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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
*Título extraído de um comentário de Leão Zargo, num post sobre Joaquim Agostinho
O Sporting Clube de Portugal foi fundado por homens que gostavam de jogar futebol, uma modalidade, importada da Inglaterra, mas com muita aceitação no início do século XX. Mas quem consultar a história do Clube encontra logo no período da sua fundação várias outras modalidades, como ténis, atletismo e ginástica. Igualmente curioso é constatar que houve, desde sempre, grande participação de mulheres atletas na vida do Clube, como por exemplo Hortense Roquette.
O Sporting CP é um clube ecléctico, o campeão do eclectismo em Portugal. É e sempre foi. Sendo o futebol como modalidade popular, menos exigente em meios, e portanto acessível a todos os que o quisessem praticar, depressa se popularizou. Bastava uma bola, às vezes feita de trapos para se reunirem interessados, num espaço mais ou menos amplo, e para se organizar um jogo.
No entanto, outras modalidades foram gradualmente ganhando o seu lugar, captando atletas e competindo ao mais alto nível interno e externo. Não foi por acaso que o Clube ganhou desde muito cedo títulos nacionais e europeus. É uma pena que esta rica história desportiva, não seja mais divulgada, porque é pouco conhecida da gerações mais recentes. Refere-se o ciclismo, que levou ao clube até ao país mais recôndito, o atletismo com mais de sessenta medalhas internacionais, o hóquei em patins, com oito medalhas de ouro europeias, só para dar alguns exemplos.
Quando se aprecia a grandeza de um clube, tem que se ter em consideração o papel que desempenhou, não apenas no desenvolvimento e divulgação do futebol, mas no trabalho que foi feito noutras modalidades. Esta herança que vem do passado, mas que continua a estar presente, devia orgulhar todos os sportinguistas, e, diga-se, até os portugueses que apoiam outros clubes.
No Camarote Leonino, ao contrário de outros espaços, dá-se grande relevo a todas as modalidades. Um serviço de evidente valor que se presta ao Sporting e que merece ser devidamente reconhecido. Pena é que muitos dos seus leitores passem ao lado dessa divulgação. Pena é que os adeptos sportinguistas, e de todos os clubes, só vivam focados no futebol, com uma cegueira que não permite ir mais além. Deste modo, o chamado desporto rei, que também sigo com paixão, aliena mais do que liberta, como devia ser a função do desporto.
Os sportinguistas precisam de olhar para o Clube de uma forma mais ampla, valorizando o seu historial, passado e presente, unindo-se à sua volta com a convicção que não somos, de nenhum modo, inferiores aos nossos adversários. E devemos mostrar que como adeptos de um clube ecléctico, apoiamos o eclectismo.
Isto é o verdadeiro Sporting e não o que hoje pulula nas redes sociais!
O presidente João Rocha e o Hóquei em Patins
João Rocha foi um dos presidentes do Sporting que deu maior importância ao ecletismo do Clube. Com ele na presidência, o Hóquei em Patins leonino alcançou um nível extraordinário, tendo conquistado uma Taça dos Campeões Europeus, duas Taças das Taças e uma Taça CERS.
Nesta fotografia tirada em Alvalade em 18 de Junho de 1977, o presidente João Rocha está acompanhado pelos seus filhos, e um deles segura o troféu dos Campeões Europeus conquistado na final contra os espanhóis do Villanueva. Houve festa rija no Estádio, com os jogadores e técnicos a serem recebidos em euforia por uma multidão de sportinguistas, depois de um cortejo triunfal.
Foi o tempo da Equipa Maravilha, os nossos “cinco magníficos” do Hóquei em Patins: Ramalhete, Rendeiro, Sobrinho, Livramento e ‘Chana’. Foi a melhor equipa portuguesa de sempre no hóquei patinado, ganhou tudo o que havia por conquistar!
Bruno de Carvalho voltou ao seu registo habitual num jantar-convívio no núcleo sportinguista de Alcobaça, realizado na passada 6ª feira. Segundo os jornais, terá afirmado que “o Sporting deu um murro na mesa e disse chega. O desporto será diferente se o Sporting abandonar modalidades.”
O desvario a propósito de uma hipotética extinção das modalidades é apenas isso. Um desvario, felizmente inconsequente, porque ele não põe e dispõe do Clube. Mas, serviu para desiludir aqueles sportinguistas que, pelas recentes movimentações na área da Comunicação, chegaram a acreditar que estava na forja um outro “Bruno de Carvalho”, mais ponderado e assertivo e consciente da especificidade da sua condição de presidente do Sporting. Afinal, continua tudo na mesma, até porque o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita.
Apesar de inconsequente, a catilinária de Bruno de Carvalho teve a mérito de trazer o ecletismo leonino para o centro das conversas entre os sportinguistas, por ser uma matriz identitária do Sporting e permanente na sua já longa duração histórica. Aliás, o jornal Sporting, em 1958, evidenciava a toda a largura das suas páginas a grandeza eclética do Clube e destacava o Estádio José Alvalade que tinha sido inaugurado dois anos antes. Como se sabe, o Estádio ostentava os anéis olímpicos na bancada central.
Muitos de nós recordam-se de como tudo acontecia em Alvalade, desde o futebol às diversas modalidades. Foi precisamente em virtude desse ecletismo que o Sporting se tornou na maior potência desportiva nacional e divulgou no país e no estrangeiro as modalidades desportivas ao mais alto nível. São motivo de orgulho para os sportinguistas os 20 mil títulos conquistados, as 23 taças europeias e as 9 medalhas olímpicas. É por um Clube assim que caminhamos para o Estádio com um olhar de entusiasmo e de ambição.
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