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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
As recentes eleições para os Órgãos Sociais do Sporting Clube de Portugal trouxeram de novo para o debate o número de votos que é atribuído a cada associado. A eleição de Frederico Varandas foi reconhecida como legítima e inquestionável, mas logo algumas vozes se fizeram ouvir garantindo que foram os “velhos” que lhe deram a vitória. Nada mais errado. Basta consultar os cadernos eleitorais para concluir que o sector de votantes que tem um peso decisivo no resultado eleitoral é aquele que possui entre quinze anos e quarenta e quatro anos de sócio. Por outro lado, pela lei da vida, é incomparavelmente superior o total do número de votos dos associados com cinco a treze anos de pagamento de quotas do que dos que são chamados eufemisticamente de “velhos” (com sessenta ou mais anos de pagamento de quotas).
Até 1947 os dirigentes leoninos eram eleitos em Assembleia Geral, correspondendo um voto a cada sócio. Na revisão estatutária de 1947 foi criado um Conselho Geral que passou a ter a competência de indigitar os presidentes da Assembleia Geral, da Direcção e do Conselho de Fiscalização, Contencioso e Sindicância, que depois seriam ratificados pelos sócios em Assembleia Geral. No essencial, até 1981, mesmo com a substituição do Conselho Geral pelo Conselho Leonino em 1968, foi esse o regime eleitoral que vigorou. Nos Estatutos de 1968 ficou consagrado o princípio de diferenciação entre os sócios de acordo com a antiguidade e o tipo de quota.
O presidente João Rocha fez aprovar na Assembleia Geral de 11 de Setembro de 1981 uma importante alteração aos Estatutos do Clube, determinando que para além dos candidatos à Presidência dos Órgãos Sociais do Clube, indigitados pelo Conselho Leonino, todos os outros membros propostos para integrarem esses Órgãos seriam sujeitos à aprovação dos associados. Na Assembleia Geral eleitoral de 29 de Junho de 1984 participaram mais de dez mil sócios, com as urnas a encerrarem já de madrugada. Durante a presidência de Jorge Gonçalves o Conselho Leonino passou a possuir funções meramente consultivas, terminando a sua competência de indigitação dos candidatos aos Órgãos Sociais. Nas eleições de 23 de Junho de 1989 apresentaram-se quatro listas, tendo vencido a que era liderada por Sousa Cintra.
A revisão estatutária de 2011 tornou mais equitativa a diferença do número de votos no acto eleitoral, mas manteve o benefício da antiguidade associativa. Na generalidade, os principais clubes portugueses aplicam um princípio diferenciador no momento do voto, conforme o tempo de associado. O FC Porto constitui a excepção mais relevante. Os clubes consideram-se associações com legitimidade para se organizar e prevenir eventuais infiltrações ou chapeladas eleitorais, definindo que os sócios com maior antiguidade têm uma maior capacidade eleitoral activa. A realidade associativa de um clube desportivo é distinta da realidade cívica de um país, que estabelece justamente que a cada cidadão corresponde um voto eleitoral.
Pessoalmente, no que refere ao Sporting, concordo com o princípio que reconhece que os associados mais antigos são os maiores depositários dos valores do Clube. No momento adequado pode (e deve) ser debatida uma eventual revisão estatutária, que abranja este e outros aspectos, talvez ainda mais pertinentes. Refiro-me, em particular, à existência de uma segunda volta eleitoral quando nenhuma das listas candidatas obtenha uma votação superior a 50%, à eleição do Conselho Fiscal e Disciplinar pelo método de Hondt e à votação em listas separadas para os Órgãos Sociais. Mas, no curto prazo, todos sabemos, são outras as prioridades dos sportinguistas. Isso é certo.
Frederico Varandas obteve 42,32% dos votos e foi eleito presidente do Sporting Clube de Portugal nas eleições mais concorridas de sempre. Participaram 22 400 sócios, sendo a percentagem de brancos e nulos praticamente insignificante (2,52%). Segundo Luís Paixão Martins, o novo presidente leonino deve a sua vitória ao apoio que conseguiu entre os associados “Efectivo A” com direito a entre 5 a 10 votos, e que constituem 55% do universo eleitoral. Isto é, aqueles que têm entre quinze anos e quarenta e quatro anos de pagamento de quotas.
Frederico Varandas beneficiou do facto de ter apresentado mais cedo a sua candidatura, rompendo desde logo com o poder vigente na altura. Gerou uma expectativa positiva inicialmente, foi cuidadoso na abordagem da questão do treinador e comprometeu-se com a estabilidade no Clube. No entanto, caiu na armadilha de constituir uma “Comissão de Honra” que nada acrescentou e principalmente foi desastroso nos debates ou intervenções públicas. Valeu-lhe o facto de a campanha eleitoral ter sido fraca em geral, com muitos lugares comuns, pouca imaginação e sobranceria excessiva nuns ou agressividade a mais noutros. Todas as candidaturas tinham virtudes e defeitos, mas Varandas conseguiu colocar-se no “centro” e levar o seu discurso racional aos que têm uma maior capacidade de decidir as eleições.
Agora, depois de tomar posse como o 43º Presidente do Sporting, Frederico Varandas terá os olhos dos sportinguistas fixados nele e é certo que não vai ter um prolongado estado de graça. Os adeptos de Bruno de Carvalho que se lhe referem como “traidor” e “fivelas” não lhe darão descanso e o facto de João Bendito ter obtido cerca de 1 100 votantes a mais do que ele estará sempre presente na memória de muitos. Na vida nada é permanente e no futebol pouco é previsível.
De certa forma, os novos órgãos sociais leoninos dependem do sucesso, mesmo que relativo, da equipa principal de futebol. É sempre assim. O Conselho Directivo precisa de tempo para pôr em prática um plano de acção que convença a maioria dos adeptos. Um modelo de governo do Clube com práticas efectivas de transparência e de exigência, a organização competente e eficaz do futebol, a continuação do sucesso nas modalidades, uma gestão financeira e fontes de financiamento adequadas às necessidades a curto e médio prazo, um relacionamento institucional inteligente e um estilo de comunicação abrangente para todos os sportinguistas. E, evidentemente, aquilo que está em cima da mesa: os processos de rescisão litigiosos de jogadores.
Apesar do sentido único para a sua governação, Frederico Varandas pode encarar o futuro com uma nesga de optimismo. Os sportinguistas estão mais convictos do que nunca de que unanimismos e caudilhismos não permitem que, permanentemente, se descortinem as melhores soluções para o Clube. Nem um subliminar providencialismo, próprio de quem se considera o salvador, irá resgatar o Sporting dos seus males e insucessos desportivos. Por isso, muitos estarão mais atentos à qualidade do modelo de governo do que aos aspectos acessórios e mediáticos que fizeram história no passado recente.
Parabéns Sportinguistas !!!
Jaime Marta Soares anunciou que já se atingiu recorde nas votações. Até às 16h45 já haviam votado 21 mil sócios.
Recorde-se que as urnas estão abertas até às 19h00.
Adenda
Com 22500 Sócios a exercerem o direito de voto – 19159 presencialmente e 3351 por correspondência – a Assembleia Geral Eleitoral do dia 8 de Setembro fica marcada na história do Clube como a maior de sempre.
Fernando Tavares Pereira "O que queremos é ganhar títulos, unir o Sporting"
Até às 15h00, mais de 10 mil Sócios votaram em Alvalade
Por correspondência, foram 5100 os Sócios que exerceram o seu direito de voto.
Rui Jorge Rego "Não serei oposição se não vencer"
José Maria Ricciardi
"Estou muito contente por ver esta afluência extraordinária de sócios"
É o dia de todos os Sportinguistas
Dias Ferreira "Estou confiante, porque confio nos sócios do Sporting"
Frederico Varandas "Confesso que fico emocionado.
É o acto eleitoral com mais participação"
Carlos Lopes "Qualidade não falta a todos os candidatos"
Bas Dost também já votou
Depois de um período de turbulência interna o Sporting vai hoje a eleições. E não se pode dizer que não há candidatos para vários gostos. Mas exceptuando três, os outros, na minha opinião, servem apenas para compor o proverbial ramalhete. Isso não significa desprimor, pois trouxeram ideias para enriquecer o debate e que o vencedor poderá aproveitar.
Tudo aponta para que a disputa final se dê, por ordem de intenção de candidatura, entre Varandas, Benedito e Ricciardi. Já aqui manifestei, em comentário, a apreciação para cada um deles. Não assumi, nem assumirei. publicamente, qualquer opção pessoal. Sei que, por razões diversas, a opção não é fácil e vai haver indecisão, por parte de alguns votantes, até ao acto de votar.
Ganhe quem ganhar será o presidente de todos os sportinguistas e enquanto exercer as suas funções com elevação, correcção e respeito, fazendo o seu melhor em prol do clube, deve merecer o apoio de todos.
Em termos genéricos, o perfil de um presidente de uma instituição como o Sporting CP, deve enquadrar-se em alguns princípios básicos: estabilidade e inteligência emocional, carácter, competência social, honestidade, criatividade, e capacidade de liderança e de decisão.
Quem corresponder a este leque de princípios tem, à partida, condições para vir a ser um bom presidente, para além de outros atributos específicos, que possa possuir.
A campanha eleitoral, onde aconteceram, como é natural, algumas picardias, acabou. Hoje é o dia de escolher uma equipa digna de dirigir o Sporting durante quatro anos. Que cada votante exerça o seu voto em consciência, sem preconceitos, pensando apenas no que será melhor para o Clube.
Amanhã será um novo dia, em que a disputa desportiva tem de ser apenas com os nossos adversários.
P.S.: Não posso deixar de expressar o meu agradecimento aos órgãos sociais que durante dois meses dirigiram e estabilizaram o Sporting. Obrigado pelo excelente trabalho.
ASSEMBLEIA GERAL ELEITORAL - 8 de Setembro de 2018
Abertura das urnas
Onde e como votar
Quem pode votar
Quais os documentos necessários
Cadernos Eleitorais
Todas as informações necessárias disponíveis aqui.
Assisti ao debate de ontem à noite na CMTV, em que participaram José Maria Ricciardi, Dias Ferreira, Pedro Madeira Rodrigues e Rui Jorge Rego, mas não me vou alongar em comentário. Estamos em Agosto, a vasta maioria dos nossos leitores estão de férias e participação em debate, no blogue, nesta altura, será necessariamente limitada. Aliás, já verifiquei que neste momento milhares recorrem diariamente ao Facebook para assim fazerem uma leitura do que publicamos.
Começo por lamentar a ausência de três candidatos. Compreendi a tomada de posição inicial de João Benedito, muito embora nada seja missão impossível. Frederico Varandas fez mal em recuar - opção estratégica -, e desconheço as razões de Fernando Tavares Pereira.
Este primeiro encontro entre candidatos serviu sobretudo para um apuramento inaugural de ideias. Muito terá de ser aprofundado da parte de cada candidato até ao dia de os sportinguistas irem às urnas. Não se trata, portanto, de alguém ter vencido ou perdido esta primeira ronda e até seria um erro limitar a análise a esse enquadramento. A bem dizer, o real vencedor foi o Sporting.
Uma questão que veio a debate por sugestão de Dias Ferreira, foi da votação ir a uma segunda volta, alegando que não vê nada nos actuais Estatutos impeditivo desse processo. Os outros candidatos não aprovaram a ideia, nomeadamente por não ser especificamente reconhecido estatutariamente. Também me parece que não é.
Em termos gerais, ficou a ideia, entre estes candidatos, que a candidatura a atacar é a de José Maria Ricciardi. Se é por ser a mais temida ou se existem outras razões, é obviamente muito subjectivo. De qualquer modo, acho que a manifestação pública de ideias é sempre positivo e que contribui para a decisão final de 8 de Setembro.
Na minha opinião, os próximos debates exigem um melhor moderador.
Tomou-lhe o gosto desde que foi convidado para assumir a presidência da SAD, depois de anos ligado a outros negócios que já não lhe davam a "pica" do futebol. Não tem de se preocupar com o clube entregue a Artur Torres Pereira. Decide praticamente sozinho tudo e age como se tivesse sido eleito. Escolhe treinador, dispensa e contrata jogadores, negoceia permanências, dispensa médicos e escolhe novos, contrata o director-geral para a Academia...
Em suma, pulveriza todas e quaisquer propostas dos candidatos, tornadas completamente inúteis na prática, tudo em nome da estabilidade. Um número crescente de sócios, pouco habituados a usar os neurónios ou com estes já gastos depois de mais de 5 anos de "tirania" brunista, bate palmas.
Falo de José Sousa Cintra, cuja candidatura (ou será passeio?) à presidência do Sporting, ainda que não formalmente confirmada (será, aliás, negada até ao limite), é já uma realidade na prática.
O "passeio" de Cintra, até há escassas semanas atrás, recorde-se, grande apoiante de Azevedo de Carvalho, torna verdadeiramente inúteis as eleições de 8 de Setembro, transformadas que serão estas em mero acto confirmatório de 3 meses eufóricos de gestão do ex-homem forte das cervejas.
Quanto ao clube, a liderança bicéfala é para manter, com Artur Torres Pereira, de novo, à frente de uma direcção que será remodelada.
Afinal quem disse que os sócios do Sporting queriam eleições? Podemos todos ir de férias descansados.
A partir de 8 de Setembro "Cporting escreve-se com C".
E vamos andando...
"Ele há" coisas com "piada". Mais de 5 anos para alguns, poucos, é certo (para outros escassos meses ou semanas...) a combater a intolerância e a unicidade de pensamento do tiranete Bruno Azevedo de Carvalho, alegadamente em defesa da liberdade de opinião e de expressão.
Pela mão do candidato Pedro Madeira Rodrigues eis que surge o campeão Claúdio Ranieri. Um nome que a maior parte julgava impossível de alguma vez treinar em Portugal. O italiano, tal o gabarito, dispensa apresentação mas, ainda assim, aqui está um pequeno resumo. Tão ou mais importante que os inúmeros títulos, infra, é a impressão que deixou nos corações dos exigentes adeptos e nos jogadores do Leicester, clube que levou a campeão. E o vídeo não podia ser mais categórico quanto a isso.
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