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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Jesualdo Ferreira deixou mesmo uma mensagem a Pedro Porro: "Era escusado fazeres isso",
Jesualdo Ferreira e o Sporting
Jesualdo Ferreira foi dispensado das suas funções de treinador do Sporting poucas horas após a vitória em Aveiro sobre o Beira-Mar (4-1), na última jornada do Campeonato Nacional disputada em 19 de Maio de 2013. Apesar do contrato com os leões expirar apenas a 30 de Junho, Virgílio Lopes informou-o de que estava dispensado de realizar o seu trabalho como técnico. O manager-treinador já estava à espera dessa decisão, e ele próprio não queria continuar em funções pois, tendo sido contratado por Godinho Lopes, Bruno de Carvalho era o novo presidente. Não desejava continuar porque percebeu que não havia lugar para ele na nova estrutura do futebol sportinguista.
O professor assumiu o comando técnico da equipa num jogo em Olhão em 13 de Janeiro, que terminou com a vitória leonina por 2-0. O Sporting estava num aflitivo 12º lugar na classificação do Campeonato, apenas um ponto acima da linha de despromoção, e terminou no 7º lugar. Quando foi “despachado” já não teve a possibilidade de estabelecer contacto com os jogadores no interior da Academia de Alcochete, por não ter acesso à zona do balneário. Aliás, circulou a informação de que o técnico teria sido impedido de aceder ao local para se despedir do plantel. Na altura, fonte do Clube citada pela Lusa, revelou que a decisão da saída de Jesualdo foi comunicada aos jogadores por Virgílio Lopes.
Jesualdo saiu com dignidade e de cabeça bem levantada, não se queixando, mas, antes, felicitando-se por ter trabalhado em Alvalade. “Era fundamental ter um entendimento total sobre os meios e o tempo que tínhamos para concretizar o projecto. Ao tomar esta decisão, tomo-a com tristeza, mas é um acto de honestidade para o Sporting e para comigo. Aprendi a gostar do Sporting. Foi uma bênção de Deus ter conhecido o único clube grande que ainda não conhecia e foi um prazer trabalhar com os jogadores”, afirmou numa última declaração aos jornalistas sem direito a perguntas.
1 - Há razões para acreditar que vamos ter um campeonato competitivo, a avaliar pelas primeiras jornadas disputadas, embora seja sempre com reservas que se faz este tipo de afirmação, porque o período em análise é curto, mas são bons os indicadores. Imagino que ontem, em Vila do Conde, os jornais tenham vendido bem. Este início do Rio Ave, três jogos, três vitórias, é um registo excelente, de uma equipa que mudou de treinador, tem alguns jogadores novos, fez boas vendas, mas não alterou a filosofia na competição: jogar para ganhar sempre. E este Rio Ave teve, até agora, um início irrepreensível, num campeonato que não me parece que venha a ter novidades ao nível das candidaturas ao título, porque o Braga não tem ainda os seus processos bem definidos e o V. Guimarães procura reencontrar e solidificar o bom caminho que percorreu na época passada.Na busca de processos e na procura de reencontrar os caminhos perde-se tempo que é precioso na luta por um título que impõe regularidade. Porque têm outras armas mesmo quando não partem confortáveis, os tradicionais grandes não lutam com este tipo de problemas, mas também têm engulhos...
2 - O Sporting não fez grandes resultados na pré-época, o que não é importante, mas é bom fazê-los. Ainda à procura de uma identidade, tem tido algumas dificuldades em vencer e na Liga dos Campeões não teve o melhor resultado, frente a um Steaua que é atrevido, que vai ser ousado no jogo da segunda mão, mas, ainda assim, acredito que o Sporting vai passar porque tem armas para isso e tem melhor futebol, logo está mais perto de vencer. À procura de uma identidade também se perde algum tempo, era a isso que me referia quando falava de alguns engulhos, mesmo para quem tem armas importantes. O Sporting continua a lutar ainda com a (in)definição final do plantel e que envolve jogadores importantes como William ou Adrian. Não é bom e não é confortável para o treinador. Também há indefinição na Luz, principalmente na defesa, mas a máquina ofensiva que é o Benfica dá para disfarçar muita coisa. E tem uma figura, inquestionável. Seferovic foi uma excelente aquisição, não engana. É um jogador que facilmente se encontra com os golos, para lá do entendimento que possa ter com Jonas ou com outro qualquer companheiro. Ele é ponta de lança, homem-golo.
3 - É de outro ponta de lança que aqui falo agora: Aboubakar. É um regresso que tem de se saudar. Quando partiu, fê-lo sem poder demonstrar aquilo que já parecia ser, um bom ponta de lança. Tem faro pelo golo, é combativo, forte e trabalhador, um jogador como este FC Porto precisava. Curiosamente, nos méritos deste FC Porto toda a Comunicação Social vai atribuindo responsabilidades ao treinador. É interessante que assim seja, e é justo também, porque Sérgio Conceição soube dar uma volta num plantel que parecia perdido e que está a ser uma das revelações deste início de época. Tenho a certeza de que Sérgio Conceição gostaria de apresentar uma lista de reforços, teria sido bem mais confortável para ele, mas acredito que as limitações que lhe foram impostas por razões que todos conhecemos o obrigaram a dar ainda mais de si próprio, a puxar também pela imaginação. Os jogadores dão o melhor de si, vê-se que estão motivados e que jogam com alegria, e isso também tem a ver com o treinador.
Autor do texto: Jesualdo Ferreira
RECORD – Surpreendeu-o a forma como Rui Vitória foi campeão no Benfica?
JESUALDO FERREIRA – Terá surpreendido muita gente, ele próprio poderá ter ficado surpreendido, mas ele e o Benfica foram campeões de forma meritória. É uma pessoa tranquila, soube ter um discurso de apaziguamento e aglutinação. À medida que o tempo correu, fui percebendo que estava ali um treinador com mãos, com unhas, como se costuma dizer.
R – Foi uma grande vitória de Rui Vitória e uma grande derrota de Jorge Jesus?
Depois de se sagrar campeão nacional e vencer a Taça do Egipto com o Zamalek, Jesualdo Ferreira rumou ao Al Sadd, clube mais importante do Qatar, mas sem esquecer o futebol português. Em entrevista a Record, o antigo treinador do Sporting- entre muitos outros - teve isto para dizer sobre Eric Dier:
Record - Foi o primeiro treinador a colocar Eric Dier a jogar a médio, logo num jogo com o FC Porto. Vê-lo chegar à Selecção inglesa, e a jogar como médio no Tottenham, dá-lhe algum prazer especial?
«Claro que dá! Aliás, já me disseram que eu fui capaz de ver uma coisa que era óbvia. Não sei se era óbvia ou não, mas foi essa a minha ideia, a minha convicção, e estou muito feliz porque seja a médio, a central ou a lateral, é um grande jogador, uma grande personalidade, é um jovem em crescimento, tem uma atitude competitiva acima da média. Vai ser um grande senhor no futebol. Foi um orgulho trabalhar com ele. Foi um dos momentos de maior qualidade de trabalho que pude produzir.»
Apesar da "pedra no sapato" que ainda tenho pela precoce saída do Eric do Sporting, continuo a acompanhar a carreira do jovem e tenho ampla razão para estar satisfeito com a sua evolução, tanto como um elemento importante do Tottenham Hotspurs como da selecção inglesa.
Reconheço, no entanto, que se a opinião de Jesualdo Ferreira originasse com o melhor treinador deste Planeta e arredores, teria muito mais peso e impacte. Como as coisas estão, terei de me satisfazer com o parecer de um técnico que, mesmo sendo "inferior", já lidera equipas de futebol há cerca de 40 anos.
E... deixo desde já o alerta aos usuais "aficionados", que é inteiramente fútil evocar a velha e já desgastada história da cláusula dos 5 milhões e afins, sempre que eu escrevo algo sobre Eric Dier. Que, aliás, continuarei a fazer, sempre que haja causa e oportunidade para o efeito.
O afastamento de Carrillo é uma atitude que prejudica o Sporting e as estratégias têm de ser assumidas por Bruno de Carvalho, ele é que é o presidente. Não sei se houve alguma conversa entre o treinador e o presidente para se medirem as consequências. O presidente de um clube tem o poder decisório que um treinador não tem. Ele vai ter de assumir responsabilidades.
O Benfica perdeu pontos onde não se estava à espera, mas ainda há uma meia dúzia de jornadas disputadas, ainda não se podem tirar conclusões. O FC Porto e o Sporting em 1.º e o Benfica a 4 pontos não é bom, os benfiquistas não estão a gostar nada depois de terem sido campeões, mas não é ainda motivo para ficar alarmado. Já o Sporting, depois de uma eliminação na Liga dos Campeões e de uma derrota na Liga Europa, estar em 1.º é um incentivo e um apoio moral.
Jesualdo Ferreira em declarações à Rádio Renascença, depois de ter ontem conquistado a "dobradinha" pelo Zamalek, no Egipto.
«Pelo passado recente, o FC Porto estar em terceiro lugar não é uma situação normal. O Sporting entre os três do pódio é normal. Mas não estou surpreendido com a carreira do Sporting. Trabalhei lá, sei que é um clube forte, que tem coisas fantásticas. Em relação ao clássico, o Benfica pode ter alguma vantagem, por estar a jogar fora e ser uma eliminatória a duas mãos e uma potencial decisão é na Luz. Sobre o campeonato, é o Benfica que vai na frente, tem sete pontos de vantagem sobre o Sporting. Joga melhor umas vezes, outras nem por isso. A classificação reflecte o que tem sido o rendimento das equipas, isto com a discussão dos árbitros à parte.»
- Jesualdo Ferreira -
Observação: O veterano treinador que é um dos principais convidados no Fórum de Treinadores de Futebol e Futsal, em Maia, onde também se encontra Leonardo Jardim. Esteve pouco tempo no Sporting mas deixou a marca da sua classe e, segundo o próprio, tem boas memórias do clube, não obstante o eventual desfecho da época e a sua saída.
«Recebi uma proposta do Sporting para continuar, mas entendi que não estavam reunidas as condições necessárias para tal. E isso tem a ver com o trajecto que fiz no clube, pois quando entrei o presidente era Godinho Lopes e depois houve eleições, verificando-se mudanças. Aliás, no meu contrato havia uma cláusula a salvaguardar essa questão. Entrou Bruno de Carvalho para a presidência e eu concluí que dificilmente a estrutura criada iria prosseguir. Portanto, entendi que era melhor para mim e para o Sporting que nos divorciássemos.»
- Jesualdo Ferreira -
Observação: Não era minha intenção revisitar esta temática, mas pelas declarações do Professor em entrevista à RTP, esta terça-feira, era difícil de ignorar. Aliás, Jesualdo Ferreira não disse nada de novo e até se compreende que nunca divulgaria os detalhes do que se passou na altura. Limito-me a reiterar a minha posição desde o primeiro dia: concordei com a contratação de Leonardo Jardim mas gostaria que o Professor tivesse ficado na estrutura, porque só beneficiaria o Sporting. Dito isto, também compreendo que dado a presença de Augusto Inácio, não havia espaço e até era inconveniente para as duas partes.
São reportadas condições "climatéricas" muito adversas no Norte do país, nomeadamente "ventos" muito fortes que estão a afectar severamente as cidades do Porto e Braga, provocando o subito "levantamento" de algumas figuras do "milieu" futebolístico.
Já joi noticiado que António Salvador e o professor Jesualdo Ferreira chegaram a um acordo para a rescição amigável do contrato que ligava o técnico ao clube minhoto até 2016. Nenhuns nomes foram ainda adiantados para preencher o cargo.
Mas o"olho do furacão" está centrado para os lados do Dragão, causando até com que a equipa portista sentisse enormes dificuldades em saír do estádio, após a derrota às mãos do cada vez mais surpreendente Estoril Praia. Segundo a RTP, Paulo Fonseca já colocou o lugar à disposição e há elementos da SAD portista a exigir a sua saída imediata. Parte desta mesma "onda brava" da maré informativa, surge o nome de Marco Silva para assumir a liderança técnica da equipa do FC Porto. Quem terá uma palavra fundamental nesta alegada operação é a Direcção do Estoril, obviamente, que, havendo lógica, não quererá perder o seu treinador numa fase tão crucial da época e, muito em especial, face ao sucesso deste em colocar o clube em uma excelente posição para uma posição europeia na próxima época. Neste momento, pelo termo da 20ª jornada, o Estoril situa-se em 4º lugar, com 36 pontos, 6 atrás do 3º FC Porto, a 8 do 2.º Sporting e a 10 do líder Benfica, que só jogará esta segunda-feira.
Aguardaremos uma maior acalmia nesta zona do país, com a certeza, porém, que esta "tempestade" não afectará o centro do pais, nomeadamente a região da capital.
A propósito do debate em curso esta semana entre sportinguistas - e possivelmente até benfiquistas - sobre qual o jogador que vai desempenhar a posição de trinco no embate com o Benfica, na ausência de William Carvalho, o titular na posição esta época.
A definição clássica indica que «o trinco ou médio defensivo que tem a missão de fazer a ligação entre a defesa e o ataque, é inserido ora no grupo defensivo, ora no grupo do meio-campo, já que faz a "ponte" entre ambos, participando activamente em ambos papéis. Funciona como responsável pela marcação dos médios-de-ligação do adversário, anulando as jogadas ofensivas contra a sua equipa, e como um distribuidor do jogo de contra-ataque. Deve ser um jogador com boa capacidade de marcação mas com algumas qualidades ofensivas, para partir para o contra-ataque. Normalmente é um jogador de boa qualidade técnica. Ainda, aquele que ocupa a zon frontal aos centrais, podendo ser considerado também como um central em determinadas situações de jogo ou pelo impedimento de um deles.»
Por mera coincidência, o professor Jesualdo Ferreira abordou este exacto tema esta semana, e sem entrar em detalhes, adiantou a sua versão de modo simples mas concreto: «Isto dos trincos tem muito que se lhe diga. Os médios-defensivos nas boas equipas são aqueles que têm uma grande leitura do jogo ofensivo na primeira divisão.»
Não sei se ele se refere à primeira divisão portuguesa se a uma qualquer primeira divisão, mas achei interessante esta sua abreviada explicação da posição, em termos que fazem sentido mas que não surgirão, necessariamente, à mente de todos os adeptos. O professor ainda afirmou, palavras para o efeito, que as análises sobre a execução de trinco/médio-defensivo depois são sempre fáceis, mas já o mesmo não pode ser dito da tomada de decisão em um qualquer momento do jogo.
O debate continua, contudo, não será exagero algum adiantar que a maioria de sportinguistas já "elegeu" o jovem Eric Dier para a posição. Dito isto, Leonardo Jardim, tendo a palavra final, poderá sempre surpreender tudo e todos, até o adversário.
A recém-entrevista que o professor Jesualdo Ferreira concedeu ao jornal «Record», em que a sua passagem pelo Sporting mereceu destaque. As considerações de maior interesse para sportinguistas:
"Treinar o Sporting foi um grande orgulho que fechou um ramo para quem esteve à frente de todas as grandes potências do futebol português.»
«Não sei se a experiência do Sporting foi a mais difícil da minha carreira. Fizemos um trabalho espectacular que me deu um gozo enorme e um prazer muito grande. Lamento não ter chegado onde os adeptos desejavam e nós também, mas todos devem perceber que, apesar de tudo, a situação podia ter sido mais grave para o Sporting se, em determinada altura, não se tivesse mudado o rumo que estava a ser traçado.
«Vamos construindo a nossa vida com os momentos bons e maus. Acho que, no Sporting, houve muita gratidão por parte de uma larga maioria dos jogadores e isso vou levar comigo para sempre. É o melhor bocado que levo do clube. Isso e o carinho da massa associativa.»
«O carinho dos jogadores do Sporting obrigaram-me a pensar quanto à minha continuidade no clube. Reconheço, de cada vez que a questão do meu futuro se colocou, que a relação com o plantel pesou no entendimento que fui definindo sobre o papel a desempenhar no clube. Tenho de reconhecer que sim.»
«Bruma, para lá do talento tem uma virtude extraordinária: gosta de jogar futebol. E essa é uma qualidade que define os grandes. O Bruma gosta de jogar, aprende com facilidade e tem uma capacidade fantástica de apropriação das coisas. Tacticamente revelou evolução tremenda nos últimos tempos. Ainda lhe falta muita coisa mas tem prazer pelo jogo; trabalha para a equipa como poucos e revelou agora um clique para a sua evolução. No fim das cavalgadas já tem capacidade para serenar e definir a assistência ou fazer ele próprio o golo. Nos tempos em que estive com ele, a percentagem de lances bem concluídos era menor. Quando consolidar tudo será um fora-de-série. Agora o sucesso não vai depender só dele, mesmo parecendo condenado a ser um futebolista do topo internacional.»
«Com argumentos e estilos diferentes, o Eric Dier também vai ser um craque. É o jogador do futuro e chegará, fatalmente, muito longe. Também ele tem carácter e prazer em fazer bem as coisas. Há outros que, também talentosos, têm outros interesses tão importantes quanto o futebol e não se focam tanto naquilo que é importante para a profissão. Muitos ficam pelo caminho.»
«A minha ligação ao futebol será eterna. E pode prosseguir noutras funções.»
Com tudo o que o professor Jesualdo Ferreira já ofereceu e ainda tem para oferecer ao futebol, só posso lamentar que as partes não tivessem consolidado pareceres quanto ao futuro do futebol do Sporting, a fim de permitir a sua continuidade na estrutura da SAD, mesmo com a presença de Leonardo Jardim. Dá para imaginar o que poderia ser !
A há muito esperada saída de Jesualdo Ferreira foi ontem oficializada e o professor leu a seguinte declaração, curiosamente, sem direito a perguntas:
"Foi uma decisão tomada com tristeza, mas um acto de honestidade para com o Sporting e para comigo. Não poderia aceitar ser treinador para o próximo ano se não sentisse que houvesse condições para, no futuro, não me sentir a mais. Ao contrário do que disseram, não foram questões financeiras ou de poder que me afastaram, mas antes aquilo que fui percebendo ao longo de duas conversas com o presidente, e uma terceira, a 9 de Maio. Precisava de saber os caminhos para poder chegar ao sucesso, porque não queria ficar com mais medalhas no meu peito: ficar e, no ano seguinte, olharem para mim e verem-me como um indivíduo a mais. Também aprendi a gostar do Sporting e não é difícil. Senti um carinho especial a aumentar à medida que aumentavam as dificuldades. Quero deixar um muito obrigado e dizer que foi um prazer, uma bênção, ter treinado o Sporting e poder conhecer por dentro o único grande que não conhecia. Foi um prazer trabalhar com jogadores de grande qualidade e empenhamento. A instituição Sporting, por mais que viva, nunca a vou esquecer."
Com a classe e dignidade que lhe são reconhecidas, evitou a especificidade das condições que lhe foram apresentadas e que ele entendeu não satisfazerem a sua visão do futebol do Sporting e o que seria necessário para poder continuar a liderar a equipa leonina. Não é preciso ser um sábio para determinar que Jesualdo Ferreira foi percebendo ao longo das conversas com o presidente-adepto - que ontem deu uma volta ao estádio Municipal de Aveiro como um "César" vitorioso - que não era desejado em Alvalade pela nova liderança e que a proposta que lhe foi apresentada intentava a sua recusa.
Por fim, recorro à eloquente narrativa do nosso leitor António - escrita antes da decisão anunciada - que descreve objectivamente e com precisão o estado das coisas:
«"O treinador será mais uma peça de uma máquina que tem de funcionar em pleno, uma peça importante evidentemente, mas nunca um ser genial e providencial a quem se pede que resolva todos os problemas da equipa e, por vezes, até do próprio clube."
Nesta afirmação de Bruno de Carvalho há uma revelação subliminar: é ele próprio que se considera salvador do Sporting, constituindo a sua pessoa a genialidade, o saber, a competência, em suma, a iluminação que irá resgatar o nosso clube de todos os seus males. Por essa razão, não resistiu a cortar com o passado recente, mesmo nos seus aspectos positivos, e recomeçar tudo de acordo com o seu plano e convicção. Quando exalta o presidencialismo é isso mesmo: o poder concentrado na sua pessoa iluminada. Imagina-se um "Pinto da Costa" mas não conhece nem a milionésima parte da missa. Uma pessoa assim não será capaz de trabalhar em equipa, ao contrário do que quer fazer crer.
Dir-se-á que foi eleito. Verdade. O problema é que ele não tem um "saber de experiência feito". E isso é fatal para o seu presidencionalismo. Pior, será terrível para o Sporting, que é o que verdadeiramente interessa.»
O extremar de opiniões após a conferência de imprensa de Jesualdo Ferreira em que oficializou a sua saída do Sporting:
"Obrigado por tudo professor e saúde boa. Há gente que lamenta... que tem pena... quem tem pena morre depenado ! O próximo treinador é um nome bem ponderado por gente que julgamos e achamos competentes para liderar o Sporting, por isso, muda-se a página e apoia-se quem vier."
* Adepto: Opiniando
"Em Dezembro o Inácio é o treinador, isto é o que ele quer. Desde que saiu do Porto andou sempre a mandar farpas ao Sporting e agora ludibriou o presidente e correu com o JF, que estabilizou o clube e estava a fazer um excelente trabalho. Vamos continuar com a sina do costume. Fora com o Inácio !"
* Adepto: Lougreen
"Que CV? Estou curioso ! Este homem conseguiu fazer dois grandes portugueses não irem às competições europeias... ou vocês comem muito queijo ? Muito obrigado por aquilo que fizeste no Sporting mas sinceramente qualquer nabo conseguia não se qualificar para a Europa, sejam realistas !"
* Adepto: Zecafigos
"Confirmado. Não me enganei. Escrevi-o em comentários. Não confio nas decisões destes dirigentes do Sporting. Esta decisão de não dar nem criar condições para Jesualdo fazer o que tão bem sabe, para ele ajudar a salvar o clube, é uma decisão anti-Sporting que prejudica objectivamente o Sporting."
* Adepto: Atalaião
Perante isto, limito-me a recorrer a uma das minhas frases favoritas: «Por ironia do destino a Árvore chorou quando viu que o cabo do machado era feito de Madeira"... e vai continuar a chorar !
Na conferência de imprensa de antevisão ao último jogo da época oficial frente ao Beira-Mar, Jesualdo Ferreira confirmou que vai acompanhar a equipa ao Brasil e que, em princípio, será esse o seu último desafio na liderança técnica do Sporting. Sobre a sua situação, proferiu as seguintes palavras: "Vou pôr a pratos limpos quando eu entender. Os timings são marcados por mim e pelo Sporting. Houve uma proposta do Sporting para eu continuar e terá de haver uma resposta que tem de ser pública, mas que vocês devem ter compreendido que está mais do que feita internamente. Gostaria de salvaguardar os compromissos que assumi."
Fico satisfeito por saber que Jesualdo Ferreira se compromete a tornar público o desfecho das negociações da sua renovação contratual que, como ele indica, esclarecidamente, levaram a que uma decisão já tivesse sido tomada internamente pelo Sporting. Se existiam dúvidas, fica agora bem claro, de uma vez por todas, que Jesualdo Ferreira não continuará em Alvalade.
Já aqui escrevi, repetidamente, que era de esperar que a sua visão sobre o que deve ser o futebol do Sporting difere significativamente da do presidente e de Augusto Inácio. Limito-me a estes dois porque se desconhece quem mais poderá ter participado neste processo. Reitero o que acredito, e continuarei a acreditar, até provas em contrário, que os novos líders do Clube nunca quiseram Jesualdo Ferreira e viram-se forçados a oferecer-lhe uma proposta de renovação pelo seu bom trabalho à vista e pelo enorme apreço por parte dos jogadores e da vasta maioria de adeptos. Essa proposta que lhe foi apresentada foi maquinada de forma a provocar a sua recusa, satisfazendo, portanto, os maiores desejos da chamada estrutura leonina e, em simultâneo, dar ampla munição para a miltante falange de Brunecos poderem propagar a contenda à conveniência, alías, como já andam a fazer há diversos dias. No final das contas, continuamos com a constante mudança de treinadores - agora até aqueles que fazem um bom trabalho - e a "nação" sportinguista continua como tem estado de há uns tempos a esta parte: dividida.
Mesmo sem haver qualquer comunicado oficial para o efeito, é por de mais evidente que existe um grave impasse nas conversações entre Jesualdo Ferreira e Bruno de Carvalho, num primeiro momento, e, mais recente, com Augusto Inácio, sobre a continuidade do técnico em Alvalade. Vindo do Correio da Manhã vale o que vale, mas o jornalista Nuno Miguel Simas cita uma "fonte" directamente:
"Jesualdo Ferreira pediu para se alterar a estrutura da SAD. Com essas exigências, o Sporting é que teria de se encaixar nas pretensões dele e não o contrário. O presidente tem a estrutura montada com Inácio e Virgílio, e ele queria um modelo diferente. Jesualdo esticou demais a corda, o presidente não cede a pressões e muito dificilmente haverá retorno. Com Bruno de Carvalho, são pessoas que têm de se encaixar no modelo e não o modelo a ter de se adaptar ao que as pessoas querem. Jesualdo queria ficar com os plenos poderes que tinha no tempo de Godinho Lopes como manager. Agora é outro tempo. Esta semana ainda deverá acontecer mais uma reunião entre Jesualdo e Bruno de Carvalho, mas as posições estão muito distantes. Se não ceder, Jesualdo sairá no final da época."
Este cenário faz lembrar o treinador - e há muitos do género - que desenha o sistema de jogo da equipa ignorando as características dos jogadores à sua disposição e depois exige que estes encaixam nesse sistema, quer resulte quer não. De qualquer modo, nada nestas revelações surpreende por que uma leitura compreensível das circunstâncias, desde o primeiro dia, permitiu tirar estas ilações sobre as visões diferentes que as partes pretendem para o futebol do Sporting. Confirmando-se a veracidade da informação da "fonte", é óbvio que os principais actores estão a preparar o terreno para a saída de Jesualdo Ferreira e temendo a reacção dos adeptos - salvo os Brunecos, claro - pretendem fazer o "casting"" do professor como o mau da fita. E a estratégia resulta em pleno, com alguns, a exemplo destes comentários à reportagem:
«Considero-o um bom técnico. Experiente, conhecedor e pouco afecta que lá dentro o coração bata por um rival. Um profissional é superior a isso. MAS não pode ser superior aos interesses do Clube. PODE sair já HOJE.»
«Teve muito tempo para deixar o Sporting no verde da classificação, quem não é do Sporting, fora do clube. Em querer seguir os métodos de Godinho, disse tudo!»
«Vai-te embora Jesualdo! Conseguiste fazer o impensável, deixar o clube na pior classificação de sempre. Fizeste um bom jogo com o Benfica. Tudo o resto foi uma miséria. Obrigado e até nunca mais, não deixas saudades!»
«Ou seja, o Sr. Professor quer se colocar acima de toda a gente no Clube. Quer que o Presidente, eleito com cerca de 10.000 sócios, altere o seu programa, sufragado por esses mesmos sócios, para o acomodar. Tá bem tá."
A campanha eleitoral há longo que terminou, mas a mesma finória estratégia continua em voga e convence os incautos. Mais (menos) não era de esperar. As palavras chave de tudo isto: "estrutura" - "programa" - "modelo" - "não ceder a pressões" - "seguir Godinho" - "agora é outro tempo". Ainda nada de concreto se viu, mas a propaganda é infinita !
Sem abordar, directamente, a questão das negociações aparentemente em curso sobre a sua renovação contratual com o Sporting, será que esta sua frase, proferida hoje na conferência de imprensa, tem significado especial nesse contexto ?
" A minha perspectiva pessoal é de que se evoluiu, mas ficamos longe do esperado, pois não houve tempo para mais e há uma relação directa. O Sporting tem de constituir um alerta, tem de dar um passo firme em relação ao futuro. Tem de haver vontade e condições. Ficar constantemente em quarto ou terceiro, ou uma vez em primeiro parece bom mas não é, acidentes acontecem e o Sporting ao cair nesta posição tem de fazer uma avaliação para que não volte a cair nisto."
Pelo menos para mim, esta sua consideração faz perfeito sentido, mas será que reflecte o raciocínio da nova liderança do futebol leonino ?... Esta é a questão que está sobre a mesa e que requere definição urgente. Cair num poço para depois recuperar elevação poderá não viabilizar o futuro que se deseja e que o Sporting, pela sua grandiosidade, merece.
Na conferência de imprensa de antevisão do jogo com o Olhanense, Jesualdo Ferreira começou logo por avisar os jornalitas que não responderia a quaisquer perguntas sobre as suas negociações com o Sporting. Acho que fez muitíssimo bem, indiferente do que está a ocorrer e especialmente face às manchetes de hoje do Record.
Com ou sem fundamento, é mais uma tentativa de provocar tumulto sensacionalista na véspera de um jogo. Muito em breve teremos conhecimento dos factos e poderemos então apreciar o estado das coisas.
O mais importante do momento foi a confirmação de que o técnico tem toda a equipa à sua disposição salvo Rinaudo, por suspensão, e o jovem Eric Dier que continua em tratamento pela lesão na costela que sofreu no jogo com o Benfica.
Não me vou alongar em comentário - pela inexistência de factos confirmados - mas não deixa de ser preocupante que os três periódicos desportivos surgem hoje a reportar que Jesualdo Ferreira está perto da saída. Supostamente, pelo seu descontentamento com o enquadramento que até agora lhe foi apresentado ao que concerne a estrutura hierárquica - nada que não se tenha previsto - e o plano directivo e desportivo.
Reconheço que é algo ingrato publicitar informações não confirmadas, mas há uma simples indiscutível verdade: Jesualdo Ferreira ainda não renovou o seu contrato, situação que na opinião da vasta maioria de sportinguistas já devia ter sido resolvida para dar paz e tranquilidade ao grupo e até à própria SAD e permitir a sua colaboração na preparação da próxima época.
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