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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O ataque ao sistema informático do Sporting imputado a Rui Pinto foi lançado de uma máquina virtual existente num dos discos rígidos apreendidos ao criador do Football Leaks, indicou esta terça-feira o especialista da Polícia Judiciária (PJ) Afonso Rodrigues.
De acordo com a explicação avançada durante a tarde na nona sessão do julgamento no Tribunal Central Criminal de Lisboa, o dispositivo identificado pelas autoridades como 'RP3VM' não estava encriptado e nele foram encontradas "várias ligações VPN [ligações privadas virtuai, em inglês] para diferentes entidades", bem como "mecanismos de anonimização da ligação à Internet" e um ficheiro especial com nomes de utilizadores e passwords.
"A principal utilização do 'RP3VM' seria estabelecer uma ligação segura com entidades. Posteriormente, era feito um varrimento para permitir uma leitura de como funcionava o sistema, depois, já haveriam ligações remotas com credenciais e, finalmente, seria descarregada informação", observou Afonso Rodrigues, salientando que esta "máquina virtual tem registos de utilização entre 2016 e o início de 2019".
Pode ler a reportagem completa da Lusa aqui.
Rui Pinto, pirata informático, que está acusado de 147 crimes e se encontra em prisão preventiva, falou novamente sobre os interesses que movem o futebol e explicou um pouco o porquê de ter criado a plataforma Football Leaks, em recém-entrevista ao jornal alemão Der Spiegel:
"No ano passado, o Spiegel e a EIC revelaram como os grandes clubes da Europa planeavam formar uma Super Liga. Após a publicação, os clubes negaram. Mas repare nas últimas notícias: Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, fundou uma nova associação internacional de clubes, apontando para a implementação da tal Super Liga.
Tem sido a mesma mer** há anos. Apenas continua. Enquanto a equipa favorita vencer, as pessoas não se importam com mais nada - mesmo que saibam sobre irregularidades e crimes. Não se pode fazer nada contra isso... O futebol é intocável. E as autoridades protegem a indústria porque é de tão grande interesse público.
Veja o maior clube português, o Benfica. É como um polvo, cujos braços atingem toda a elite do país. O clube está tão intimamente ligado à polícia, às agências policiais e à política. Recebem regularmente bilhetes VIP para os jogos do Benfica. Seria um enorme conflito de interesses se eles tivessem que examinar seriamente o clube.
As autoridades portuguesas têm medo do que eu sei. É por isso que não posso perder a cabeça em nenhuma circunstância. Há autoridades de outros países que estão dispostas a cooperar comigo e a usar a informação que eu tenho para resolver crimes no mundo do futebol. Não é incrível? Em Portugal, não só os denunciantes são criminalizados como as pessoas que os querem apoiar.
A Procuradora disse-me que a única coisa que queria de mim como cooperação era que me assumisse culpado, nada mais. Ela não quer utilizar a informação do Football Leaks, apesar de ter imensas provas de crimes no mundo do futebol."
Ana Gomes recorreu, este sábado, às redes sociais para reagir à acusação do Ministério Público a Rui Pinto, denunciante do Football Leaks:
"A justiça em Portugal está a resistir à captura dos expostos pelo Football Leaks?...
Rui Pinto está detido e acusado de 147 crimes (incluindo extorsão)... mas nenhuma investigação começou sobre a evasão fiscal, lavagem de dinheiro e crime organizado que expôs".
A procuradoria-geral francesa estará em negociações com as autoridades portuguesas com vista à possibilidade do hacker Rui Pinto receber imunidade para evitar que seja julgado no âmbito de uma alegada tentativa de extorsão de agentes da Doyen Sports em 2015.
A informação foi avançada pelo jornal britânico he Guardian este sábado, num artigo intitulado "Como o caso Football Leaks se tornou num enorme escândalo político em Portugal".
O Parquet National Financier (PNF), instituição judiciária francesa, investigou a alegada corrupção nos votos dos Mundiais de 2018 e 2022 e é responsável pela aplicação da lei contra crimes financeiros em França. O organismo gaulês defende veemente que o valor das revelações de Rui Pinto é bem mais importante do que a alegada gravidade do crime contra a Doyen de que é acusado em Portugal.
O pirata informático português já admitiu ser um das fontes por trás do Football Leaks, após ter enviado milhares de documentos relacionados com esquemas de corrupção no futebol internacional ao consórcio EIC (European Investigative Collaborations).
"Rui Pinto tem mais medo do que poderá acontecer no palco político, porque o futebol português está completamente entranhado nos mecanismos do Estado", revela Rafael Buschmann, jornalista da revista alemã Der Spiegel.
"Quando ele me disse isso pela primeira vez, não estava seguro de que assim fosse, mas quando me apercebi do envolvimento de António Cluny [procurador que representa Portugal na Eurojust – Unidade Europeia de Cooperação Judiciária] pensei 'Bolas, ele tem razão'."
Com o pedido de imunidade, as autoridades francesas pretendem que Rui Pinto continue a colaborar livremente com as investigações à corrupção no futebol já em curso, nesse e noutros países europeus.
Especialistas em Direito Penal dizem que o português só será abrangido pelo recém-criado Regime Europeu de Proteção de Denunciantes se se provar que ele não tentou extorquir agentes da Doyen há quatro anos.
As autoridades francesas já têm em sua posse 26 terabites de dados cedidos pelo hacker português, bem acima dos 3,4 teras de informação que Rui Pinto tinha enviado ao EIC em 2016, e que incluíam emails privados de algumas das figuras mais influentes do mundo do futebol.
Rui Pinto, um dos denunciantes do “Football Leaks”, chega a Portugal esta quinta-feira, proveniente de um voo de Budapeste, na Hungria, onde tem estado em prisão preventiva desde 5 de Março, segundo Dávid Déak, advogado de Pinto na Hungria. Uma vez em território português, tem de ser ouvido por um juiz de instrução criminal em 48 horas. Ou seja, até este sábado.
Foi na semana passada que as autoridades húngaras recusaram o recurso apresentado pelos advogados do português e ficou então a saber-se que Rui Pinto seria extraditado para Portugal.
Na base do mandado estão o acesso aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento Doyen Sports e posterior divulgação de documentos confidenciais, como contratos de jogadores do Sporting e do então treinador Jorge Jesus, assim como de contratos celebrados entre a Doyen e vários clubes de futebol.
Rui Pinto terá acedido, em Setembro de 2015, ao sistema informático da "Doyen Sports Investements Limited", com sede em Malta, que celebra contratos com clubes de futebol e Sociedades Anónimas Desportivas.
O já famoso hacker é também suspeito de aceder ao email de elementos do conselho de administração e do departamento jurídico do Sporting e, consequentemente, ao sistema informático da SAD 'leonina'.
Rui Pinto esteve em prisão domiciliária entre 18 de Janeiro e 5 de Março, e encontrava-se detido num estabelecimento prisional desde esse dia após a decisão da justiça da Hungria que acedeu ao pedido de extradição das autoridades portuguesas. Pinto está indiciado por seis crimes: violação de segredo (2), ofensa a pessoa colectiva, extorsão na forma tentada e acesso ilegítimo (2).
Reportagem de Micael Pereira, Tribuna Expresso
O Football Leaks voltou a fazer alvo do Sporting e, desta vez, virou as suas atenções para o contrato de Sebástian Coates, o defesa-central que chegou a Alvalade em Janeiro, por empréstimo do Sunderland. Não deixa de ser uma situação intrigante, em dois aspectos: primeiro, o porquê da persistência em revelar informações do Sporting e quem pensa que tem algo a ganhar com isso. Transferir qualquer sentido de destabilização da secretaria para o relvado é um objectivo tão ambicioso como malicioso, mas com mínimas possibilidades de sucesso; segundo, surpreende, para ser simpático, que a Direcção do Sporting ainda não tenha tomado as medidas necessárias para se proteger a si própria e o Clube. Ao fim e ao cabo, estas revelações do Leaks já ocorrem há muitos meses e parece fazer sentido que a sua origem já devia ter sido devidamente detectada e eliminada. Perante esta impossibilidade, então, pelo menos garantir que tudo o que é do foro interno do Clube mantenha um elevado grau de confidencialidade. Eis o que foi revelado:
"O jogador obriga-se a usar nos jogos, treinos, estágios e deslocações o vestuário, equipamento e calçado da marca que a Sporting, SAD lhe fornecer com excepção das chuteiras (cuja cor deverá ser preta, estando expressamente proibido o uso de chuteiras azuis ou vermelhas) e em particular jogador obriga-se a respeitar os contratos de patrocínio, publicidade e "naming" celebrados pela Sporting, SAD ou por qualquer sociedade participada", pode ler-se no ponto 7 do contrato. O uruguaio está também obrigado a "prestar toda a colaboração e participar nas acções promocionais e publicitárias que lhe sejam solicitadas no âmbito da exploração dos direitos ora cedidos".
Outro dos pontos do contrato entre o Sporting e o ex-jogador do Liverpool prende-se com uma possível rescisão de contrato. Se Coates rescindir "ilicitamente" o contrato, terá de pagar dois milhões de euros ao Clube. Diz a alínea b do ponto 9 do contrato celebrado a 28 de Janeiro. Se for o Sporting a rescindir, o central terá apenas direito a receber as remunerações vincendas até final do contrato.
Ainda de acordo com o documento, Coates irá receber até ao final do contrato, a 30 de Junho, 996.463 euros "que serão pagos através de cinco prestações mensais, sucessivas e iguais de 199.293 euros cada, as quais incluem os proporcionais correspondentes aos subsídios de férias e de Natal".
Apesar de achar alguma piada à exigência de chuteiras "não azuis ou vermelhas", não se verifica qualquer cláusula extraordinária. Tendo em consideração que chegou da English Premier League, já era de esperar um salário elevado, sendo, portanto, um risco, e uma responsabilidade, por enormes que sejam, que o presidente decidiu assumir. Veremos, no entanto, se as mesmas condições salariais serão futuramente aplicáveis, caso o Sporting exerça a opção de compra, que, segunda consta, é de 5 milhões de euros. Curiosamente, o Football Leaks nada refere sobre estes aspectos do contrato, pelo menos onde eu encontrei a informação.
Tive agora algum tempo e fui dar uma vista de olhos nos documentos disponibilizados no Leaks e aqui há "gato" de certeza, senão vejamos: Bruno César assina pelo Estoril a 3 de Agosto. Dia 13 de Novembro revoga o contrato sem contrapartidas nenhumas ao Estoril. Dia 13 de Novembro assina contrato com o Sporting. Até aqui tudo bem, tirando o facto do Estoril abdicar de um jogador sem contrapartidas, mas ainda podemos admitir que há bons samaritanos por aqueles lados, basta ver a sua disponibilidade de disputar jogos no Algarve para agradar a adversários.
Agora pasmem-se, dia 14 de Novembro, sim, disse bem, dia 14 de Novembro a Sporting SAD assina um contrato com a Costa Aguiar, Sports, Unipessoal, Lda. onde se diz que: «A PRIMEIRA OUTORGANTE (leia-se Sporting SAD) celebrou no mês dia 13 de Novembro de 2015 o referido contrato de trabalho desportivo, em condições extremamente vantajosas, nomeada mas não exclusivamente pela ausência de qualquer pagamento ao clube ao qual o atleta se encontra contratualmente ligado, circunstância que decorreu do contributo decisivo do SEGUNDO OUTORGANTE (leia- se Costa Aguiar, Sports, Unip., Lda.).»
Ok porreiro, o homem ajudou-nos financeiramente faz sentido que seja recompensado, mas depois verifica-se isto: «O SEGUNDO OUTORGANTE obriga-se a registar-se como Intermediário na Federação Portuguesa de Futebol, suportando os respectivos encargos.» Como ? Celebrámos um contrato de intermediação com alguém que não o pode fazer ? Algum dos leitores sabe se este registo é obrigatório ?
Depois termina assim o contrato com Costa Aguiar: «É celebrado o presente contrato de prestação de serviços nos termos e condições seguintes: 1. A PRIMEIRA OUTORGANTE contratou os serviços do SEGUNDO OUTORGANTE para a representar na negociação do contrato de trabalho desportivo a celebrar com o JOGADOR, com vigência até, 30.06.2O2O. 2. O presente contrato teve o seu início no dia 13 de Novembro de 2015 e termina na data do registo do contrato de trabalho desportivo do Jogador junto da Federação Portuguesa de Futebol. 3. Em contrapartida dos serviços prestados e pelo registo do contrato de trabalho desportivo celebrado com o JOGADOR, a PRIMEIRA OUTORGANTE obriga-se a pagar ao SEGUNDO OUTORGANTE, com a assinatura do contrato de trabalho desportivo do JOGADOR, dependendo da efectiva vigência do mesmo, o montante de € 1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil euros), acrescido de IVA à taxa legal em vigor e mediante o envio prévio da respectiva factura. 4. A validade do presente contrato está cumulativamente sujeita à aceitação por parte do JOGADOR dos termos e condições do Contrato de Trabalho Desportivo a celebrar com a SPORTING SAD, à realização e aprovação nos exames médicos do atleta, e ao registo efectivo junto da Liga Portuguesa de Futebol Profissional e da Federação Portuguesa de Futebol.O presente contrato é feito em Lisboa, em 14 de Novembro de 2015, em quadruplicado, ficando um exemplar para cada parte, um exemplar é destinado à Federação Portuguesa de Futebol e o outro exemplar é destinado à Liga Portuguesa de Futebol Profissional.»
Vamos ver se entendo, dia 14 de Novembro e um dia depois de ter assinado com Bruno César, o Sporting assina um contrato com um intermediário para se fazer representar junto do jogador quando este já havia assinado um dia antes, este contrato tem um início anterior à sua assinatura (alguém que me esclareça se isto é possível) e só também é válido mediante a aceitação do jogador das condições do Sporting, coisa que também já tinha feito um dia antes, ou seja, esta condição estar lá ou não estar é a mesma coisa. Tudo isto que ali está, já se tinha verificado, e Costa Aguiar certamente também já teria recebido, uma vez que diz que os 1.3M estão a pagamento aquando da assinatura do contrato com o jogador. Desculpem ter sido extenso, mas que isto cheira mal... cheira.
Texto da autoria do leitor js1974, a quem agradecemos a gentileza.
Uma história adequada para o dia que visa comemorar uniões amorosas...
O Football Leaks voltou a fazer revelações e, mais uma vez, sobre o Sporting. O site divulgou o contrato celebrado entre o Sporting e o Zamalek, no passado mês de Agosto.
Entre várias condições, o Sporting quis colocar uma cláusula anti-rivais. Ou seja, caso o Zamalek decida transferir o jogador para um clube português, o Sporting tem o direito de resgatar o jogador. Se tal não acontecer, o Sporting terá de receber cerca de 30 milhões de euros. Esta cláusula é válida até 10 de setembro de 2022.
Podemos considerar que é um caso de amor eterno !!!
Os responsáveis do Football Leaks reafirmam que estão a criar inimigos poderosos com a divulgação das informações e de documentos que têm feito, a exemplo da Doyen Sports, cuja "estrutura é propensa a lavagem de dinheiro", e revelam que "grandes chefões da Turquia e do Cazaquistão", entre os quais os que estão por detrás do fundo de investimento, os querem silenciar.
Dizendo-se perseguidos, denunciam a existência de uma relação próxima entre um inspector da polícia portuguesa e o director executivo da Doyen Sports, Nélio Lucas, a qual compromete a investigação em curso, e alegadas ligações dos principais investidores do fundo a Donald Trump [membro do Partido Republicano que disputa a nomeação para candidato às eleições norte-americanas] e ao presidente da Turquia.
"Há uma enorme falta de informação em redor destes fundos de investimento. A sua existência no seio do futebol levanta sérias questões no que toca a potenciais conflitos de interesses e a resultados combinados. E, é claro, existe o risco de lavagem de dinheiro e outras actividades criminosas. O único interesse desses fundos é financeiro, o que origina instabilidade contratual entre clubes e futebolistas. Não queremos acusar ninguém sem ter provas suficientes, mas, por exemplo, a estrutura da Doyen é propensa a lavagem de dinheiro", lê-se numa entrevista do grupo à revista alemã "11 Freund".
Depois de sublinharem que os únicos problemas que tiveram foi com o Sporting e com a Doyen Sports, como publicámos noutra peça, os responsáveis do Footbal Leaks confessam: "Não confiamos nas autoridades portuguesas. Na verdade sabemos que em Portugal as coisas processam-se sempre de forma muito suja quando há muito dinheiro envolvido. A influência da Doyen é muito poderosa e, de resto, sabemos que os procedimentos de investigação foram comprometidos."
"As nossas fontes encontraram provas sobre isso. Soubemos de encontros secretos entre membros da polícia portuguesa e aquela agência [Doyen], em Lisboa. Rogério Bravo, inspector chefe da polícia e grande amigo de Nélio Lucas [director executivo da Doyen, na foto], pressionou a Procuradoria Geral da República para obter pormenores sobre a investigação. Na verdade, a Doyen está a usar a investigação da polícia para chegar até nós e contrataram uma agência de investigação [Marclay Associates] para fazer o trabalho sujo, com o objectivo de travar isto a qualquer preço", acrescentam.
Autor: António Espanhol/Record
Por não acreditar em meras coincidências, no que ao futebol português diz respeito, esta constante divulgação pública da vida interna do Sporting, pelo Football Leaks, só pode ser interpretada como uma autêntica campanha que visa a destabilização e descredibilização do Clube.
A dúvida que fica no ar é a identidade do principal motivador de tudo isto, mas parece-me claro que os operadores do "Leaks" estão a trabalhar 24/7 com foco no Sporting.
Tanto ontem como esta quarta-feira, mais documentos e informações foram revelados:
- A reestruturação de parte da dívida do Sporting, definida em Novembro de 2014, passou por um novo empréstimo que foi concedido ao clube pelo Novo Banco e pelo Banco Comercial Português, num valor que ascendeu a 77 milhões de euros, segundo se pode ler num documento publicado esta terça-feira pelo Football Leaks.
O acordo então estabelecido envolvia seis tranches, sendo que uma delas, de 3,2 milhões, servia como garantia de pagamento à Nova Expressão, a empresa do antigo candidato presidencial, Pedro Baltazar, que chegou a avançar com a penhora de acções do Sporting, devido a uma dívida que a SAD não lhe tinha saldado.
- A Academia Sporting, situada em Alcochete, é actualmente propriedade do Banco Comercial Português e o clube celebrou um contrato de locação financeira no valor de 13,3 milhões de euros, que está a pagar em 20 anos, segundo o contrato divulgado esta quarta-feira pelo Football Leaks.
As 240 rendas implicam o pagamento mensal de 61 mil euros pelo Sporting, o que significa que no final do contrato tenha despendido mais de um milhão de euros em juros. O Sporting possui o direito de opção de compra antecipado, mas pode ficar proprietário da Academia no fim do prazo, contra o pagamento do valor residual previsto pelo contrato: cerca de 268 mil euros.
Este acordo com o BCP, com data de 28 de Novembro de 2014 e mencionado no relatório e contas da SAD (2015), foi celebrado na sequência de outros, feitos para a construção da Academia. O primeiro era de 29 de Dezembro de 2000 e previa a liquidação em 15 anos, mas dois anos depois houve um reforço, fixado em 9,9 milhões, pelo prazo de 194 meses.
Face às dificuldades de pagamento, o Sporting CP pediu a rescisão desse contrato, disponibilizou a Academia ao banco, conseguiu a anulação parcial das rendas entre Agosto e Novembro de 2014, e assinou o acordo que se encontra em vigor de 2015 a 2035.
O Football Leaks continua a divulgar informações do Sporting. Desta vez, refere a contratação da firma de advogados suíça, "Lenz & Staehelin", para se aconselhar no caso da Doyen e Rojo, então em julgamento no Tribunal Arbitral do Desporto (TAS).
Eis o teor do documento divulgado pelo Football Leaks:
«A defesa, que conta com a nulidade de um acordo ou a sua rescisão devido a uma violação por parte do opositor, é certamente uma batalha árdua, que requer capacidade de demonstrar, para além de os argumentos jurídicos invocados, que há razões sólidas para a não aplicação comum dos contratos celebrados pelas partes.
Em conclusão, embora o desfecho do processo no TAS não se possa prever, a nossa avaliação das submissões apresentadas pelo Sporting no presente assunto leva-nos a considerar que o Sporting levantou argumentos sérios em sua defesa contra as queixas apresentadas pela Doyen. Embora possa não ser pacífico que existe um risco de o Sporting perder o processo e ser condenado a pagar os montantes reivindicado pela Doyen, isto não significa que tal resultado seja provável, tendo em vista a defesa apresentada pelo Sporting.»
Bem... acho que o Sporting deve pedir um reembolso, dado que a consideração do caso apresentada pelos advogados, por ser tão vaga, indica conhecimento mínimo do processo e das respectivas regras.
A saída de Jonathan Silva em Janeiro, para o Boca Juniors, tem vindo a ser noticiada na última semana e já aqui referimos as próprias declarações do jogador nesse sentido. Informa agora o Football Leaks que, caso se venha a confirmar, o Estudiantes de La Plata, clube ao qual o Sporting contratou o jogador, terá direito a 20% das verbas envolvidas.
O acordo entre as partes garante esta verba ao Estudiantes tanto em caso de transferência definitiva como temporária. O contrato, entretanto tornado público, revela que o Sporting pagou 650 mil dólares pela totalidade do passe de Jonathan Silva, verba dividida em duas prestações (300 mil mais 350).
Crédito de 42M€
O Football Leaks revelou ainda a abertura de crédito acordada entre Sporting, Banco Comercial Português e Novo Banco, assinado em Novembro de 2014, num total de 42.336,828 euros, destinado a abater a dívida da SAD à banca.
Ou seja, a dívida é a mesma, apenas foi reestruturada.
Pelos vistos, as operações do portal Football Leaks ainda não pararam e até deixam a ideia de que não há fim à vista. Desta vez, informações relacionadas ainda com a transferência de Ricky van Wolfwinkel para o Norwich, em Março de 2013, e o inerente processo em curso no TAS, novamente revelando factos desconhecidos pela vasta maioria de adeptos.
Transcrevemos o texto noticiado, caso o leitor tenha interesse em dar a sua opinião sobre a ocorrência. Mais uma vez, fica no ar a dúvida sobre quanto mais do Sporting de momento nós desconhecemos. Eis a reportagem:
«A consultora ‘Denos’ (‘Denos Limited/Denos Advisory’) moveu uma acção contra o Sporting no Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), onde reclama o pagamento de uma dívida de 250 mil euros, relacionada com a transferência de Ricky van Wolfswinkel para o Norwich, em 2013. O pedido de arbitragem da empresa, sediada do Dubai, deu entrada no TAS em Março deste ano e é acompanhado de cinco elementos de prova. A informação resulta da divulgação de documentos do processo, feita ontem através do portal Football Leaks.
A ‘Denos’ remete para um acordo sobre serviços de consultoria, firmado pelas partes a 14 de Março de 2013, na fase final do mandato de Godinho Lopes (Bruno de Carvalho seria eleito nove dias depois, a 23). O referido contrato, segundo a fundamentação da queixa, determinava que a consultora dos Emirados Árabes Unidos teria direito a 5% dos 10 milhões de euros apurados na transferência de Van Wolfswinkel para o Norwich, ou seja, 500 mil euros.
O pagamento do valor foi repartido em duas prestações iguais de 250 mil euros, com o Sporting a pagar a primeira a 1 de Julho de 2013. A ‘Denos’ emitiu a factura da segunda tranche um ano depois, em Julho de 2014, mas a quantia em falta não chegou a ser liquidada, seguindo-se uma série de contactos com o Sporting, infrutíferos, antes do recurso ao TAS.
Quem paga?
Em causa estarão interpretações diferentes sobre a quem caberá pagar os 250 mil euros da dívida. Depois de ser notificado, em Julho do ano passado, do vencimento da segunda prestação, o Sporting apresentou junto da ‘Denos’ um documento que dava conta de um acordo bilateral com o Quality Football Ireland III Limited (QFIL, que detinha 50% do passe de Ricky) e que previa que fosse o fundo em questão a pagar os 250 mil euros.
A 21 de Novembro de 2014, o administrador da SAD, Carlos Vieira, solicitava ao director da ‘Denos’ que aguardasse até Janeiro de 2015 por uma solução. “De facto, ainda não pagamos o valor devido ao QFIL. Até ao fim de Janeiro, acredito que estaremos em condições de pagar o montante em falta. Pode esperar até lá?”, perguntava Carlos Vieira a Kariem Alami, num dos e-mails reproduzidos no Football Leaks.
Na prática, o QFIL não teria avançado com o dinheiro para a ‘Denos’, como lhe competia, porque o próprio fundo ainda não recebera do Sporting a metade da transferência de Van Wolfswinkel a que tinha direito.
A ‘Denos’ (parceira da Doyen) alega ser alheia a este facto e que no contrato celebrado com o Sporting ficara estabelecido que seria o clube a pagar os 500 mil euros, não tendo sequer conhecimento do acordo bilateral com o QFIL até Julho de 2014. Perante o impasse, recorreu então ao TAS, reivindicando os 250 mil euros, os juros desde Agosto de 2014 e a cobertura de todas as despesas do processo.
Fonte oficial do Sporting considera que “é um processo normal com divergências entre valores e responsabilidade de pagamentos".»
O site "Football Leaks" irrompeu no futebol português de uma forma que não pode deixar alguém indiferente. É quase inevitável a associação ao analista de sistemas Edward Snowden e ao WikiLeaks e, agora, aguarda-se pelo que virá a seguir. Dos “três grandes”, o Sporting é, para já, o mais afectado pela pirataria informática mas nenhum Clube está livre de fazer amanhã a primeira página dos jornais.
A informação que caiu no domínio público é de carácter confidencial ou, pelo menos, privado e a sua exposição poderá ser considerada crime. O referido site publica algumas informações que eram desconhecidas, mas muito já era suposto e circulava nas conversas ou nas redes sociais. A novidade deste caso estará na defenestração de conteúdos que deveriam ter sido acautelados a olhares invasores e na articulação entre assuntos que eram, até aqui, vistos de forma avulsa ou separada e agora adquirem uma relação entre si que antes não tinham.
O site Football Leaks revela bem o grau de rivalidade e de competição que se atingiu no futebol português entre os principais protagonistas e que o "vale tudo" que daí decorre constitui uma mistura explosiva quando associado com analistas de sistemas, comunicação e redes sociais. Penso que no final ninguém se ficará a rir, restando apenas a esperança de que o futebol fique bastante mais limpo quando tudo terminar.
No caso do Sporting, que é o que particularmente me interessa e preocupa, estou convicto da veracidade da informação que foi despejada. Concluo, por isso, que a actual direcção do Clube faz tábua rasa de princípios essenciais da transparência tantas vezes apregoada e raramente praticada. A Direcção que fornece informação interna ao público exterior à conveniência da sua estratégia de poder confronta-se, agora, com o carácter perverso da sua própria actuação. O feitiço virou-se contra o feiticeiro.
Há entre os sportinguistas uma suposição de conhecimento sobre a vida do Sporting como nunca se imaginara antes. São anteriores dirigentes ou altos quadros do Clube e as suas remunerações, as transferências de jogadores e as verbas envolvidas para empresários, Fundos e comissões, o Estádio de Alvalade ou a Academia e as despesas acrescidas com eventuais atrasos nas obras, rectificações ou outras razões. A forma como tudo isto foi vertido para a esfera pública soa, frequentemente, a vingança e a retaliação por razões de oportunidade imediata ou futura.
A vida interna do Sporting não caiu por estes dias na praça pública. Desde que assumiu o poder a Direcção presidida por Bruno de Carvalho ocupou-se zelosamente de fazer sangrar feridas que não foi capaz ou não desejou curar internamente. Agora, bebe, ela própria, do veneno que fez provar a outros.
Chegados aqui, confrontamo-nos com a dúvida que a quase todos ocorre em situações idênticas, se, afinal, o verdadeiro problema reside na “mensagem” ou no “mensageiro”. Por mim, coloquei ao alcance da mão um princípio que há muito me acompanha: “O que eu temo não é a estratégia do inimigo, mas os nossos erros.” (Péricles)
Às primeiras impressões e a acreditar no que foi publicado esta quinta-feira, o Sporting não é o único alvo em Portugal do Football Leaks. Tanto o clube do outro lado da 2.ª Circular como o do Norte, também viram alguns dos seus "segredos" revelados na praça pública. Dois meros exemplos:
Sobre o Benfica
O Benfica cedeu à Doyen, como garantia, as receitas da UEFA, a partir de 31 de Agosto passado e desta temporada. Em causa está um valor superior a 6,542 milhões de euros, que servem para pagar atrasos ou prejuízos causados pelo não cumprimento do contrato entre as duas entidades, a 21 de Dezembro de 2012, mediante o qual os encarnados venderam ao Fundo sediado em Malta 50 por cento dos direitos económicos de Ola John, por mais de 5,947 milhões de euros. Além do mais, ainda foi tornado público os contratos entre o Benfica com o Twente e com o jogador, selados a 24 de Agosto de 2012.
Sobre o FC Porto
A SAD do FC Porto reagiu à divulgação da carta do Olympique Marselha, a reclamar o pagamento das duas primeiras tranches do negócio Imbula (10 milhões de euros, de um total de 20 milhões). Sem negar a existência do documento, o clube portista refere que a história não está completa e revela a existência de uma carta posterior do emblema francês a revogar as cartas anteriores.
Ambos os casos têm mais informações disponíveis, mas as que citamos aqui servirão o efeito. A questão prende-se com a simples pergunta: estes "leaks" são genuínos ou intentam despistar, depois de todas as informações e documentos que foram revelados relativamente ao Sporting ?
*** Não tem nada a ver para o caso, mas achei piada que quando visitei o dicionário online à procura de um sinónimo para "revelar", fui confrontado com este interessante significado antigo do verbo: "conhecer carnalmente uma mulher". Não creio que seja essa a intenção do Football Leaks...
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