Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Como o site indica, com razão de ser, as surpresas são poucas, se algumas, e a discussão poderá centrar-se mais na ordem pela qual o algoritmo hierarquiza os jogadores do que pela justiça com que os destaca entre os demais.
A pontuação refere-se ao período de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2021, e não à época. Por outras palavras, engloba a segunda metade da temporada 2020/21 e praticamente a primeira volta da campanha em curso, até à 16.ª jornada, inclusive.
Provavelmente já não se lembra da última vez que Seba Coates fez soar o apito, sem ser pelos golos que tem marcado. É que o capitão do Sporting não faz qualquer falta há mais de um mês. O uruguaio, cujos desempenhos em Fevereiro lhe valeram a eleição de Jogador do Mês, não cometeu qualquer infracção nesse período, o que torna a excelência das suas exibições ainda mais relevante. Aliás, o defesa parece querer prolongar essa fase de “bom comportamento” e na primeira ronda após essa eleição, no “clássico” do Dragão com o FC Porto, também não fez qualquer falta. São já seis os jogos consecutivos em que os árbitros não apitam por qualquer acção de Coates à margem das leis, dois deles frente a Benfica (16ª jornada) e Porto (21ª).
Em Portugal, o nosso grande leão não é o único defesa sem faltas cometidas nestas seis últimas jornadas – precisamente entre as 16ª e a 21ª. O que torna relevante é o facto de Sebastián ser totalista nesta fase. Ao todo foram 540 minutos, mais coisa menos coisa (há os descontos de tempo), em que o jogador do emblema leonino foi utilizado nestas rondas, ou seja, a totalidade. O último jogo em que Coates cometeu uma falta – e foi mesmo só uma – foi à 15ª jornada, em casa do Boavista.
Com este texto, não pretendo de modo algum 'agoirar' o nosso capitão, pelo contrário.
Estatísticas de GoalPoint
Explicações:
Luís Neto (Sporting) 6.9 – O primeiro elemento do dérbi. O central português esteve muito sólido, numa partida em que o Benfica bem tentou chegar ao golo, mas esbarrou contra um trio de defesas muito concentrado. Neto foi o melhor dos três, terminando com dois duelos aéreos defensivos ganhos em três, seis desarmes e cinco alívios. Não tivesse desperdiçado uma ocasião flagrante e a sua nota teria sido bem mais alta.
Matheus Nunes (Sporting) 7.8 – Estreia e MVP da jornada. Matheus Nunes foi titular, no lugar de João Palhinha, e realizou uma exibição de grande nível, que merece destaque não só pelo golo decisivo, nos descontos, mas por muitos outros momentos de qualidade, que detalhámos num artigo dedicado – pode aceder aqui (link).
ADENDA
Onze do Sporting para o Marítimo: Adán; Gonçalo Inácio, Coates e Feddal; Porro, João Palhinha, Matheus Nunes e Antunes; Pote, Nuno Santos e Paulinho.
A GoalPoint Partners foi criada em 2014 com a finalidade de fornecer informação e análise estatística sobre o futebol e os seus protagonistas, tendo como destinatários profissionais do futebol, clubes, adeptos e mídia. Conta com a colaboração de especialistas em análise de dados para obter uma avaliação rigorosa e fundamentada do desempenho individual e colectivo dos jogadores durante um jogo ou um determinado período de tempo.
A GoalPoint procedeu à avaliação do desempenho da equipa leonina nos jogos disputados na Liga NOS em 2019-20. Para os jogadores de campo considerou, nomeadamente, as assistências, golos, remates enquadrados com a baliza, passes certos, cruzamentos, dribles eficazes, faltas sofridas, desarmes e duelos aéreos. Para os guarda-redes contabilizou, por exemplo, remates enquadrados defendidos, defesas a soco, saídas pelo ar eficazes e saídas pelo solo eficazes.
Na observação dos dados mais relevantes sobre os jogadores, a GoalPoint constata que Bruno Fernandes actualmente ainda contabiliza a influência directa ou indirecta em 41% dos golos do Sporting. Dos jogadores do plantel destaca os seguintes:
- Luciano Vietto assumiu-se como o elemento mais produtivo com 4 golos e outras tantas assistências, depois da saída de Bruno Fernandes. Esteve em 20 jogos. Rating 6,46.
- Marcos Acuña é o “patrão” do flanco esquerdo, na defesa ou na ala, conta com 2 golos marcados e 3 acções para golo, e a participação em 18 jogos. Rating 6,29.
- Sebastián Coates, após um início de época desastroso, estabilizou a produção defensiva e é um dos melhores marcadores com 3 golos. Alinhou em 20 jogos. Rating 6,01.
- Wendel destaca-se pela relevância no meio campo, pelas assistências e por 110 passes certos, o máximo na Liga desde 2014. Marcou 2 golos e esteve em 19 jogos. Rating 5,96.
É discutível a avaliação de Jérémy Mathieu, que surpreenderá muitos adeptos leoninos. Luís Maximiniano e Luís Neto conseguem um posicionamento muito interessante. Renan Ribeiro possui o rating 6,07, um dos mais elevados do plantel.
Já muito foi comentado sobre o jogo de ontem, mas, nas circunstâncias, é de prever que ainda há mais para dizer.
Em distinto contraste com a exibição de quinta-feira, frente ao PSV Eindhoven, o Sporting esteve muito mal em Barcelos, frente ao Gil Vicente.
O sistema de jogo implementado por Jorge Silas é bom e resulta, mas não sem dinâmica e intensidade. Posse de bola numa área recuada e muito limitada não leva a equipa aos golos que necessita para vencer jogos.
Não deixa de ser interessante que quarta-feira vamos ter a repetição do mesmo cenário, ou seja, a equipa leonina de visita a Barcelos. Teremos de esperar para ver se o jogo de ontem serviu de lição, tanto para os jogadores como para o treinador.
Os comentários de alguns leitores obrigam-me a alterar este post, porque, pelos vistos, na sua óptica, Bruno Fernandes terá cometido um crime capital com a sua apreciação aberta e honesta sobre a performance da equipa.
Eis o que o «capitão» teve para dizer no final da partida em Barcelos:
"Faltou personalidade e faltou atitude. Não estivemos no jogo. Deixámos que o Gil Vicente fosse sempre mais agressivo do que nós e conseguiram chegar primeiro às segundas bolas, às primeiras, criando mesmo mais oportunidades do que nós, o que é impensável.
O problema da equipa foi começar a segunda parte como começou a primeira, sem agressividade, sem intensidade, deixando que o Gil chegasse primeiro à bola, fazendo com que o nosso jogo se tornasse mais difícil.
Não há explicação 'para ir do céu ao inferno'. Agora é fazer a análise do jogo, que foi mau e pensar já no próximo".
_____________________________________
E, depois, ainda temos Vítor Oliveira, que nas suas declarações pós-jogo, indiferente se tem razão ou não com determinadas questões, demonstrou uma muito maior preocupação com o Sporting do que com a sua própria equipa:
"Sendo frontal, como sou, o plantel do Sporting fica muito longe do plantel do FC Porto e do Benfica. Tem alguns bons jogadores mas não tem muitos bons jogadores. Depois do que aconteceu na Academia vai demorar dois, três anos a recompor-se. Com poucos resultados a situação agrava-se. Mas o plantel do Sporting não é tão bom como os de Benfica e FC Porto. Daí a diferença pontual.
Se analisarem os jogadores de top, o Sporting tem muito poucos. Não é simpático dizer isto mas é a opinião de um homem do futebol. O Sporting precisa de melhores jogadores para ter melhores resultados. Pode mudar de treinador ou presidente mas o que precisa é de um plantel mais com mais reforços, como Benfica e FC Porto".
Eis o que Silas teve para dizer no final do jogo:
"Uma derrota é sempre penalizadora e até ao segundo golo tínhamos o jogo controlado. O primeiro golo é uma oferta nossa, que não pode acontecer a este nível. Levantámo-nos desse erro crasso, mas cometemos novo erro e sentiu-se muito a instabilidade emocional que reina nesta equipa desde o início da temporada.
Custa-nos muito reagir à adversidade, mas não podemos ser equipa só quando estamos a ganhar. Depois fica mais difícil dar a volta aos jogos. O nosso desafio é conseguir fazer com que um golo não nos mande abaixo da maneira como nos mandou.
Tem muito a ver com o cansaço físico e psicológico, que dá pouco tempo para recuperar e preparar os jogos. Tivemos muito controlo do jogo, mas podíamos e devíamos ter sido mais efectivos nas oportunidades. A partir do minuto oito da segunda parte deixámos de fazer aquilo que tínhamos combinado. Cada um passou a jogar à sua maneira e não há equipa que resista.
Gostava de dizer que íamos ganhar os jogos todos até ao final da época, mas eu próprio não espero jogos como o de hoje. Cometemos erros em lances aparentemente inofensivos e sofrer golos criados por nós fica mais difícil de explicar.
Como se trabalha a capacidade de reacção? Não é fácil, mas acho que se trabalha com vídeos e com muita bola. A bola dá-nos muito equilíbrio, mas quando começamos a ficar desequilibrados deixamos de ter bola e perdemos imensos espaços. Isso cria ainda mais apupos, desconcentração e instabilidade emocional. Depois tem a ver com a experiência dos jogadores e se calhar precisamos de pensar nisso".
***Só não estão contabilizados os dois penáltis que ficaram por assinalar contra o Benfica, assim como a não expulsão de Rúben Dias por agressão a Gelson Martins.
P.S.: Também não regista a choradeira monumental e murro na mesa de conferência de imprensa de Rui Vitória, o maior sonso da praça.
Em abono da verdade, também devia comentar a insuficiência de Jorge Jesus, mais uma vez amplamente demonstrada num jogo em que a equipa foi uma sombra daquilo que é capaz. Será que vamos ser subjugados a mais uma época do mesmo ou o presidente vai abrir os olhos, e a carteira, que não é a dele, para contratar um treinador ao nível das aspirações do Clube?
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.