Considerações de Artur Torres Pereira, presidente da Comissão de Gestão do Sporting, esta segunda-feira, à CMVM:
"Não sou uma espécie de 'rainha de Inglaterra'. Não, de todo. Até sou republicano e não monárquico. Não me considero nada decorativo, como o futuro se encarregará de provar. Por duas razões: a primeira é que acredito e confio nos sócios do Sporting. O que quero é que votem massivamente dia 23.
A segunda razão é o facto de acreditar profundamente no estado de direito democrático. Uma das coisas que lamentamos é o desprezo do Conselho Directivo suspenso pelas decisões judiciais e pelos tribunais. Os dirigentes dos clubes têm de dar o exemplo ao país e aos mais jovens. Esse desprezo não é aceitável.
Estou muito confortável nas minhas funções e não tenho medo de ir a Alvalade: Quem serve o Sporting não tem medo de nada. Vamos a Alvalade quando entendermos que é chegado o momento. Quando chegar esse momento, vamos mesmo a Alvalade, haja o que houver e custe o que custar.
Sinisa Mihajlovic é o treinador do Sporting. Não seria a minha opção, mas é indiscutível que Bruno de Carvalho tem os poderes necessários como líder da SAD para o fazer. O futuro a Deus pertence e o que está em causa transcende um jogador ou treinador que o Conselho Directivo suspenso contrate. O presidente devia abster-se de tomar decisões do Clube e da SAD por estar sob processo disciplinar e suspenso das suas funções.
A SAD é composta por vários membros, a maioria dos quais indicada pelo Sporting, accionista maioritário. Aproximam-se eleições para a SAD, o mandato termina a 30 de Junho. Nessa altura, o Sporting não deixará, no âmbito da lei e Estatutos, de indicar os seus representantes na SAD.
Não gostei de ver os jogadores rescindirem os seus contratos. Muitos foram formados no Sporting, o Sporting foi a vida deles, para muitos representou um período essencial da sua vida, independentemente dos factores que fundamentam essa rescisão. Faremos o que estiver ao nosso alcance para que o prejuízo do ponto de vista financeiro seja minorado. Temos de acautelar acima de tudo os interesses do Sporting.
A Comissão de Gestão tentará evitar o prejuízo enorme para o Sporting e tentar reverter o prejuízo – financeiro, desde logo, e desportivo, se possível. Os jogadores rescindiram na sequência de situações que foram geradas pelo CD suspenso. O Sporting não deve ser prejudicado por situações que não desejou, não quer e nem gosta.
Sejamos realistas: a situação de Rui Patrício, a partir do momento em que formaliza um contrato com um clube, é irreversível, mas há jogadores que não estão nessa situação e a obrigação da Comissão de Gestão é evitar o prejuízo para o Sporting.
Se na República Portuguesa o presidente tem o poder de usar a chamada bomba atómica para demitir o governo se entender que não está a cumprir o programa ou o interesse nacional, no Sporting tem que passar a haver uma disposição idêntica, que não há.
Os Estatutos actuais não prevêem a demissão do Conselho Directivo em caso de má gestão ou de não respeitar os interesses no entendimento de quem representa os sócios: a Mesa da Assembleia Geral. No futuro esta situação nunca mais se deve passar, termos de recorrer aos tribunais e à Justiça para fazer cumprir a lei dentro do Sporting".