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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Este livro de José do Carmo Francisco já foi publicado há uns bons anos, mas permanece em mim o gosto de voltar a pegar nele para me emocionar com as suas páginas carregadinhas de poesia e de memória. É um livro sobre todos nós, os sportinguistas, e para todos aqueles que, gostando do futebol, também consideram que “a distância da bola ao coração / é tão pequena como um grão de nada” (J. C. Francisco). Nele, a história do Sporting e dos nossos ídolos constituem a matriz referencial. Afinal de contas, o livro alimenta (e acrescenta) em cada um a vontade e o prazer de ler (e conhecer) sobre o clube de Stromp, Jorge Vieira, Peyroteo… e de Jesus Correia, Vítor Damas, Pedro Barbosa e tantos outros!
A propósito do livro e da sua memória mais antiga de leão, José do Carmo Francisco escreveu: “Realizei o meu sonho de criança quando na minha aldeia natal (Santa Catarina) ia atrás do carteiro para ler em primeira mão o jornal do Sporting logo que a D. Teresa ou o senhor Josué lhe cortassem a cinta de papel que o envolvia.” Imagino que foi então que no poeta se começou a construir a emoção das palavras quando se revelavam no sonho a magia de um pontapé de fora da área ou o malabarismo de um toque de calcanhar por atletas vestidos de verde e branco.
Desta belíssima obra, recordo o poema que foi dedicado a Pedro Barbosa, jogador cujo virtuosismo está na memória de quase todos de nós, ele que reinventava em cada jogada o gosto mais antigo pelo futebol enquanto forma de arte que sempre nos maravilhou e fez sonhar !
Pedro Barbosa (com o número 8)
Desenhas o teu jogo com um compasso
Com desprezo do esforço e do excesso
Onde não há, tu inventas novo espaço
Levando a bola até onde já não a meço
Tão veloz que não permanece na retina
E apenas surge no golo em conclusão
Afagas a bola numa ternura repentina
Como se de repente o pé tivesse mão
“Feito num oito” fica quem tu enganas
No drible mais inesperado e imprevisto
Em vez de dias tu permaneces semanas
Na memória de quem fez o seu registo
Tu não és o altivo artista mas o artesão
E se jogas sempre de cabeça levantada
É porque a distância da bola ao coração
É tão pequena como um grão de nada
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