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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Não vou entrar em questões pessoais relacionadas com companhias ou comportamentos educacionais, mas do ponto de vista da responsabilidade do Clube a situação é importante e obviamente o Sporting terá de averiguar e esclarecer todos os detalhes que envolvem o jogador.
Um incidente com um jogador, em que este é vítima de um disparo com arma de fogo, no período nocturno e no espaço público, tem de ser esclarecido, independentemente de com quem estava, quem disparou e se foi acidental ou não. E deve fazê-lo, não do ponto de vista punitivo, mas essencialmente do ponto de vista preventivo/formativo.
Independentemente do talento do jogador em causa, estamos a falar de um ser humano e quantos (felizmente em Portugal a realidade não é a mesma de outros países) não sofrem consequências irreversíveis de um momento fatídico?
Por mais imprevisível e involuntária que a situação possa parecer, ela ocorreu e deve ser motivo de alerta, sob pena de, se se voltar a repetir (com ele ou qualquer outro atleta), não ter o mesmo desfecho.
Texto da autoria de Leão do Norte
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Bruno Tavares já recebeu alta hospitalar, pelo que já recupera em casa. O departamento médico do Sporting acompanhou o caso desde o início e a monitorização da situação será continuada.
Bruno Tavares, recorde-se, é produto da formação. Chegou a Alcochete em 2012 e até este ano, quando fez 18 anos, residiu na Academia, uma medida utilizada com miúdos de bairros problemáticos, que tem sido bem sucedida – o caso de Nuno Mendes é um outro dos mais recentes. O extremo dos sub-23 é também uma aposta. Ao longo do percurso em Alcochete, o Sporting providenciou acompanhamento pedagógico e psicológico, como faz com todos os jovens residentes da Academia. Esta orientação continua vigente, mesmo junto dos que deixam de morar em Alcochete.
Nesta altura, embora a principal preocupação seja a saúde de Bruno Tavares, a promessa leonina poderá também ser alvo de processo disciplinar. É que o extremo tem contrato profissional e está obrigado a cumprir o regulamento interno. O caso será avaliado pela Direcção, que irá tomar as devidas diligências para apurar todos os factos, como acontece em qualquer situação que possa enquadrar-se como violação das regras.
Em conferência de imprensa, em Alvalade, Frederico Varandas comentou os incidentes que ocorreram recentemente no Estádio do Bessa e no Dragão Caixa, não deixando de também referir outros "cenários" directamente ligados ao futebol português:
"Estamos aqui porque em pouco mais de uma semana duas pessoas foram cobardemente agredidas em recintos desportivos. No Bessa, há cerca de nove dias, e no Dragão Caixa, há cerca de 48 horas. São episódios de violência física que nós repudiamos, combatemos e, sobretudo, que não queremos ver repetidos.
No episódio do Bessa, tivemos um elemento do Conselho Directivo que foi agredido por trás com murros na nuca. No Dragão Caixa, uma agressão miserável a uma senhora que foi esmurrada na face. Em ambos os casos, existe a particularidade de serem casos cobardes. É preciso existir uma matilha de cobardes, não chega um.
O que aconteceu não pode de modo algum ser esquecido, ignorado ou tolerado. Gente desta tem de ser banida dos recintos desportivos. Federações, Liga, conselhos de Justiça e Disciplina, Secretaria do Desporto não podem fingir que isto não aconteceu. Se as leis e regras existem, que haja coragem para as aplicar.
Sinceramente, não chega um telefonema pessoal para o presidente a pedir desculpa. Não chega um pedido de desculpa envergonhado. Ficámos à espera do que aconteceria depois do jogo do Bessa e, para além da nossa queixa-crime, nada aconteceu.
Recebi um telefonema de Pedro Proença a demonstrar solidariedade, mas é preciso uma reacção da Liga. Isto é um problema grave do desporto e o exemplo vem sempre de cima. Se eu não tiver bons comportamentos numa tribuna, como poderei então exigir bons comportamentos nos recintos desportivos? Não consigo. É preciso enfrentar o problema de frente.
Muito raro é o jogo em que não somos multados por um qualquer cântico insultuoso ao adversário ou pela utilização de pirotecnia. Existem multas para as claques, para os espectadores. E para estes senhores, o que acontece? Assobiamos para o lado?
É muitíssimo mais grave. Os agressores têm de ser banidos. Aqueles dirigentes que são cúmplices, têm de ser expulsos. Os clubes têm de ser responsabilizados. As federações têm de repudiar estes actos publicamente. O Estado tem de legislar e de ser co-responsável para criar condições para que isto não se repita.
Portugal é um Estado de Direito, mas o desporto não pode ser um território sem lei, sem justiça e sem decência. A gravidade do que aconteceu exige resposta ao mais alto nível institucional.
Vamos pedir uma audiência ao Governo, uma reunião com os presidentes das federações dos campeonatos e ligas onde o Sporting CP participa e propomos a formação de um conselho estratégico para a segurança geral no desporto. Não é apenas um problema do futebol, das modalidades, dos seniores, do futebol jovem, das claques ou das tribunas. É um problema de quem é responsável pelo desporto nacional.
No Sporting CP, e esta Direcção garante isso, todos os nossos rivais foram tratados com dignidade e segurança e é assim que vão continuar a ser recebidos. No nosso programa eleitoral estava um pilar chamado «zero tolerância, zero suspeição». Não estava escrito em vão porque acreditamos nos nossos valores. Enquanto Direcção, não governamos o Sporting CP preocupados com o nosso mandato, mas sim com o que o Sporting precisa.
O que desejamos veemente é que quem tutela as organizações com responsabilidade no desporto tenha a mesma coragem que nós e façam o que tem de ser feito para defender o desporto sem se preocuparem com mandatos e eleições. O problema da violência é grave e envergonha este País. Pode demorar tempo, mas o Governo português pode contar com o Sporting e a sua coragem, tanto internamente como externamente. Apelo à coragem de todos os que têm a responsabilidade de decidir no desporto e na Nação.
Aconteceram duas coisas... Estavam selvagens e cobardes em recintos desportivos, onde não deviam estar, e a segurança falhou, inequivocamente. E isso é da responsabilidade do clube que organiza o evento. Era positivo ver presidentes de outros clubes a tomar uma posição contra a violência no desporto. Garanto que o desporto português estaria muito melhor.
É preciso que as entidades com responsabilidade no desporto em Portugal digam o que têm a dizer. (...) Surpreende-me imenso o facto de o presidente da Federação Portuguesa de Patinagem não ter feito qualquer declaração pública. No Bessa, ninguém veio criticar publicamente. É preciso dar o exemplo, colocar o dedo na ferida.
É verdade que nos temos concentrado muito em questões internas como empréstimos obrigacionistas, o caso de Alcochete, as rescisões dos jogadores e a lamentável herança financeira que recebemos. Mas quero garantir que não vamos ignorar esse assunto.
Jogadores profissionais disseram em tribunal que foram aliciados para perder um jogo, o que não é surpresa para mim. Não vamos largar este caso até ao fim, porque temos a convicção que o Sporting CP foi prejudicado desportiva e financeiramente. Temos sérias convicções que ainda vem aí muita coisa".
Para ser sincero, nem sei o que pensar desta insólita situação. Fico com a sensação de que raro é o dia em que uma qualquer "bomba" não explode no Sporting, e esta, nas vésperas de dois importantíssimos jogos, é particularmente devastadora.
Antes de mais, devo esclarecer os leitores que à hora que escrevo este post, o único jornal disponível é o "A Bola", muito embora a notícia seja manchete em todos os diários. Transcrevo o mais importante, em síntese, do que é reportado pelo jornalista Hugo Forte:
- Jefferson foi castigado internamente e está a treinar-se com a equipa B depois de uma discussão com Bruno de Carvalho. Está fora das opções para o jogo com o Wolfsburg;
- Na origem do desentendimento está uma proposta que o Dínamo Kiev alegadamente apresentou ao Sporting em Janeiro, pelo jogador, no valor de 6 milhões de euros;
- Jefferson desconhecia a proposta, mas recebeu um documento que lhe garantia um salário na ordem 50 mil euros/mês - o dobro do que recebe no Sporting - caso os ucranianos avançassem com a proposta;
- No final do treino de segunda-feira, Jefferson quis falar com o presidente para tentar perceber as razões pelas quais o Sporting não o tinham informado da proposta do Dínamo de Kiev;
- Uma das versões que surge sobre o que aconteceu em seguida, é que Jefferson ficou bastante ofendido com a resposta e o tom de Bruno de Carvalho, enquanto que a outra defende a ideia de que o brasileiro entrou intempestivamente na sala onde se encontrava Bruno de Carvalho, dirigiu-se em maus modos ao presidente e ter-lhe-á chamado mentiroso;
- Na terça-feira de manhã o jogador apresentou-se na Academia e foi-lhe entregue um documento no qual estava expresso que, a partir daquele momento, estava suspenso dos trabalhos na equipa principal por tempo indeterminado, com a administração da SAD a alegar que Jefferson terá demonstrado "uma falta de confiança sem precedentes", razão pela qual passaria a treinar com a equipa B;
- Jefferson ainda tirou a foto oficial com a equipa principal e foi então treinar às ordens de João de Deus;
- O jogador procura agora aconselhamento jurídico para sua defesa ou tentativa de resolução do diferendo;
- A instauração de um processo disciplinar por parte da SAD, está a ser ponderado;
- Bruno de Carvalho fez questão de explicar ao grupo de trabalho o sucedido e a razão pela qual o jogador tinha sido afastado da equipa.
Jefferson está definitivamente afastado do jogo de quinta-feira, e salvo uma reviravolta muito inesperada, também da visita ao Dragão. Uma situação deveras insólita e que poderá ter um impacte negativo na equipa, muito além de não se poder contar com a contribuição desportiva do jogador.
Por não termos conhecimento de causa e confirmação das circunstâncias do caso aqui divulgadas, não vamos adiantar qualquer opinião neste momento. Uma única coisa é certa: com ou sem razão, Bruno de Carvalho mostrou-se mais uma vez intransigente e com mão pesada numa situação conflituosa e perante aquilo que ele terá considerado uma atitude desrespeitosa para com a sua pessoa.
Em análise final, isto é precisamente o que o Sporting menos precisava nesta altura crucial da época.
Poucos portugueses, no país e fora fronteiras, não terão visto as imagens televisivas dos incidentes que ocorreram no domingo passado no Dragão, pela saída, ou tentativa de saída, dos jogadores do estádio após a derrota às mãos do Estoril. Nomeadamente aquelas que mostram um segurança do clube do Norte a desrespeitar a autoridade policial e inclusive dar um empurrão a um agente da PSP. A primeira ideia que me surgiu ao assistir à cena, foi que em muitas partes do mundo aquele segurança só sairia do local algemado e... talvez até não ficasse por aí. Em qualquer país civilizado o acto é considerado uma agressão com pena potencialmente severa. Neste caso concreto, aconteceu em Portugal e envolveu o FC Porto, clube que há longo age como que imune às leis e frequentemente como autoridade própria.
A Polícia de Segurança Pública informou que vai participar os incidentes às "autoridades competentes", com fundamento nos relatórios que os agentes que estiveram no local irão fazer. Na base das queixas da PSP estão os empurrão/empurrões de um elemento da segurança a um elemento da força policial, assim como a desobediência do clube a uma ordem da PSP, quando esta força policial disse para os jogadores sairem por um lado alternativo.
Sempre rebelde a tudo quanto é autoridade, Pinto da Costa argumenta que "não aceitámos que a Polícia nos quisesse obrigar a ir em sentido contrário do trânsito, em contramão, para não passarmos junto dos adeptos."
É por de mais óbvio que a preocupação primordial do presidente do FC Porto centrou-se exclusivamente na condução de veículos "em sentido contrário e em contramão". Ainda vai ser condecorado por este seu acto de consciência para com as regras de condução !
De qualquer modo, sabendo o que "a casa gasta", vou esperar sentado à espera de qualquer condenação aos dirigentes e funcionários do FC Porto que participaram neste incidente.
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