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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
«Nunca vi tanta gente fora do estádio a acompanhar o autocarro da equipa. Uma hora e meia antes do jogo começar Alvalade já estava cheio. Foi lindo ! Quando fomos fazer o aquecimento sentimos claramente que a alegria do público era a nossa alegria também. Mesmo que jogássemos mal, os adeptos iriam bater palmas.
Vieram sportinguistas de todo o país. Na semana anterior tínhamos atingido o auge da festa depois do Benfica ter ganho ao Boavista na Luz. Naquele dia foi uma festa improvisada e inesperada. Esta, contra o Beira-Mar, não ! Deu para saborear cada milímetro de alegria. Por isso, para mim, a festa no estádio foi mais especial.
No balneário, os meus colegas dirigiram-se a mim e disseram-me, "este foi o teu ano ! Ainda bem que Deus te ajudou !" Eu não tinha palavras, "obrigado!" era a única coisa que conseguia responder. Rui Bento, Beto, Paulo Bento, Pedro Barbosa, Rui Jorge, João Pinto... todos ! Foram todos excelentes.
Eu cheguei ao plantel principal a meio da época. O Quaresma já lá estava. Fomos muito bem recebidos pelos mais velhos. Tivemos muita sorte ! Agradeço-lhes os conselhos que me deram nos treinos, as muitas vezes que me deram na cabeça... enfim, a paciência que tiveram comigo. Foi muito bom ! Podiam ter feito o contrário porque ceu não passava de um miúdo à procura do meu espaço. Talvez fosse mais fácil para eles ignorarem-me. Mas não.
Hoje posso dizer aos jogadores mais jovens que não tenham receio de treinar com o plantel principal do Sporting. Não pensem que os mais velhos andam lá de peito cheio. Não. Eles são os primeiros a dar conselhos. São pessoas normais.»
Do livro Estórias d'Alvalade por Luís Miguel Pereira.
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