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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Quando na inauguração do Euro 2004, no Estádio do Dragão, saltou do banco para marcar o primeiro golo de Portugal na prova, o então ainda jovem craque do Manchester United Cristiano Ronaldo não conseguiu evitar a derrota frente à Grécia (1-2) nesse jogo - como não evitaria o desaire ainda mais doloroso na final no Estádio da Luz, de onde saiu em lágrimas -, mas deixou vincada uma mensagem para o futuro: os grandes palcos do futebol teriam de se habituar a ele. Voltou a confirmar isso ontem, como capitão e grande figura de uma geração do futebol português que se habituou a respirar naturalmente as fases finais de grandes competições.
Com o 2-0 frente à Suíça ontem na Luz, Portugal, o campeão europeu em título, carimbou o seu lugar entre as 32 selecções que vão disputar o Mundial de 2018, na Rússia. E confirmou uma extraordinária décima presença consecutiva em fases finais desde o Europeu de 2000, na Holanda e na Bélgica (para trás havia o registo de apenas quatro, em toda a história). Para a geração que convive com o extraordinário Cristiano Ronaldo na selecção portuguesa, o fado lusitano é este: um sucesso pleno em fases de apuramento a partir desse Euro 2004 (para o qual Portugal se qualificara directamente, como anfitrião).
Neste último jogo de uma fase de qualificação na qual marcou como nunca (15 golos), Cristiano Ronaldo nem precisou de fazer o gosto ao pé (Djourou fez um autogolo e André Silva fixou o 2-0) para que Portugal superasse a Suíça e corrigisse assim a derrota sofrida perante este mesmo adversário (e pelo mesmo resultado) no primeiro jogo da campanha para a Rússia, em Setembro de 2016, em Basileia. No fim, voltou a sair na perfeição o plano de uma outra grande figura do crescimento da selecção portuguesa nos anos mais recentes: Fernando Santos.
O seleccionador, que ontem festejava 63 anos, teve a prenda que esperava e viu cumprido o desfecho que projectara desde essa derrota em Basileia há pouco mais de um ano. Então, Fernando Santos avisara que Portugal deveria ganhar todos os jogos restantes para poder receber a Suíça em posição de discutir o primeiro lugar do grupo no último jogo, na Luz. E assim aconteceu. Tal como no inédito título europeu no verão de 2016, o engenheiro Santos voltou a não falhar na execução do projecto e engrandeceu também ele a sua marca na selecção, com o segundo apuramento directo para uma grande prova (após três play-offs consecutivos), repetindo o feito que tinha conseguido rumo ao Euro 2016.
Aí, fechou o apuramento com sete vitórias consecutivas, depois da derrota inicial frente à Albânia (ainda com Paulo Bento aos comandos). Desta vez, corrigiu a derrota inaugural na Suíça com uma série de nove triunfos consecutivos (um recorde português nas fases de qualificação) e tornou-se ontem o mais rápido seleccionador português a atingir as 30 vitórias ao comando de Portugal (em 44 jogos).
Cabeça-de-série na Rússia
Campeão europeu em título e actual terceiro classificado do ranking FIFA, Portugal tem a certeza de que vai ser um dos oito cabeças-de-série no sorteio da fase final do campeonato do mundo, a ter lugar no dia 1 de Dezembro, no Kremlin, em Moscovo. Com isso, poderá evitar na fase de grupos a anfitriã Rússia, mas também selecções como Brasil, Alemanha, Bélgica, Polónia ou Argentina.
Com este apuramento, Portugal evitou o embaraço histórico de outros campeões europeus que nem se apuraram para o Mundial seguinte: Checoslováquia (1978), Dinamarca (1994) e Grécia (2006). Conseguirá agora Portugal imitar o feito que só outras duas selecções conseguiram, juntando o título mundial ao europeu? Até hoje, a proeza coube à então Alemanha Federal, de Beckenbauer, em 1974, e à Espanha do tiki-taka, em 2010.
Certo é o reforço dos cofres da Federação Portuguesa de Futebol: 10 milhões de euros é o valor mínimo deste apuramento (se a selecção cair na fase de grupos), para aumentar um bolo de 110 milhões desde que se iniciou esta série de presenças consecutivas nos grandes palcos, em 2000.
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