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Um mundo em mudança

 

Todos estamos familiarizados com os termos “Globalização” e “Indústria” no que respeita à sua relação com uma das maiores actividades económicas actuais: o Futebol. Estes dois termos são efectivamente a base fundamental de sustentação do Capitalismo. Ao contrário do séc.18, em que este se conotava apenas e só à tal industrialização dos países, hoje o Capitalismo é essencialmente uma relação de monopólios financeiros. Ou seja, a partir do séc.20, foram as grandes corporações financeiras juntamente com os sistemas bancários que ofereceram ao mundo o Capitalismo do qual todos nós usufruímos, não apenas como meio de sobrevivência, mas para realização pessoal. E foi quando o Capitalismo olhou para o Futebol como uma oportunidade, que o Futebol definitivamente mudou para sempre.

 

Alguém disse um dia que “o Futebol é o exclusivo caso onde um cliente não-satisfeito volta sempre”. É a verdade. Na realidade, não existe mesmo nenhuma outra indústria no mundo que movimente tamanha paixão ou fidelidade como esta. Na minha actividade profissional, por exemplo, era à 40 anos atrás solicitado aos agentes económicos a inovação. Todavia, qualquer operador sabe que a inovação nos exige tempo, risco e custos elevados; hoje, transformar a emoção em negócio, pelo contrário, é melhor método para se alcançar a riqueza e o sucesso. Tal método aplicado ao futebol, deriva da transformação em receita de todo o lado emocional do adepto.

 

O Canto da Sereia

 

Esta é a razão por detrás do estado a que as finanças do Sporting chegaram. Na realidade, não apenas do Sporting, mas de todos os clubes no planeta. Quando o sistema financeiro entrou definitivamente no desporto, surgiram as sinergias provenientes das Transmissões Televisivas. Depois apareceram os Patrocinadores, seguidos dos Parceiros. Mais tarde os Agentes dos Jogadores: finalmente, deu-se uma drástica inflação dos vencimentos dos jogadores. Um golpe fatal aos clubes que por demasiado dependentes do nível económico-social dos seus adeptos e do próprio país, pouco ou nada preparados para esta realidade estavam. Principalmente em Portugal.

 

Perante um cenário de “Do or Die”, os clubes tiveram de procurar o Sistema Financeiro para os ajudar. O mesmo sistema financeiro que gerou as suas próprias dificuldades. O resto, é o que sabemos: empréstimos para comprar jogadores, empréstimos para construir infra-estruturas, empréstimos para pagar empréstimos, num círculo vicioso que tornara todos os clubes dependentes desta matriz financeira. Mesmo quando decidiram procurar métodos paralelos de financiamento – tais pactos com o diabo que eram os Fundos Anónimos – foi o sistema financeiro – os Bancos – que mais uma vez estava lá para os salvar, redesenhando “artisticamente” produtos que já existiam, mas com nomes diferentes e aplicados às emergentes sociedades anónimas desportivas – os famigerados VMOC’s que salvam clube da falência.

 

4 momentos que entregaram o Clube às mãos dos Bancos

 

23 de Junho de 1989. Sousa Cintra é eleito presidente do Sporting, após um ano de discursos megalómanos de Jorge Gonçalves. Maus resultados, jogadores a saírem do clube com ordenados em atraso, com Cintra a proceder a uma injecção de capital através de meios próprios e alheios, como avalista dos mesmos. Enquanto o SL Benfica chamava por Figo, Peixe e outros jovens, no Sporting procurava-se tapar os buracos que diariamente surgiam pela impiedosa indiferença à escalada de dívidas da Direcção anterior.

 

Época 90/91. Treinador Marinho Peres contratado, limpeza de balneário e contratação de jogadores como Careca e Balakov, em duas operações que custaram ao Sporting numa época um investimento total superior ao passivo da altura. O resultado? Um 3º lugar no campeonato. Na Europa, eliminação às mãos de um Inter de Milão poderosíssimo.

 

Época 92/93. Primeiros sinais vermelhos começam a surgir em Portugal pelos pesados encargos já insustentáveis para a dimensão dos nossos clubes. O Sporting apela à banca “finalmente”: Bobby Robson é contratado, exigindo uma revolução no plantel. Chegam Valckx, Juskowiak e Cherbakov. Um terceiro lugar no Campeonato, uma saída prematura na Europa. Curioso, nunca ninguém ter questionado tal liquidez financeira.

 

Época 93/94. Benfica colapsa financeiramente, enquanto Sporting revela uma estranha saúde financeira: contrata Paulo Sousa e Pacheco, sendo que o primeiro aditou ao clube um ordenado 8 vezes superior ao de Figo na ocasião. Um plantel recheado de estrelas com um custo incomportável. Eliminação prematura na Europa, despedimento de Robson, contratação de Queirós e um terceiro lugar no campeonato. Qual o custo?

 

O primeiro dia do resto da vida do Sporting

 

Sousa Cintra, um homem popular que hoje é bastante acarinhado pelo saudoso adepto que não esquece o tal futebol que encantava a Europa, entregou o clube de bandeja às instituições bancárias. Sobreendividou o clube num período-chave em que o nosso futebol vivia acima das suas próprias capacidades, saindo numa porta demasiado pequena que estrategicamente se abrira para dar entrada a um novo ciclo. Seria Santana Lopes com meros 8 dias de presidência a usufruir dos louros de uma Taça de Portugal vencida pelo Sporting ao Marítimo. A Sousa Cintra coube a oportunidade de aparecer numa fotografia ao lado da Taça. Mas o clube nesse dia já pertencia ao Capitalismo. Santana era figurante.

 

As ilusões que pairam no ar

 

Esta extensa narrativa levar-nos-á a compreender que todos os dados adquiridos podem ser questionáveis se analisados em detalhe. Vozes que se ergueram no tempo não demais distante, apontaram como "culpados" aqueles que afinal traziam uma mensagem de futuro, ilibando de certa forma "a outra" linha comportamental de presidencialismo, levando os adeptos a debitar nesta – a mais populista, "clubista" e a mais "realista" – uma "esperança". A história do Sporting está rodeada de factos curiosos, que muitos teimam em transformar em mitos.

 

Hoje diz-se que o Sporting está de saúde financeira. O próximo e último texto desta série poderá apresentar um diferente cenário. Caberá a cada um de nós decidir no que acredita.

 

publicado às 12:00

Sporting Rico, Sporting Pobre. pt 2

Drake Wilson, em 23.05.16

 

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Este texto complementa a parte 1 do mesmo.

 

Porquê a Internacionalização?

A debilidade do nosso sistema bancário nacional, assim como o afastamento dos Fundos a alternativa de co-propriedade aos investimentos, foram principal razão que evidenciou a frágil capacidade de auto-sustentação dos nossos emblemas. A grande dependência dos valores inerentes aos direitos televisivos como suas principais receitas, expõe-nos a dificuldade de não conseguirmos evitar a submissão à descaracterização, quando somos confrontados com a necessidade de vender os nossos activos para amortizar as dívidas... Como exemplo, a NOS não teria de modo algum verbas disponíveis para realizar o fabuloso (?) negócio com o Sporting, sem a globalização da própria marca.

 

1# - Sporting tem de resolver os seus problemas primeiro.

 

Um dos problemas do Sporting, chama-se Sporting. Sendo nós o clube pioneiro em Portugal a atingir a grandiosidade, servimos de exemplo à nação até esta nos trair. A inadaptação a uma sociedade em decadência social e financeira nos finais de 50, permitiu à génese mais popular do rival o aproveitamento da circunstância, não tendo conseguido mais o nosso clube enquadrar a frequência de vitórias com a dimensão alcançada. Uma dimensão de adeptos que incrivelmente mantivemos até aos dias de hoje.

 

O segundo problema do Sporting chama-se “Sporting comparar-se ao Benfica”. Lisboa, uma cidade demasiado pequena para uma soberania desequilibradamente repartida, em que o rival aglutina nos últimos anos todas as atenções a si, retirando observação internacional ao nosso clube. Temos, de uma vez por todas, de percorrer o nosso rumo, sem pensar no clube da Luz. Só uma ausência de projecto ou inteligência, nos explica esta Confederação Intersindical do Facebook a dançar o Bailando ao terceiro round, terminando no seu apogeu a tristeza de observarmos um jogador nosso a ser negociado.. pelo Benfica. A saída de Dier foi "responsavelmente" atribuída a Godinho. Carrillo também?

 

2# - Este Sporting B2C + Sporting B2B = Super Sporting

 

Fundamentar a elevação dimensional interna do nosso clube a uma maior exposição global, focada nos seus recursos e estratégias culturais, procurando o reconhecimento, empatia e fidelização de diversas nações à nossa marca. Como? Desenvolvendo melhor, se possível, a qualidade do Business-to-Consumer na relação com os adeptos nacionais. Estudar a sua aplicabilidade em diferentes culturas, incrementando o Business-to-Business com entidades e corporações internacionais que permitam a integração da marca “Sporting” nesses países.

 

Quem pode ajudar? Apresentar este projecto ao Standard Chartered, envolvendo acções de cariz humanitário, de um modo paralelo ao desporto, nomeadamente ao futebol. Esta sólida instituição bancária teria seguramente interesse num clube como o nosso, pois é notória sua aproximação a emblemas específicos, pelo legado e dimensão europeia dos mesmos.

 

#2 - Reconhecer a nossa dimensão europeia.

(medição elaborada em número de títulos nacionais e internacionais, resultados operacionais financeiros e transaccionáveis, estudos de valorização global de marca, performance competitiva, exposição mediática recente e legado histórico)

 

A++) Real Madrid, Manchester United, Barcelona (Result. financeiros + desportivos + legado + empatia global

A+) Bayern Munique (R. financeiros + desportivos + legado)

A ) Man.City, PSG, A. Madrid (R. financeiros + desportivos)

A-) Chelsea, Sevilha (R. desportivos internacionais emergentes)

 

B++) Juventus, Liverpool (Resultados desportivos nacionais + legado + empatia global)

B+) Ajax, Arsenal (Legado + empatia global)

B) PSV, SPORTING, Celtic (legado)

 

Nesta cotação, poderíamos chegar a B++, ou mais rapidamente era possível um A-?

 

#3 - Como entrar na Europa

 

Participar, de modo ultra-empenhado, nas competições europeias, é um passo fundamental. Necessário igualmente definir-se a estratégia no que respeita à imagem do clube que se pretende implementar com a participação. Queremos o primeiro lugar do grupo? Apostamos no segundo? Ou contentamos-nos com o dinheiro da entrada directa + “vamos ver o que isto dá”? Se tal for o caso, é preferível salvaguardar a imagem e não competir. As marcas estão atentas, privilegiam a honestidade intelectual e competitiva.

 

A planificação estratégica define-se um ano antes à participação, elaborando com exactidão possível todos os processos de saídas e entradas de jogadores, nomeadamente à previsão de verbas e patrocínios. Assinar com os nossos parceiros acordos que visem renegociar os contratos, mediante objectivos alcançados, é primordial. Se a tal estruturação de objectivos nasce apenas quando se garante por estatística a Champions, será tarde. A disponibilidade dos investidores pode não ser a mesma.

 

#4 - Que parceiros escolher

 

Se o Sporting quer ser melhor, tem de escolher as melhores companhias do mercado. Uma agência norte-americana de advertising com reputação internacional, larga experiência em desporto, que proceda a uma reestruturação de conteúdos gráficos e desenvolvimento de Marketing. Iriam adorar trabalhar num clube como o nosso. Pequeno, perante os grandes da Europa, uma massa adepta tremendamente fiél, um clube com uma enorme margem de exploração. Actualmente, a Brandwave Marketing Ltd. seria a ideal.

 

Uma das melhores empresas a actuar em vertentes de performances financeiras no futebol, é inquestionavelmente a Trestellar Limited. Esta empresa dedica-se a diversos negócios no futebol e nos media. Por exemplo: compra ao Sporting os seus direitos de exploração de imagem, disponibiliza-os a novos mercados, rentabiliza-os e renegoceia-os de novo com o Sporting, quando o investimento atingir a sua fase de maturação. Brilhante, não parece?

 

Caminhar pelo mundo sem mapa é perder tempo. E tempo é… o que todos sabemos. Nesse sentido, a Proglobal Sports Management seria a bússola perfeita. Depositária de interessantes contactos por toda a Ásia, África e América do Norte, seriam o nosso parceiro fundamental em agendamento de torneios ou jogos amigáveis pelo globo, com destacados clubes em mercados emergentes como por toda a Ásia, aproveitando o nosso clube todas as oportunidades de exploração de imagem. Chhetri serviu para quê? Para nada.

 

publicado às 10:00

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