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Cair na real - "Vendi para sobreviver"

Naçao Valente, em 08.02.20

A recém-entrevista concedida ao jornal Record, dividida em duas partes, aborda de forma pormenorizada a situação actual do Sporting CP, descrevendo e justificando o caminho seguido. Na primeira parte, desenvolve a situação financeira, e os seus reflexos na vertente desportiva. Na segunda parte serão analisados assuntos como ataque a Alcochete, claques, contestação. Dada a extensão desta entrevista, com muitos pormenores, a análise que aqui deixo para reflexão dos leitores, focar-se-á em aspectos que considero estruturantes. Para uma percepção mais precisa da entrevista, aconselho a fazerem a sua leitura na íntegra.

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Na primeira parte da entrevista, o presidente do Sporting abordou de forma objectiva a situação real do Clube. Focou-se no seu mandato e explicou a razão das medidas tomadas, que sempre foram condicionadas pela área financeira. Deste modo, afirmou que havia uma necessidade de tesouraria de 215 milhões de euros. Conseguiu com a venda de activos receber 115 milhões que permitiram colmatar os pagamentos mais urgentes. Desta verba foram gastos 25 milhões (12 no inverno e mais 13 no verão) na aquisição de jogadores. A negociação com os bancos aos quais deve 118 milhões, continua.

No final da época anterior, a Direcção percebeu que a preparação da próxima estava muito dependente da transferência de Bruno Fernandes. Acontece que a proposta que chegou ao Sporting era de 45 milhões de euros mais 25 em resultados variáveis. Na altura foi decido não a aceitar, por ser considerada insuficiente. A decisão implicou falta de qualquer verba para aquisições, algumas das quais estavam previstas, como a de Robertone, entre outras. Assim, houve a necessidade de recorrer a empréstimos possíveis, que nas circunstâncias não correram bem. Frederico Varandas admite que essa decisão foi um erro, assim como outras  referidas nas suas respostas. 

Numa descrição detalhada sobre a estratégia, afirma que esta se centrou, prioritariamente, em garantir a sustentabilidade financeira. Hoje, afirma, esse problema está ultrapassado, embora ainda exista um défice de cerca de 25 milhões que precisa de ser compensado com aumento de receitas. Conclui que o Sporting como Clube sustentável está muito melhor.  Acrescentou ainda que não referiu esta situação há mais tempo por razões que se prendem a reacção dos mercados, quando a credibilidade do Sporting estava de rastos.

Como já tive ocasião de escrever aqui, a situação geral do futebol, mesmo admitindo erros, esteve muito condicionada pelos recursos financeiros. Sempre afirmei que o dinheiro das vendas inicialmente efectuadas, como as de Bas Dost e Raphinha, por exemplo, foi usado para pagamentos urgentes de tesouraria. O pouco dinheiro disponível tem sido utilizado na recuperação da Academia, que deixou de fornecer activos para o Clube como devia ser a sua função. Nessa linha já foram foram efectuados contratos em todos os escalões com atletas prometedores, que os clubes europeus cobiçavam.

Em conclusão, saliento a prioridade apresentada por esta Direcção: recuperação financeira para que o lube possa funcionar e continuar a ser dos sócios; a reactivação da Academia como motor da criação de activos/mais valias que garantam autonomia e sustentabilidade; aposta em jovens como Camacho ou Plaza; preparação atempada da próxima época com parte dos cerca de 35 milhões da venda de Bruno Fernandes, para compra de jogadores credenciados, e fazer  regressar atletas emprestados, como João Palhinha. Nota-se, porém, alguma imprecisão sobre a próxima época.

A verdade nua e crua é a melhor forma de esclarecer devidamente os adeptos, e de os fazer sair da fantasia em que viveram ainda há poucos anos, e na qual têm vivido há muitos mais. Ou os sócios "caem na real" ou a agonia do Sporting, que não é recente, continuará.

A avaliação da Direcção de um clube deve fazer-se em relação ao seu trabalho global.  Os sócios/adeptos que teimam em concentrar a sua análise apenas nos resultados desportivos transitórios, cometem um erro, e não estão a ajudar o Sporting a reerguer-se. No entanto, quero justamente distinguir os adeptos que reagem de forma meramente emotiva, dos que propositadamente agem de má fé, em função de interesses que não são os do Sporting.

Numa nota final considero que poderá haver uma ou outra afirmação contestável, e que há em certos aspectos algum "dourar da pílula". É preciso dar esperança às hostes mas de forma puramente realista. 

Por fim, numa opinião pessoal, que tenho vindo a defender, a avaliação de uma Direcção também não pode depender da performance de uma modalidade, por mais importante que esta seja, mas pelo trabalho global que está a efectuar, para garantir um rumo coerente e consistente para o Sporting CP, sustentado na saúde financeira, e que permita dar passos seguros numa competetividade constante.

publicado às 03:05

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