos do que neste momento: dez e nove, respetivamente.
No que diz respeito à produção ofensiva, os leões contabilizam 19 golos, marca apenas superior a duas temporadas de Jorge Jesus no Benfica: 13 em 2010-11 e 17 em 2013-14.
Carlos Nogueira / Diário de Notícias
Tinha dito que nada mais escreveria sobre Matheus Pereira até obter informações adicionais sobre as circunstâncias que o levaram a assinar pelo Sporting, depois de um impasse de quase um ano. Fiz alguns contactos nesse sentido mas, na realidade, devo admitir, a informação disponível é escassa. Apenas me foi dito, já na semana passada, que existiam rumores sobre uma questão contratual, mas acabei por ficar a saber o mesmo, dado que nada mais de concreto veio à luz do dia.
Há pouco mais de uma hora chegou-me referência a um artigo do «Diário de Notícias», que eu desconhecia e que passo a transcrever, na íntegra:
Matheus Pereira. Reforço ou problema para o Sporting ?
Mónaco tem contrato assinado com o brasileiro, que renovou com os leões na semana passada, e pondera levar o caso à FIFA.
O Sporting anunciou na semana passada a renovação do jovem Matheus Pereira da equipa B até 2020, blindado com uma cláusula de rescisão de 60 milhões de euros. Uma surpresa para muitos, principalmente para o empresário Nir Zahavi, que não foi tido nem achado no processo, soube o DN. E para o Mónaco, clube que esperava pelo jogador em Junho. Isto porque o extremo brasileiro de 18 anos esteve no Principado a fazer testes médicos, em Janeiro, tendo assinado um pré-acordo, com contrato de trabalho associado, segundo o DN apurou. O vínculo era de cinco anos (até 2020) e com um ordenado de 15 mil euros por mês no primeiro ano, que passava para 20 mil no segundo ano, 25 mil no terceiro, 30 mil no quarto e 35 mil no último ano. Valores que o Sporting igualou, soube o DN, fazendo Matheus Pereira desistir do Mónaco e ficar em Alvalade, onde joga desde 2009. O problema é que o jogador já se tinha comprometido contratualmente com o clube de Leonardo Jardim.
Como é evidente, desconhecemos, por completo, a veracidade das informações reveladas pela jornalista Isaura Almeida, do Diário de Notícias. Muito embora estas questões de duplo contrato não sejam inéditas no futebol - e tivemos casos no passado bem perto de casa - queremos acreditar que a Sporting SAD estava devidamente informada das circunstâncias do jogador e que não levaria a cabo a renovação se, de facto, Matheus Pereira já estivesse contratualmente comprometido com o Mónaco.
Parece-me sensato, face a esta notícia, a SAD vir a público esclarecer a situação para evitar o expectável sensacionalismo noticioso e conjecturas sem fim.
Não deixa de ser estranho - se é que há algo "estranho" no futebol português - que o "Diário de Notícias" tenha surgido na segunda-feira a noticiar que "teve acesso ao relatório do árbitro", citando até alguns apontamentos de Marco Ferreira, após reunião com os delegados da Liga, o seu presidente Mário Figueiredo, Luís Filipe Vieira e Bruno de Carvalho, "decidiu-se pela marcação do jogo para terça-feira, às 20.15, condicionado às condições de segurança do estádio". E após também reunião com os delegados dos dois clubes, o director do campo e o director de segurança do Benfica, que este "não garantia as condições de segurança do estádio para a realização do jogo".
Não tanto pela informação divulgada mas pelo acesso em si, é justo questionar quem autorizou, porventura até mandatou, que o relatório fosse tornado público e, se aconteceu nesta ocasião, em quantas outras terá ocorrido.
Até admito que será uma pergunta de certo modo ingénua da minha parte, dado que cá no burgo futebolístico impossível é nada.
Daniel Sampaio, cessante vice-presidente da Mesa da Assembleia Geral, concedeu uma extensa entrevista ao Diário de Notícias em que relata um leque de incidências e confidencialidades do foro interno do Sporting, desde a forma como as reuniões eram dirigidas à alegada «espionagem» aos jogadores por Paulo Pereira Cristóvão. Com Godinho Lopes no centro das suas impiedosas críticas, só é lógico concluir que as suas intenções relacionam-se com egos e ódios pessoais, mesmo que em detrimento do Sporting. Todas as histórias têm três versões: a de um, a do outro, e a verdade, mas ultrapassa qualquer sentido de decoro e sensatez Daniel Sampaio vir agora para a praça pública «lavar roupa suja». No mínimo, é uma forma muito estranha de manifestar afecto ao Clube e põe em causa o sentido de união, paz e tranquilidade tão apregoado em tempos recentes.
Nem me vou dar ao trabalho de comentar os pormenores da sua entrevista, porque não o merecem. Esta personagem faz parte do passado do Sporting, e um passado muito nebuloso, e devia ter o bom senso e a dignidade, que raramente demonstrou, de seguir a sua vida e deixar o Sporting aos sportinguistas que se preocupam em edificá-lo e não projectar o seu nome e a sua imagem para o pântano do indecoro.
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