A Liga portuguesa está entre os campeonatos europeus onde os clubes mudam mais rapidamente de efectivo. Com 13,1 jogadores contratados a cada ano, em média, a prova nacional ocupa o quarto lugar no volume de contratações entre as 31 principais competições analisadas pelo Observatório do Futebol do CIES (Centro Europeu de Estudos sobre o Desporto).
Existem apenas três Ligas, todas elas de segundo plano, com mercados mais mexidos do que em Portugal: as da Roménia, Chipre e Sérvia. De entre os principais campeonatos da Europa, o mais próximo dos valores portugueses é o italiano (12,8 contratações anuais) enquanto o alemão é o que tem os plantéis mais estáveis (8,2 reforços por ano, em média).
Como consequência lógica deste dado, a nossa Liga está também entre aquelas onde o tempo de permanência dos jogadores nos seus clubes é, em média, mais reduzido: precisamente dois anos, contra 2,82 da Premier League, a competição onde a estabilidade dos plantéis é mais acentuada.
Ainda mais um dado que ajuda a definir a Liga portuguesa como uma das que funcionam como plataforma giratória do mercado de transferências: é a sexta da Europa com maior percentagem de jogadores de outra nacionalidade (50,9%), apenas atrás de Chipre, Inglaterra, Itália, Turquia e Bélgica, as outras Ligas com mais de metade dos jogadores a serem provenientes de outras federações.
Aposta nos jovens: Sporting continua a ser excepção
Como contraponto a esta vocação de mercado dos clubes nacionais, está um dado evidente: os clubes da Liga portuguesa são também dos mais conservadores no que diz respeito à aposta em jovens. Apenas 0,61 estreantes em escalões principais – qualquer que seja a sua nacionalidade - são lançados por clube, o que deixa Portugal no 25º lugar entre 31 campeonatos. O pior desempenho, nesse particular, é para a Grécia, onde quase não há lugar a estreias (0,13 por clube). Já na Ucrânia, cada clube lança, em média, 2,29 jogadores sem experiência de primeiro nível.
Outro item em que a Liga portuguesa aparece na cauda da tabela (28º lugar) é na aposta em jogadores formados no clube. Por cá, a receita habitual continua a ser formar para vender: em média, apenas 11,1% dos plantéis são compostos por jogadores da cantera. Somente Grécia, Itália e Turquia (8,3%) têm valores mais baixos, enquanto a Espanha (23,7%) é o único dos principais campeonatos com percentagem superior a 20%.
Analisando clube a clube, o Sporting mantém-se no primeiro lugar do ranking português (31%) seguido de Nacional (23%) e V. Guimarães (22%). Na cauda da tabela, Tondela, Boavista e Arouca não têm qualquer jogador produzido «em casa». Considerando as principais Ligas europeias, o At. Bilbao é o clube com maior aposta na cantera (63%).
Nos restantes items analisados pelo Altas Interactivo do Cies, a Liga portuguesa surge sensivelmente a meio da tabela. É a 11º no que diz respeito à percentagem de internacionais – 11,1% de jogadores com chamadas à respectiva selecção, qualquer que seja a sua nacionalidade – numa tabela liderada pela Premier League (41,4%).
A Liga portuguesa é a 17ª (entre 31) no que diz respeito à média de idades (25,8 anos), numa tabela onde a Turquia (27,3) tem os jogadores mais velhos e a Croácia (23,9) os mais novos. E ocupa o 19º lugar na classificação por alturas, com 181,8 centímetros de média, num ranking em que os croatas são os mais altos (183,3) e os jogadores israelitas são os mais baixos (180,1).
Como curiosidades avulsas, os búlgaros do Ludogorets (1,78 m) substituíram o Barcelona na condição de plantel mais baixo do futebol europeu, enquanto o Wolfsburgo, de Vieirinha, tem os jogadores mais altos (1,87 m).
Os italianos do Chievo Verona têm o plantel mais velho do futebol europeu (30,6) enquanto os croatas do Hajduk Split (22,1) têm o grupo de jogadores mais jovem. O CSKA Moscovo é o clube europeu onde os jogadores permanecem mais tempo sob contrato (5,67 anos, em média), enquanto o Moreirense (1,26) está entre as equipas da Europa onde a rotação de jogadores é mais acelerada.
Agência Lusa